Tribuna Ribeirão
Política

Aumento de vereadores seguirá trâmites normais

O vereador André Trin­dade (União Brasil), autor da emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) – a “Constituição Municipal” – que aumenta de 22 para 27 o número de vereadores na cidade a partir da próxima legislatura (2025-2028), afir­mou ao Tribuna, nesta quin­ta-feira, 16 de fevereiro, que o projeto seguirá, sem pres­sa, os trâmites legislativos previstos para o tema.

A próxima etapa será a votação da proposta, em duas sessões extraordinárias pre­viamente convocadas pelo presidente da Câmara, Fran­co Ferro (de saída do PRTB, com um pé no PL). Na noite de quarta-feira (15), a audi­ência pública realizada na Câmara contou com grande presença de público e apenas oito parlamentares.

Debate
O debate ocorreu no ple­nário do Palácio Antônio Ma­chado Sant’Anna, sede do Le­gislativo. André Rodini (Novo) presidiu a audiência, convoca­da por ele a pedido da Associa­ção Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Tam­bém estava presente André Trindade (União Brasil), autor do projeto que cria mais cinco cadeiras no Legislativo.

Além dos dois, partici­param da audiência Renato Zucoloto (PP), Jean Corauci (PSB), Duda Hidalgo (PT), Judeti Zilli (PT, Coletivo Popu­lar), Luis França (PSB) e Ma­theus Moreno (MDB). Cerca de 60% do plenário foi ocupa­do por munícipes favoráveis e contrários à proposta.

Pró e contra
São a favor os movimen­tos de moradia popular, entre outros segmentos da perife­ria. Do lado contrário esta­vam presentes representantes de entidades de classe e lide­ranças empresariais, como o empresário André Ali Mere e o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribei­rão Preto, (Sincovarp), Paulo Cesar Garcia Lopes, além de Dorival Balbino, da Acirp.

Aos gritos, os dois grupos tentavam impedir discur­sos de vereadores contrários ao posicionamento de cada ala. Além da Acirp, mais 16 entidades da sociedade civil são contra o aumento. An­dré Trindade diz que não tem pressa para votar o projeto. Ressalta ainda que o assunto precisa ser discutido para que todos os argumentos prós e contra sejam analisados.

Por isso a proposta conti­nuará no Legislativo. A emen­da à LOM tem de ser votada em até um ano antes das elei­ções. Ou seja, até outubro des­te ano. O parlamentar argu­menta que o aumento para 27 vereadores é permitido pela Constituição Federal – mas não é uma exigência – e que a cidade conquistou este direi­to há 13 anos, quando atingiu 600 mil habitantes.

Afirma, ainda, que Ribei­rão Preto já teve 27 parlamen­tares. Na época, a Câmara de­volveu R$ 81 milhões para a prefeitura. “Com o aumento, haverá mais representativida­de na Câmara, permitindo que mais pessoas possam ingressar na vida pública”, afirma Trin­dade, derrotado nas urnas em 2020 e que apresentou o proje­to uma semana depois de assu­mir como suplente.

Já André Rodini é contrá­rio à proposta por entender que o aumento não é neces­sário. Ele cita alguns motivos. “O primeiro é o aumento do custo da Casa de Leis, uma vez que no ano passado, inclusive, 25 cargos foram extintos por recomendação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP)”, diz.

“Outro, que o maior núme­ro de cadeiras ajudaria gran­des partidos a elegerem mais vereadores, concentrando o poder político e diminuindo a pluralidade”, emenda. “Por fim, temos de entender que a sociedade não quer e, afinal, é ela quem paga a conta e deve sempre ser ouvida, o que acon­teceu no dia de hoje”, afirma.

Pesquisa
A Acirp lançou campanha contra o aumento dos verea­dores e atraiu uma série de as­sociações de classe e sindicatos do município e com atuação fora dos limites da cidade. O levantamento revela que 96,4% dos moradores da cidade são contra o aumento no número de vereadores, de 22 para 27.

A pesquisa por amostragem foi realizada online, entre 14 e 23 de janeiro, para saber a opi­nião da população. Segundo a Acirp, 2.053 pessoas participa­ram e 1.980 afirmaram ser con­trárias à volta das cinco cadeiras extintas no final de 2020, na le­gislatura anterior (2017-2020).

Apenas 73 ribeirão-pre­tanos (3,6%) disseram ser favoráveis. Em 2016, 30 mil pessoas contrárias à mudança assinaram um documento pe­dindo a revogação dos novos postos criados. Além da Acirp, encabeçam o movimento mais 16 associações, sindicatos e en­tidades, no mínimo.

Gasto extra
A medida tem potencial de aumentar em até R$ 15 milhões a despesa da Casa de Leis ao longo da próxima legis­latura (2025-2028) – R$ 3,75 milhões por ano –, somando subsídios dos cinco vereado­res, salários e benefícios de 25 novos assessores de gabinete e despesas operacionais. A justi­ficativa diz que vai “aumentar a representatividade”.

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