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Audiência Pública negacionista na Câmara de Ribeirão

Apologia da ignorância! Essa gente perdeu todo o senso de vergonha. Como se não bastasse o repúdio ao Papai Noel gay, a Câmara Municipal de Ribeirão se expõe, mais uma vez, de forma vexatória. Desta vez, o mesmo nobre edil, não tanto assim, André Rodini, do Partido Novo, não tanto as­sim, convocou grupos antivacinas da cidade para realizarem uma audiência pública com o objetivo de atacar a vacina e o passaporte vacinal. Era para ser uma reunião para discutir a possibilidade de ampliação ou retração do passaporte vacinal em ambientes públicos e privados. Pelo menos, era essa a notícia que circulou pela mídia antes do ocorrido.

Mas não foi bem assim. O vereador escolheu a dedo os convidados. Acabou sendo um evento quase somente restrito a pessoas contrárias às vacinas e às restrições sanitárias por causa da pandemia. Mas afinal, para que servem as audiências públicas da Câmara Municipal? Segundo o seu Regimento Interno, servem para a sociedade discutir questões relevantes para o interesse público, através do debate de ideias e de propostas plurais. Mas a organização da audiência direcionou a presença praticamente apenas aos que são contra o passaporte da vacina, contra as próprias vacinas e a favor do já condenado tratamento precoce.

Queira Deus que o vaticínio de Nelson Rodrigues não se realize: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela sua capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” E como tem idiotas propagando por aí tudo quanto é tipo de desinformação sobre a pandemia… A diversidade de ideias e a pluralidade de propostas passaram longe dessa audiência pública fajuta. Mas é bom lembrar que isso já era esperado do tal vereador. Durante o ano de 2021, ele foi protagonista de moções de congratulações a negacionistas como Lucy Kerr, defensora ferrenha do uso de medicamentos comprovada­mente ineficazes contra o covid-19.

Parabéns ao prefeito Nogueira por ter exigido, por decreto, a apresen­tação do passaporte vacinal para os servidores da prefeitura adentrarem aos seus locais de trabalho. E previu punição: falta injustificada! Chegamos a escrever aqui, em nosso último artigo, o que fazer com os antivacinas: “sancioná-los, constrangê-los e, no extremo, puni-los! Afinal, a vida de todos e de cada um de nós é mais importante do que as mentiras desses alucinados.” E põe alucinação nisso. Parte da plateia da pseudo audiência ovacionava Bolsonaro e Olavo de Carvalho, além de se manifestar com truculência e com xingamentos contra quem pensava diferente.

Um detalhe chamou a atenção. Um advogado, que se dizia representante da 12ª Subseção da OAB, fez coro com os antivacinas. A reação da própria OAB local foi rápida e contundente através de nota pública: “A Diretoria da OAB Ri­beirão Preto é absolutamente favorável à vacina e a todos os outros meios, compro­vadamente considerados eficazes pela ciência, de prevenção e combate às doenças. […] A OAB Ribeirão Preto é favorável à exigência de comprovação vacinal contra a covid-19 para ingresso em todos os espaços públicos e privados, respeitadas as exceções previstas na literatura médica”. Parabéns, OAB!

Por que será que o vereador Rodini faz tanta questão de se expor e de expor toda a Câmara com iniciativas tão estapafúrdias? Ele, na verdade, já está pensando na reeleição e quer construir um novo eleitorado cativo. Ele sabe que existe um segmento conservador e reacionário na cidade, um grupo identitário de extrema-direita, como existe em todo o mundo. Na ausência de um mandato inteligente e identificado com uma boa discussão sobre políticas públicas, ele quer cativar este eleitorado para garantir os seus votos. Quer dividi-los com a vereadora Gláucia Berenice.

Resta saber se o presidente da Câmara vai tomar alguma medida na defesa do erário público. É que o promotor do evento antivacina pode ter cometido crime de responsabilidade na condição de vereador e promotor da falsa audiência pública ao promover e dar lugar a um evento contra a saúde pú­blica. Usou indevidamente a máquina administrativa para promover desinfor­mação e fakenews sobre a pandemia dentro da Casa de Leis. Improbidade, sim, por gastos não aprovados pela falsa ideia de audiência pública. Não podemos admitir que o dinheiro público, arrecadado dos nossos impostos, seja utili­zado de maneira tão inescrupulosa, deturpada e mesquinha.

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