Times de futebol são únicos no sentido de que o estágio final da produção (a partida entre dois times) é algo observado, característica esta que apresenta oportunidades para que se estude o comportamento dos atores envolvidos numa partida. Um destes comportamentos, que gera interesse científico, é o dos árbitros de futebol. Juízes, tendo a tarefa de implementar regras do futebol, é por meio delas que asseguram a obediência dos jogadores em campo. Em jogos europeus, um árbitro faz, em média, 137 intervenções observáveis numa partida, incluindo tiro-livre e pênaltis (aqui com atribuição de decidir se uma falta merece uma advertência, na forma de cartão amarelo ou vermelho), escanteios, laterais e interrupções do jogo por contusão grave.
Desde que várias destas tomadas de decisão são orientadas por julgamento subjetivo, os árbitros de futebol são, frequentemente, acusados de serem inconsistentes e enviesados nas mesmas. Nos campeonatos espanhol, alemão e italiano têm sido encontrada a tendência dos juízes em adicionar mais tempo ao final das partidas quando o time da casa está perdendo por um gol, quando comparado ao time da casa que está ganhando. Por quê? Uma fonte potencial de viés do árbitro é a pressão social (influência da torcida). Pesquisas também revelaram que as condições arquitetônicas do campo de futebol desempenham papel-chave no viés do juiz, ou seja: tamanho absoluto (quantidade de pessoas) e tamanho relativo da torcida (quantidade de pessoas em relação à capacidade total do estádio), bem como, a proximidade dos torcedores às margens do campo (a presença de pista de atletismo).
Recente estudo revelou que a torcida, arquitetura do estádio e a nacionalidade dos juízes e dos times de futebol afetam os julgamentos subjetivos dos árbitros. Parece que o tamanho relativo da torcida importa mais que o tamanho absoluto: tanto o time da casa, quanto o time visitante, são mais prováveis de incorrer em sanções disciplinares quanto mais próximo estiver o estádio de sua capacidade total. A presença de pista de atletismo tem o efeito de aumentar sanções disciplinares dadas ao time da casa. Em relação aos efeitos da nacionalidade, dados revelaram que árbitros de grandes associações (Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Espanha) são menos predispostos à favoritismo explícito comparados a outras associações de pequenas ligas. Isto é, tendem a conceder poucas sanções disciplinares ao time da casa. As sanções disciplinares também são influenciadas pelo tipo e fase em que a competição está. Concluindo, pressão social da torcida influi em partidas de futebol, e, em contextos internacionais, nacionalidade também influi na tomada de decisão dos árbitros.
Estudo analisando o papel da distância geográfica no desempenho de times de futebol profissionais, em termos de gols feitos e tomados, afirma que tal desempenho diminui com o aumento da distância física do campo no qual se realiza a partida. Para testar esta hipótese, empiricamente, utilizou-se um banco de dados da Primeira Divisão do Futebol Alemão, o “Bundesliga”, analisando-se 6389 jogos realizados fora de casa, num total de 38 times e 21 campeonatos, entre 1986-87 e 2006-07. Os resultados sugeriram que a distância exerce impacto significativamente negativo, e não-monotônico, no desempenho defensivo do time de futebol. Com isso, o sucesso do time visitante, para impedir um gol, diminuiu quanto mais distante foi o campo do time adversário. Todavia, o impacto da distância foi não-monotônico, indicando que o desempenho do time jogando fora de casa torna-se pior até certa distância. Para além desse “ponto crítico”, estimado por volta de 450 km, o comportamento defensivo do time melhora novamente. O que isto significa? Que a distância aumenta a probabilidade de o time visitante conceder gols, exibindo um negativo, mas insignificante, impacto sobre a habilidade de fazer gols. Ademais, focalizado o resultado final da partida (ganhar, empatar ou perder), como medida do sucesso global do time, os dados revelaram efeitos negativos significantes da distância.
Este estudo, também investigando como os times de futebol lidam com a potencial desvantagem da distância causada por jogar fora de casa, analisou a suposição de os times poderem aprender a lidar com possíveis desvantagens de viagem a locais distantes. O esperado era a diluição do impacto da distância sobre o desempenho do time, ao longo dos anos, ou mesmo em função da quantidade de campeonatos disputados. Dados indicaram que o impacto global da distância não é característico de um ano específico e nem se torna mais fraco, ou mais forte, ao longo do tempo. Logo, não houve efeitos de aprendizagem em relação ao papel da distância sobre o desempenho do time. Investigado, também, o papel da experiência deste sobre o impacto da distância no desempenho, considerando o número de anos que um time permanecia na “Bundesliga”, entre os campeonatos de 1986/7 e 2006/7, dados indicaram que a relação estimada entre distância e desempenho do time não parece ser afetada pela composição de times experientes ou menos experientes, dentro de um campeonato específico. Portanto, apesar da consistência destes dados, fica difícil discriminar, entre causas puramente físicas, psicológicas e organizacionais, as que expliquem as desvantagens provocadas pela distância.