Motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres que passam pela avenida Nove de Julho, um dos cartões-postais de Ribeirão Preto, no Alto da Cidade e que corta vários bairros – Vila Seixas, Higienópolis, Jardim Sumaré etc. –, reclamam da situação do pavimento. Em vários trechos há paralelepípedos soltos. Além de danificar o veículo, o problema ainda pode provocar acidentes se o condutor não estiver atento.
A prefeitura de Ribeirão Preto já concluiu o projeto executivo para restauração da avenida. A situação também envolve burocracia e cautela, já que a via – incluindo seus paralelepípedos e as pedras portuguesas do canteiro central – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). Por ser considerada patrimônio histórico da cidade, a Nove de Julho não pode ter o projeto original alterado.
Por meio de nota da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), a Secretaria Municipal de Obras Públicas informa que “a avenida Nove de Julho passará por restauração, já que é tombada desde 2008 e patrimônio histórico de Ribeirão Preto. O projeto executivo já foi concluído e faz parte do Programa Ribeirão Mobilidade, aguardando a abertura de licitação”. Ressalta que “por ser patrimônio histórico da cidade, o projeto original não pode ser alterado”.
Diz ainda que “a via será completamente restaurada, mantendo os paralelepípedos e pedras portuguesas do canteiro central. Em toda sua extensão, o canteiro central e as calçadas serão revitalizados. Todas as esquinas da avenida contarão com rampas de acesso para cadeirantes com piso tátil direcional e de alerta, indicando os pontos de espera e de travessia para deficientes visuais. Também serão implantados novos pontos de ônibus com pavimento de concreto”.
Em relação aos problemas pontuais em alguns trechos, a Secretaria Municipal da Infraestrutura diz que fará reparos específicos em locais da via onde há buracos. Na Câmara de Vereadores, uma Comissão Especial de Estudos (CEE) foi criada no final de setembro de 2019 para discutir alternativas para o tráfego de veículos pesados na avenida Nove de Julho.
Presidida pelo vereador Elizeu Rocha (PP), também quer encontrar uma maneira de recuperar a avenida, preservando o patrimônio histórico, mas garantir a segurança de motoristas e pedestres que circulam por ali. Considerada um cartão-postal da cidade, a Nove de Julho foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião em 1921. Os primeiros quarteirões da avenida foram entregues no dia 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência.
A avenida passou a se chamar Nove de Julho alguns anos depois e ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno. Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial.
Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e região. É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais.
Ao longo de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes etc. Um dos principais problemas para a manutenção dos paralelepípedos da avenida é a falta de mão de obra especializada. Os últimos calceteiros se aposentaram e faltam profissionais na área.