O Banco Central (BC) manteve sua estimativa de inflação para 2021 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC). Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta semana, este cenário aponta para um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços – de 8,5% este ano.
O percentual é o mesmo que consta na ata e no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). O cenário de referência indica que o IPCA ficará em 3,7% em 2022 e em 3,2% em 2023 – também igual à ata e ao comunicado. Para 2021, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,25% a 5,25%). Para 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,00% a 5,00%).
Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira (27), os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 8,45% no IPCA de 2021, de 4,12% em 2022 e de 3,25% em 2023. O Banco Central também divulgou suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de setembro a novembro de 2021.
A previsão do BC do IPCA para setembro é de 1,11%. Já a projeção para outubro é de 0,45% e, para novembro, de 0,41%. No Focus mais recente, divulgado na última segunda-feira, as projeções do mercado financeiro para o IPCA eram de alta de 1,10% em setembro, 0,53% em outubro e 0,40% em novembro.
O Banco Central informou que, em seu cenário de referência, a probabilidade de a inflação de 2021 ficar acima do teto da meta, de 5,25%, está em 100%, ou seja, não há mais como entregar o objetivo deste ano. Com isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto precisará divulgar uma carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando o estouro da meta deste ano. Da mesma forma, a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2021, de 2,25%, é zero.
O Banco Central ainda atualizou marginalmente sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – em 2021. A expectativa para o crescimento da economia este ano passou de alta de 4,6% para avanço de 4,7%. Entre os componentes do PIB para 2021, o BC alterou de 2,5% para 2,0% a projeção para o crescimento da agropecuária.
No caso da indústria, a estimativa de recuperação passou de 6,6% para 4,7% e, para o setor de serviços, de 3,8% para 4,7%. Do lado da demanda, o BC alterou a estimativa do consumo das famílias de alta de 4,0% para 3,3%. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de 0,4% para 0,9%. O BC trouxe pela primeira vez as projeções da autoridade monetária para o PIB de 2022, com estimativa de alta de 2,1%.
O RTI projeta avanço de 3,0% para a agropecuária, crescimento de 1,2% para a indústria e progresso de 2,5% nos serviços. Para o próximo ano, o BC espera alta de 2,2% no consumo das famílias e de 2,5% no consumo do governo. No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira passada, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 5,04% no PIB de 2021 e de 1,57% no PIB de 2022.