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Bares e restaurantes: 2 mil fechados e 10 mil demitidos

JF PIMENTA/ ARQUIVO

João Camargo

A pandemia do novo coro­navírus refletiu negativamente em vários segmentos sociais e profissionais em todo o mun­do. Aqui no Brasil, mais pre­cisamente em Ribeirão Preto, não foi diferente. Principal­mente, quando falamos sobre o ramo de alimentação, um dos grandes impactados pela che­gada do vírus.

Na cidade, de acordo com dados da Associação Brasi­leira de Bares e Restaurantes (Abrasel) – Seccional do Es­tado de São Paulo, aproxima­damente 2 mil empresas do segmento já fecharam defi­nitivamente as portas na cri­se, o que representa cerca de 35% do quantitativo anterior à pandemia (antes do novo coronavírus, o ramo de ali­mentação fora do lar possuía cerca de 6 mil empresas em Ribeirão Preto).

Em decorrência a esses fe­chamentos definitivos e de ou­tros estabelecimentos que redu­ziram o quadro de funcionários, o setor de bares e restaurantes sofreu uma expressiva perda de postos de trabalho com a demis­são de cerca de 10 mil trabalha­dores na região.

Segundo ofício da Abrasel, enviado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, esse número de postos de trabalhos e de empresas desativadas vêm aumentando diariamente.

Sacha Breckenfeld Reck, conselheiro da Abrasel em Ribeirão Preto, acredita que os estabelecimentos que já fecharam não irão reabrir ao fim da pandemia.

“Até o fim da crise, estima-se que as demissões poderão atin­gir até 60% do quadro anterior à pandemia e o fechamento de empresas pode chegar a 50%, a depender dos fatos que se su­cederão nos próximos meses”, completa trecho do ofício.

Para Sacha Breckenfeld Reck, conselheiro da Abrasel em Ribeirão Preto, os estabele­cimentos que já fecharam não irão reabrir ao fim da pandemia. Além disso, ele ressalta que há o risco de vermos mais falência nos próximos meses.

“Com a reabertura dos sa­lões, em breve, o movimento de clientes retornará muito len­tamente, conforme temos visto em outras cidades. No entanto, muitos custos fixos retornarão com todo o peso: fornecedores cobrarão as dívidas vencidas, locadores de imóveis vão cobrar 100% do aluguel, entre outros. Mas o principal problema que teremos será com o vencimento da MP 936 do Governo Fede­ral, com o fim do subsídio para suspensão e redução de jornada dos contratos de trabalho. Os funcionários que estavam nes­sas modalidades terão estabi­lidade de até 120 dias, gerando um custo gigantesco para as empresas” informou Sacha.

Para o dono de restaurantes Tullio Santini Júnior, a crise do novo coronavírus veio como um “tsuna­mi” contra o setor.

Duro baque
Quem vivenciou na pele esse impacto foi Tullio Santini Júnior que, atualmente, administra cin­co restaurantes em Ribeirão Pre­to. Entre eles estão o Ancho Pre­mium Beef, o Amici Ristorante, o Bello Trattoria, o La Cucina di Tullio Santini e o Casa di Tullio.

Tullio descreve a crise do novo coronavírus como um “tsunami”, que passou pelo se­tor e derrubou muita gente. “É uma coisa horrorosa você ficar seis meses sem poder trabalhar. Foi algo muito inusitado, algo que eu nunca tinha visto e algo muito triste. Você luta toda a sua vida para conseguir chegar em algum ponto e vê isso desmoro­nar rapidamente”, relatou Tullio.

Ele comentou, ainda, que entre as piores dificuldades en­frentadas nessa pandemia foi li­dar com as demissões de funcio­nários, sendo que alguns destes trabalhavam com ele há 20 anos.
O empresário teve de se adaptar e se render ao deli­very. No entanto, esta moda­lidade é algo que, para ele, não se assemelha a proposta de seus restaurantes.

“Nós não fazíamos muito [delivery]. Nossas casas são mais presenciais, para passar momentos agradáveis e curtir ambientes diferentes. Tanto é que, das casas que administro, somente duas estão trabalhan­do com o delivery. E não fecha a conta”, finalizou.

Hábitos alimentares
Além da maior aceitação do delivery pela população e o re­ceio de frequentar restaurantes após a flexibilização, outro fa­tor que tem contribuído contra são os novos hábitos alimen­tares, nos quais pessoas passa­ram a fazer a própria comida ao invés de comer ou pedir de estabelecimentos.

A gastrôno­ma Sabrina Galli ressalta que preparar a própria refei­ção pode ser terapêutico.

Em época que devemos tra­tar melhor de nossa saúde men­tal, para lidar com o furacão de informações sobre o vírus, a do­cente do curso de gastronomia do Centro Universitário Barão de Mauá, Sabrina Galli, acredita que preparar a própria refeição pode ser terapêutico.

“Cozinhar a própria refei­ção oferece maior autonomia e controle sobre a qualidade do que será ingerido. É preci­so que os alimentos não sejam apenas vistos como simples fontes de nutrientes, mas tam­bém como fontes de prazer”, ressaltou a gastrônoma.

Essa mudança de hábito foi o que ocorreu com o estudante Leandro Isac que, desde o início da quarentena, tem optado por fazer seu próprio alimento e não pedir em aplicativo de entregas.

O estudante Leandro Isac tem optado por fazer seu próprio alimento e não pedir em aplicativo de entregas durante a pandemia.

“Eu nunca fui de frequentar o fogão. Porém, com o isola­mento, eu me vi com o tempo vago e decidi investir parte dele cozinhando e preparando recei­tas novas”, disse.

Reabertura – Na última quinta-feira (06), o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte No­gueira, anunciou que a cidade passou da fase vermelha para a amarela. Com isso, bares e res­taurantes poderão funcionar até as 17 horas, por duas semanas, com restrição de capacidade. Aos domingos o fechamento é obrigatório. Também está li­berado o consumo no interior de padarias e similares, que es­tavam funcionando no sistema pegue e leve (take out).

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