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Bancos de desenvolvimento, farol no cenário de guerra e incerteza

Os últimos dois anos foram de muita incerteza e volatilidade, o que afetou severamente o desempenho econômico do país. Inflação alta, queda na atividade econômica e juros em elevação causaram prejuízos ao caixa dos empreendedores e levaram muitos negócios a encerrar as atividades. No momento em que o cenário parecia apontar para a melhora da pandemia e associada a uma recuperação mais sólida da economia, a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe novos desafios.

A elevação dos preços das commodities energéticas e agrícolas e novos desajustes nas cadeias globais de suprimentos impactaram negativamente os negócios, em especial as pequenas e médias empresas. É neste momento em que as instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs), como os bancos de desenvolvimento, agências de fomento e cooperativas de crédito, devem ampliar o apoio a este seguimento, oferecendo linhas de crédito com condições especiais, juros reduzidos e longo prazo de pagamento.

As IFDs, por natureza e missão institucional, são um agente anticíclico, capaz de amortecer choques econômicos nos territórios onde atua. Elas atuam ativamente para manter limpo o horizonte econômico em meio a um conflito do outro lado do planeta. Diante desse contexto é fundamental que sejam fortalecidas e equipadas com os instrumentos adequados para seguirem impulsionando as políticas públicas a fim de facilitar o acesso ao crédito a curto, médio e longo prazo.

Apesar de todas as dificuldades, as demandas pelas linhas de crédito permane­cem em elevação, demostrando a confiança dos empresários em seu negócio e na economia brasileira. E esse aumento não se deu apenas em relação às linhas de capital de giro, associadas às necessidades de caixa das empresas, mas sobretudo nas linhas voltadas à inovação e à expansão dos negócios. Esse movimento também indica uma maior confiança do empreendedor na capacidade dos bancos de desenvolvimento, que o ajudaram a superar a crise e estarão presentes na hora do aperto.

É importante ressaltar que os pequenos negócios são responsáveis pela geração de emprego e renda para milhões de brasileiros. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as micro e pequenas empresas puxaram a criação de empregos formais no ano passado. Dos cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho formais criados no Brasil de janeiro a setembro, 1,8 milhão, o equivalente a 71% do total, originou-se em pequenos negócios. Sem o socorro para os momentos de instabilidade, é impossível a manutenção ou a criação de empregos que garantem a sobrevivência de milhões de pessoas.

No entanto, não basta apenas oferecer suporte imediato. É fundamental propor­cionar condições para um crescimento sustentável e prolongado, para que os empre­endedores possam caminhar com as próprias pernas e ter fôlego para sobreviver em meio a períodos turbulentos.

No Desenvolve SP atuamos tanto na emergência, oferecendo linhas de crédito para capital de giro, quanto nas agendas de futuro com inovação e investimentos. Para socorrer os pequenos empreendedores que sofreram os impactos da pandemia, o Banco do Povo Paulista lançou o programa Nome Limpo. Com desembolso de até R$ 100 milhões, o programa pretende auxiliar os empreendedores que tiveram o nome negativado na pandemia a quitar suas dívidas.

E, pensando no futuro, firmamos recentemente parceria com o Banco Interame­ricano de Desenvolvimento (BID), que irá destinar US$ 195 milhões, (cerca de R$ 1 bilhão) no período de cinco anos para impulsionar a inovação e tecnologia das micro, pequenas e médias empresas.

Outra ação importante para auxiliar os pequenos negócios neste momento de recu­peração da economia é a manutenção do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) como programa permanente de crédito às micro e pequenas empresas e aos profissionais liberais. Nos últimos dois anos, o programa disponibilizou mais de R$ 60 bilhões em 851 mil operações, salvando empregos e propor­cionando alívio a empreendedores que tiveram seus negócios afetados pela pandemia.

Para manter a sobrevivência do Pronampe é de extrema importância assegurar os recursos extraordinários destinados pelo Tesouro Nacional ao programa no Fundo Garantidor de Operações, que dá suporte às novas operações. A aprovação do Sena­do nesta direção é um passo importante em defesa do programa.

Portanto, os bancos de desenvolvimento, agência de fomento e cooperativas de crédito constituem-se num farol no nevoeiro causado pelas inúmeras que rondam o ambiente econômico global e local. Essas instituições se fortaleceram nos últimos anos, revisitaram seus objetivos e metas, e estão prontas para ajudar a colocar a eco­nomia na rota do crescimento sustentável.

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