O constructo de sabedoria tem longas religiosas e filosóficas. Entretanto, apenas a partir da década de 70 pesquisas empíricas têm-na investigado mais sistematicamente e, como conseqüência, nos últimos anos, aparecerem inúmeros estudos buscando mais bem defini-la, mensurá-la, entender sua neurobiologia e suas implicações para a longevidade e saúde, bem como, entender como intervenções podem enriquecê-la e promovê-la em diferentes contextos sociais.
Entende-se hoje que sabedoria é um traço multidimensional compreendendo vários componentes específicos que são úteis para o indivíduo e para sociedade. Similar a muitos constructos psicológicos, o todo é maior que a soma de suas partes, mas, por último sabedoria reside no comportamento. Revisões sistemáticas da literatura científica da sabedoria têm identificado vários componentes: conhecimento geral da vida e tomada de decisão social, regulação emocional, comportamentos pro – sociais, tais como compaixão e empatia, compreensão ou alto-reflexão, aceitação de diferentes sistemas de valores, aceitação das incertezas, espiritualidade e determinação.
Vários outros estudos têm buscado conhecer as regiões cerebrais e a neurocircuitaria da sabedoria. Frutos destes estudos envolvendo especialmente o imageamento cerebral têm revelado que os componentes da sabedoria parecem estar localizados primariamente no córtex pré-frontal e no striatum límbico. Lesões nestas regiões causam mudanças comportamentais que indicam uma perda de sabedoria e um declínio precipitado no funcionamento social e comportamental. A perda da sabedoria também tem sido observada na demência frontotemporal, uma demência que é inicialmente caracterizada não pela perda da memória, mas por alterações de personalidade como impulsividade, pobre consciência social, desinibição, comportamento anti-social e apatia.
Em relação à mensuração, a maioria das medidas e avaliações da sabedoria baseia-se nas escalas de auto-registro, além de questionários, inventários e entrevistas estruturadas e semi-estruturadas. Outros métodos usados para avaliar a sabedoria têm incluído estimativas ou nomeações de pares sábios, ou nomeações e caracterização de pessoas sábias e famosas, usualmente Madre Teresa, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela. Mas, como sabemos, todos estes métodos têm imitações psicométricas, incluindo um conhecimento prévio dos avaliados ou da celebridade, bem como outros vieses cognitivos e afetivos.
Pesquisas emergentes sugerem que sabedoria está conectada a uma condição melhor de saúde, bem-estar subjetivo, felicidade, satisfação com vida e resiliência. Em adição, sabedoria provavelmente aumenta com a idade, facilitando um possível papel evolutivo da sabedoria dos avós em promover a adaptação das espécies. A despeito da perda de sua própria fertilidade e mesmo de sua saúde física, os idosos ajudam a enriquecer e a promover o bem-estar de suas crianças, saúde, longevidade e fertilidade.
Finalmente, é importante destacar, que sabedoria tem importantes implicações tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Inúmeros pesquisadores neste domínio têm suposto que a sabedoria pode ser aumentada, educada, promovida, e que há necessidade urgente e primária de enfatizar a promoção de sabedoria em nosso sistema educacional desde o ensino fundamental e médio até ao ensino superior e profissional.