A histórica estação de trem Barracão, localizada no bairro Ipiranga, Zona Norte de Ribeirão Preto, pode fazer parte do programa de incentivo ao turismo ferroviário, lançado pelo governo de São Paulo em 6 de novembro. O projeto prevê a implantação de uma malha ferroviária turística, ligando o espaço ribeirão-pretano à gare Mogiana, em Franca.
Segundo a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, o trecho está inicialmente em estudo para operação turística. Também existe a possibilidade de inclusão de outros projetos que ainda não estão inseridos no programa, como o trem turístico entre Ribeirão Preto e Tambaú.
A proposta integra o Programa SP Nos Trilhos, que engloba mais de 40 projetos de transporte ferroviário, com investimentos de R$ 194 bilhões. De acordo com o governo estadual, os projetos de trens turísticos serão incluídos na via férrea.
Além disso, informa que a secretaria realizará estudos de impacto e potencial turístico na expansão da infraestrutura ferroviária em um trecho do Trem Intercidades (TIC) entre Ribeirão Preto e Franca. No dia 23 de outubro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a falar sobre a possibilidade de estender o TIC até Ribeirão Preto.
Ressaltou, porém, que essa ideia só será estudada após a conclusão do trajeto de São Paulo a Campinas, que teve o projeto de concessão assinado em maio e está orçado em R$ 14,2 bilhões. O trecho entre a capital e a cidade do interior tem previsão de início das obras em 2026 e deve ser concluído em 2029. Atualmente existem quatro trens turísticos no Estado.
Expresso Turístico CPTM – Promove passeios que saem da Estação da Luz, no centro de São Paulo, para Jundiaí, Paranapiacaba ou Mogi das Cruzes. Os passeios são feitos em uma locomotiva a diesel, modelo Alco RS-3 de 1952 com duração de 1h30 de viagem.
Maria-Fumaça de Campinas – A bordo de uma locomotiva de 1958, o visitante viaja pelos antigos trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro com destino a Jaguariúna. São seis estações durante o trajeto e, ao chegar ao final, o trem faz uma pausa de 30 a 40 minutos – a viagem tem duração total de 3h30.
Trem Republicano – Trem Republicano parte das estações de Itu e Salto. A ferrovia, com apenas sete quilômetros de extensão, foi determinante para a escolha de Itu como o local da primeira Convenção Republicana do país.
Trem de Guararema – O Trem de Guararema é operado pela Regional Sul de Minas da ABPF na cidade de Guararema. O trem parte da estação central de Guararema, km 426 do Ramal de São Paulo da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, e segue em direção à estação Luís Carlos, localizada no km 433 da ferrovia, na vila de mesmo nome, totalizando 14 km de passeio (ida e volta).
Maria-fumaça – A maria-fumaça “Amália”, locomotiva alemã Borsig retirada da praça Francisco Schmidt em 18 de julho de 2020 e que foi completamente restaurada, pode ser visitada na miniestação ferroviária Luiz Henrique Paschoalin, no Parque Maurílio Biagi, desde julho de 2023.
A locomotiva foi batizada de “Amália 12” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município. O nome está gravado nas laterais do equipamento. A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19.
Barões – Com isso, a locomotiva contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832-1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850-1924), que dá nome à praça em que a locomotiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.
Conppac – A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva foram realizados pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em Campinas. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo investiu R$ 749 mil na restauração. A estação custou R$ 523.854,13.
Todos os componentes foram restaurados ou substituídos, quando não foi possível a recuperação. O trabalho acompanhado por um profissional especializado em patrimônio cultural e ferroviário. A locomotiva Phantom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia a Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.
Borsig – O modelo é uma das três remanescentes do fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna. Abandonada, a ribeirão-pretana serviu durante muito tempo como dormitório de pessoas em situação de rua e também de abrigo para usuários de drogas.
A locomotiva “Amália” e os quatro metros de trilho que a sustentavam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto na Vila Tibério, que funcionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (plataforma) de embarque e desembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.
“Mogiana” – Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento. Duas entidades pretendiam usar a locomotiva para projetos de “trem turístico”.
Agora, o Instituto da História do Trem quer levar a máquina para o futuro museu ferroviário de Ribeirão Preto. A locomotiva a vapor 420 foi projetada em 1893 para atender as necessidades da Companhia Mogiana na época. A informação chegou por meio do presidente do instituto, Denis Willian Esteves em visita ao gabinete do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), em 2023.
“Ela está sendo doada ao Instituto da História do Trem de Ribeirão Preto e poderá fazer parte do acervo do ‘Museu do Trem’, que iniciará a primeira etapa com a restauração da locomotiva. Na segunda etapa, prevemos a implantação do trem turístico que deverá circular entre a Estação Barracão, da avenida Dom Pedro I e a estação Mogiana”, disse Denis Esteves à época.