A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 8,155 bilhões em março, aumento de 13,8% relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta sexta-feira, 4 de abril, o valor foi alcançado com exportações de US$ 29,178 bilhões e importações de US$ 21,023 bilhões.
Na última semana de março, que foi só de um dia útil (segunda-feira, 31), o superávit foi de US$ 473,8 milhões. Em março, as exportações registraram alta de 5,5% na comparação com o mesmo período em 2024, devido a crescimento de US$ 1,13 bilhão (16,0%) em Agropecuária; queda de US$ 0,99 bilhão (-15,3%) em Indústria Extrativa, e avanço de US$ 1,4 bilhão (10,1%) em produtos da Indústria de Transformação.
As importações tiveram aumento de 2,6% em março ante o mesmo mês do ano passado, com aumento de US$ 0,11 bilhão (22,8%) em Agropecuária, queda de US$ 0,47 bilhão (-33,0%) em Indústria Extrativa e alta de US$ 0,88 bilhão (4,8%) em produtos da Indústria de Transformação.
O diretor de Planejamento e Inteligência Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, afirmou que o saldo de março foi o maior da série histórica para meses de março. Na exportação, o valor foi fortemente influenciado pelo aumento de volume embarcado, que teve alta de 5%, contra aumento de apenas 0,4% nos preços.
Brandão pontuou que os embarques para China voltaram a crescer em março com a maior exportação da soja. O volume de soja vendida cresceu 16,5% no mês, com alta de 7% no valor. As exportações de café aumentaram 92,7% no mês, com alta de 83,2% nos preços. Já a exportação de petróleo teve queda de 20,3%, e o minério de ferro caiu 16,5%%. No caso da carne bovina, os embarques aumentaram 40,1%.
No caso das importações em março, houve uma pequena queda, de 1,2%, nos bens de consumo. A queda maior nas compras foi registrada em combustíveis, com recuo de 26,9%. A importação de veículos automóveis de passageiros caiu 38,5%, o que influenciou nas compras feitas da Argentina, que caíram 17,5% no mês, destacou Brandão.
As exportações no primeiro trimestre tiveram alta nos setores de agropecuária, com 4,6%, e na indústria da transformação, com avanço de 5,6%. Na indústria extrativa, houve recuo de 16,7% nas vendas nos primeiros três meses do ano. A maior parte da soja embarcada no primeiro trimestre foi vendida para a China.
No total, as vendas do produto nos primeiros três meses do ano, no entanto, caíram 10,4%. Para a China, no geral, as exportações recuaram 13,2% no período As vendas de café aumentaram 69,8% nos valores somados de janeiro, fevereiro e março.
No caso das importações, houve forte avanço de bens de capital no primeiro trimestre, influenciado especialmente pela importação de uma plataforma de petróleo, que foi registrada em fevereiro. No total, as importações cresceram 13,7% no período.
A queda de 13,3% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos em março foi influenciada pela redução nas vendas de óleos de petróleo (-90%), de instalações de equipamentos de engenharia (-21,7%), e de aeronaves e outros equipamentos (-62%).
Já o aço bruto, que foi tarifado em 25% por Donald Trump a partir de 12 de março, registrou crescimento nas vendas aos Estados Unidos em 23,9%. Herlon Brandão pontuou que o aumento pode estar relacionado com eventuais antecipações de embarques que tentaram evitar a tarifa mais alta. A pasta, no entanto, não pode confirmar essa relação de causa-efeito.
“Talvez o próprio setor possa responder, não podemos afirmar que é causa-efeito, mas é um comportamento que se observa no comércio internacional”, disse o técnico, ponderando também que os dados de aço e alumínio seguem a regra do embarque antecipado, ou seja, primeiro as empresas embarcam, e depois declaram o que foi exportado.
Projeção – A Secretaria de Comércio Exterior projeta que a balança comercial vai fechar 2025 com superávit de US$ 70,2 bilhões, 5,4% abaixo do registrado no ano passado. No início do ano, o MDIC não cravou uma expectativa para o saldo deste ano, tinha apenas apontado que a balança poderia ficar com saldo positivo de US$ 60 bilhões a US$ 80 bilhões.
No ano passado, o saldo comercial foi de US$ 74,2 bilhões. Agora, a pasta espera que as exportações somem US$ 353,1 bilhões neste ano – número 4,8% maior em relação a 2024. A projeção do início do ano era de que as exportações somassem de US$ 320 bilhões a US$ 360 bilhões em 2025. No ano passado, o valor foi de US$ 337 bilhões.
Nas importações, a expectativa é de US$ 282,9 bilhões, um avanço de 7,6% na comparação com o valor importado no ano passado, de US$ 262,9 bilhões. Na projeção do início do ano, o MDIC disse que esperava importações entre US$ 260 bilhões a US$ 280 bilhões.