A retomada de cirurgias e tratamentos clínicos, especialmente os oncológicos e transplantes, e o aumento no uso de sangue e componentes por pacientes com covid-19 não dão trégua para que o Banco de Sangue de Ribeirão Preto possa se reabastecer. A unidade apresenta no momento déficit de 40% nas doações, ao mesmo tempo em que a demanda por transfusões cresceu 11% nos últimos setes dias, e há previsão de aumentar mais.
“Sempre que há um declínio nas ocupações hospitalares decorrentes das internações por covid-19, essa demanda represada de tratamentos clínicos e cirúrgicos volta acumulada com necessidade latente de ser suprida”, esclarece a doutora Maria Isabel, médica hematologista do Banco de Sangue de Ribeirão Preto.
A demanda vem principalmente dos tratamentos clínicos, cirúrgicos, oncológicos e de transplantes, que foram parcialmente interrompidos nos últimos meses em razão do agravamento da pandemia e consequente superlotação dos hospitais.
Além dos tratamentos represados, Maria Isabel esclarece que, diferentemente da primeira onda da pandemia no Brasil, no ano passado, este ano está havendo maior incidência de transfusão de sangue e componentes em pacientes de covid. “De certa forma, isso também impactou, mas não tanto quanto o represamento dos tratamentos clínicos e cirúrgicos”, ressalta.
Demanda versus oferta
O volume de doações de sangue desde o início da pandemia caiu, principalmente pelo receio de contaminação pelo coronavírus, o que tem feito os bancos de sangue operarem sempre com estoque baixo. A situação é preocupante, alerta a doutora Maria Isabel, porque pode colocar em risco a realização de cirurgias e tratamentos clínicos que já vêm sendo adiados desde o ano passado, além das cirurgias de emergência e os tratamentos de pacientes com covid-19.
Quanto ao perigo de contaminação pelo vírus durante a doação, ela informa que o Banco de Sangue de Ribeirão Preto segue rigorosamente todos os protocolos de segurança contra a covid-19 e mantém boas práticas preventivas para o enfrentamento ao coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o número de doadores de sangue de um país seja de 3% a 5% do total da população.
No Brasil, porém, de acordo com dados do Ministério da Saúde, este índice está abaixo de 2%. Entre outros, um dos requisitos básicos para ser um doador é ter entre 16 e 69 anos desde que a primeira doação seja realizada até os 60 anos (menores de idade precisam de autorização e presença dos pais no momento da doação).
Também deve estar em boas condições de saúde, pesar no mínimo 50 quilos e não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas doze horas. Na hora da doação, deve apresentar um documento oficial com foto – Registro Geral (RG, a cédula de identidade), Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e etc. – em bom estado de conservação. Após o almoço ou ingestão de alimentos gordurosos, aguardar três horas. Não é necessário estar em jejum.
O Banco de Sangue de Ribeirão Preto está de casa nova, instalado na rua Quintino Bocaiúva nº 975, no Centro, a apenas 50 metros do antigo endereço. O novo local dispõe de uma infraestrutura ampla, em um espaço exclusivo, fora de um ambiente hospitalar, para acolher o doador de sangue com o mesmo carinho, agilidade e atenção, atendendo de segunda a sábado, das sete às 18 horas.