A Panasonic admitiu que pelo menos um pouco do cobalto utilizado em baterias automotivas fornecidas para a Tesla Motors pode ter origem ilegal, oriundo de minas em Cuba. A empresa, em comunicado oficial, disse não saber determinar a quantidade exata e que, diante das suspeitas, suspendeu relações com a Sherritt International, empresa canadense que era fornecedora do material.
A falta de certeza quanto a isso tem a ver com o fato de a Panasonic contar com mais de uma fornecedora do elemento. Além da companhia canadense, a fabricante também compra cobalto da Sumitomo, das Filipinas, de quem afirma ser a “maior parte” do material utilizado nas baterias fornecidas à Tesla.
O problema, aqui, seriam as sanções econômicas impostas a Cuba pelo governo dos Estados Unidos, o que impede que companhias americanas negociem, comprem ou usem materiais vindos do país latino-americano. Por mais que as relações entre os dois países tenham se estreitado nos últimos anos, desde o governo de Barack Obama, o embargo continua em vigor e a utilização do cobalto oriundo de lá pela Tesla, portanto, seria ilegal.
O elemento é essencial para a fabricação de baterias de íons de lítio, como as presentes nos carros da montadora e em boa parte dos dispositivos eletrônicos da atualidade. As suspeitas começaram quando duas fontes, falando em condição de anonimato, revelaram à agência de notícias Reuters que a Panasonic estaria utilizando material oriundo de Cuba. O questionamento foi levado à fabricante, que realizou a suspensão na compra do produto e uma investigação sobre o caso.
De acordo com a empresa japonesa, o cobalto fornecido pela Sherritt International foi utilizado em baterias criadas para os veículos Model S e Model X, fabricados a partir de fevereiro deste ano. Agora, a companhia busca o auxílio do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos para entender como as leis relacionadas ao embargo se aplicariam nesse caso. O governo, entretanto, não negou nem confirmou os trabalhos no caso.
Quando questionada sobre o assunto, a Tesla Motors não respondeu sobre a presença de cobalto cubano nas baterias usadas nos veículos, evitando especular sobre uma possível brecha nas leis americanas. Apesar disso, a companhia afirmou que está trabalhando para reduzir sua dependência do elemento a Zero devido a sanções como as impostas a Cuba e, também, às condições subumanas encontradas frequentemente em minas na África, continente que é o grande fornecedor do material para todo o mundo.
Pelo Twitter, o CEO da montadora, Elon Musk, foi além. Respondendo à jornalista Kori Hale sobre o quão dependente do cobalto africano a Tesla é atualmente, o bilionário respondeu que as baterias usadas nos carros têm apenas 3% do material em sua constituição. A ideia, segundo ele, é não utilizar o elemento de maneira alguma a partir da próxima geração de veículos.
Quando contatada, a Sherritt não comentou sobre o trabalho com a Panasonic, afirmando não revelar detalhes sobre negociações específicas com seus clientes. Por outro lado, a empresa confirmou trabalhar com a obtenção de recursos em Cuba, mas que o níquel e cobalto vendido para empresas americanas é obtido e refinado em uma unidade localizada no estado de Alberta, no Canadá. O mesmo elemento vendido para a Tesla é comercializado para companhias da Europa e da Ásia, completou.
A dependência de cobalto para a fabricação de baterias é um dos desafios enfrentados atualmente pela indústria dos carros elétricos. O aumento na necessidade do elemento levou a uma alta nos preços e, também, preocupações maiores quanto à existência de trabalho escravo, infantil ou condições subumanas nas minas do material, localizadas, principalmente, na África. O Congo é o maior fornecedor mundial do elemento.
Fonte: Reuters