Tribuna Ribeirão
Economia

Auxílio emergencial deve ser prorrogado

© Marcello Casal JrAgência Brasil

A um mês do fim do auxí­lio emergencial, o governo Jair Bolsonaro passou a discutir a possibilidade de prorrogar o benefício, pago a vulneráveis de­vido à pandemia de Covid-19. O ministro da Cidadania, João Roma, afirma que o tema “está na mesa”, embora nenhuma de­cisão tenha sido tomada.

“É preciso que haja um esfor­ço do Estado brasileiro para pro­teger 25 milhões de cidadãos”, diz, em referência ao público que hoje recebe o auxílio emer­gencial, mas que ficaria fora da nova política sucessora do Bolsa Família. Recriado em abril, o be­nefício de 2021 paga de R$ 150 a R$ 375 mensais para cerca de 39 milhões de famílias elegíveis.

Já o novo Auxílio Brasil deve alcançar 16,5 milhões. Se­gundo Roma, embora os casos de Covid-19 e de mortes pela doença tenham diminuído, na esteira da vacinação, os impac­tos da crise permanecem. “A pandemia acabou, mas seus efeitos sociais não.”

A prorrogação do auxílio emergencial também tem sido defendida por aliados do gover­no no Congresso. Para essa ala, a medida pode ser adotada mes­mo que se resolva o impasse em torno dos precatórios, dívidas judiciais que saltaram a R$ 89,1 bilhões em 2022 e ocuparam o espaço fiscal antes reservado à ampliação do Bolsa Família.

O governo apresentou uma Proposta de Emenda à Cons­tituição (PEC) para parcelar os débitos, mas o texto está sendo alvo de negociação com parlamentares e ainda não foi votado. Entre aliados do gover­no no Congresso, a avaliação é de que as duas medidas (PEC dos precatórios/Auxílio Brasil e prorrogação do auxílio emer­gencial) não estão vinculadas e são independentes

Apesar disso, cada dia sem avanços na solução para as dí­vidas judiciais é contabilizado no Palácio do Planalto como um impulso a mais à ideia de prorrogar o auxílio emergen­cial. Sobretudo porque, sem resolver os precatórios, o tí­quete médio do novo benefí­cio ficaria em R$ 194,45, um aumento de apenas R$ 8,51.

O valor é considerado inviá­vel sob o ponto de vista político e também social. O presidente Jair Bolsonaro, que vai tentar a reeleição no ano que vem, tem prometido pelo menos R$ 300. Apesar da defesa explícita de ministros do governo, a prorro­gação do benefício a vulneráveis enfrenta resistências no Minis­tério da Economia. A equipe de Paulo Guedes não vê respaldo legal e técnico para uma nova rodada do benefício, justamen­te porque o número de casos e mortes está caindo em decor­rência da vacinação.

Para os técnicos, não há como, no cenário atual, justificar a abertura de um novo crédito extraordinário para permitir gastos adicionais fora de amar­ras fiscais como o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação. Já uma fonte da cú­pula do Legislativo afirma que a curva de casos e mortes está caindo, “mas não a do desem­prego, a da fome e a da inflação”.

O país tem hoje 14,4 milhões de desempregados, e a inflação cruzou a fronteira dos dois dí­gitos no acumulado em doze meses até metade de setembro (alta de 10,05%). Defensores da prorrogação também argumen­tam que outros países estão es­tendendo seus programas emer­genciais até abril de 2022.

Na avaliação dessa ala, ain­da que a equipe econômica celebre a “recuperação em V”, a situação não é de normalida­de. Daí a necessidade de “dar uma resposta palatável” à crise social, sem que isso signifique irresponsabilidade fiscal.

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