Tanto famílias de baixa renda como as de renda mais alta entraram em 2023 mais endividadas, mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A Peic conta agora com três novas divisões de faixas de renda no monitoramento do endividamento e da inadimplência. O objetivo é oferecer informações mais detalhadas sobre a percepção dos consumidores quanto ao uso do crédito e à capacidade de pagamento, informa a CNC.
Os números de janeiro mostram que as famílias com até três salários mínimos de rendimentos começaram o ano proporcionalmente mais endividadas, 79,2% contra 76,5% há um ano, enquanto as que ganham mais de dez salários mínimos fizeram mais dívidas em relação ao percentual de 71,2% registrado em janeiro de 2022, atingindo 74,4% em janeiro.
“Em comparação com janeiro de 2022, a parcela de famílias com dívidas cresceu mais nos dois extremos sociais considerados na Peic: entre as famílias com até três salários mínimos, alta de 2,7 pontos percentuais e no grupo com mais de dez salários mínimos a alta foi de 3,2 p.p.”, diz a CNC em nota.
Do total das famílias brasileiras, 11,6% chegaram a janeiro sem condição de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores. O indicador aumentou em janeiro em todos os grupos de renda, de forma mais expressiva entre os consumidores com até três salários mínimos (17,4% do total de inadimplentes).
A parcela de consumidores que atrasaram dívidas por mais de 90 dias chegou a 44,5% dos inadimplentes, a maior proporção desde abril de 2020. De acordo com a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, o nível geral de endividamento vem perdendo fôlego desde novembro.
Em relação a janeiro de 2022, embora a proporção de famílias com dívidas tenha avançado 1,9 ponto percentual, a taxa anual está em desaceleração contínua desde meados de 2022. Em janeiro, 38,7% das famílias, ou quatro em cada dez, que têm renda mensal de até três salários mínimos atrasaram dívidas (5,7 pontos percentuais a mais do que em janeiro de 2022).
Essa faixa de renda é a que puxa o indicador geral de inadimplência, que ficou em 29,9% em janeiro – uma queda de 0,1 p.p. em relação a dezembro. O percentual de inadimplência das demais faixas ficou abaixo da média nacional: 27,2% entre os que ganham de três a cinco salários, contra 20,4% dos que recebem de cinco a dez salários e 13,5% dos que têm vencimentos acima dos dez salários mínimos.