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Biblioteca: a casa do ontem na do hoje

A inauguração da biblioteca Sinhá Junqueira, totalmente reformada, restaurada e em parte construída, reaberta ao púbico em geral, compõe um leque de possibilidades positivas. Uma iniciativa privada, numa cidade que ainda não tem uma bibliote­ca pública, ou seja, coordenada pela Secretaria da Cultura ou da Educação do município.

A biblioteca é um centro permanente e fixo de irradiação de história, cultura e saber, tal como a Fundação do Livro e Leitura o é, com seus inúmeros projetos que se realizam, entre uma Feira anual e a seguinte.

Há uma convergência entre ambas. A Fundação já consagra­da pelos anos que trabalha, e que já redundou no incentivo do índice crescente e altíssimo de leitura, na cidade. Esse índice por pessoa, que se interessa e lê, vence na comparação com outras cidades e com o estado.

A biblioteca, que funcionava, no prédio de seu nascimento, jamais teria os recursos para modernizá-la, e fazê-la o que material­mente ela se tornou, hoje, com a Fundação do Educandário “Sinhá Junqueira” incorporando-a definitivamente em seu patrimônio.

Para a cidade com o seu calçadão, que não conseguiu nem ser có­pia daquele de Curitiba, que à época era um exemplo nacional, essa Biblioteca, ora reaberta e inaugurada, se constitui na maior contri­buição à sofrida, vagarosa e descuidada revitalização do centro.

Sua existência pode fazer, até um milagre, de animar em­presários e suas associações, e outras pessoas e instituições para que exijam de vez num plano – se ainda inexistente quem sabe? – para que eles possam contribuir, não só financeiramente, mas com um sentimento de gratidão à cidade que os acolhe, como acolheram, quem sabe, seus anestrais.

Internamente, a Biblioteca coloca à disposição um acervo de onze mil obras, para leitura, pesquisa e reflexão. E o recolhimento de suas salas, pode ensinar ao aflito até a prática de ouvir-se o silêncio.

O ambiente criado é também de convivência fraternal, entre pessoas jovens ou idosas, atraídas pela referência do livro e de sua leitura, ou pela palestra que assistirá, ou da música, que ouvirá, ou da poesia que abrirá uma senda em sua alma, curiosa, ansiosa ou aflita.

A biblioteca pode representar para o espirito uma espécie de rampa de lançamento ao imprevisível, ao incerto da criação, em movimento permanente, à salvação de uma alma que uma frase, uma página, ou uma obra, teria lhe dito tudo, naquele momento de vertigem, tudo que precisava, supondo, até, subjetivamente que ela foi escrita para ele, como se a alma humana não guardas­se a fraternidade do espirito que nasce de uma mesma fonte.

Uma biblioteca lança raízes invisíveis, que abraça pessoas, faz com que elas descubram o comum do sofrimento e da alegria humana, e o limite de nosso tempo histórico. Quando ela con­segue a fixação dessas raízes no hábito que ela estimula para a leitura e para a reflexão, a pessoa pode perceber, claramente, seu lugar no mundo que a cerca, e sobre o qual ela precisa trabalhar, construir, ou construir-se e viver com paixão.

O nome com que ela é agora batizada – Biblioteca Sinhá Jun­queira – arrasta de volta à lembrança e a memória histórica dessa mulher que enxergou para além de seu tempo, conviveu com pessoa que esteve no cume da política da época, Altino Arantes, integrando o painel de ontem no da atualidade trepidante de hoje.

O artífice dessa fonte de saber e de espírito crítico, hoje cele­brada, é o médico João Paulo Pessoa. Nosso reconhecimento.

A cidade conseguiu vencer a força de atração da mediocri­dade, em nome da liberdade da inteligência, do livre pensar, da criatividade.

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