Tribuna Ribeirão
Justiça

Atos golpistas – Denunciados serão julgados pelo STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima semana o início do julgamento de 100 pessoas denunciadas pelo envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na ampla depredação da sede dos Três Poderes da República – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e o prédio do STF.

O julgamento será realiza­do no plenário virtual da Corte entre terça-feira (18) e segunda­-feira, 24 de abril. Na lista estão dois moradores da região: a mé­dica veterinária e social media de Guariba, Ana Carolina Isique Guardiéri Brendolan, de 31 anos, e o corretor de imóveis Barquet Miguel Júnior, de 53 anos.

Na modalidade virtual, os ministros depositam os votos de forma eletrônica e não há deli­beração presencial. Os casos que serão julgados dizem respeito aos primeiros acusados que fo­ram denunciados pela Procura­doria-Geral da República (PGR) em janeiro e fevereiro.

Crimes
Os denunciados respon­dem pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democráti­co de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. No dia 4, a Procuradoria-Geral da República enviou ao Supremo Tribunal Federal denúncias contra mais 203 pessoas acu­sadas de incitação nos atos gol­pistas de 8 de janeiro.

Com isso, chegam a 1.390 as acusações formais apresen­tadas pela PGR nos inquéritos que apuram as responsabili­dades pelos atos antidemocrá­ticos, sendo 239 relativas ao núcleo de executores, 1.150 no núcleo dos iniciadores e uma no núcleo que investiga a su­posta omissão de autoridades públicas no episódio.

No núcleo maior, as pes­soas estão sendo denunciadas por incitação à animosidade das Forças Armadas com os poderes constitucionais, às instituições civis e à socieda­de, bem como por associação criminosa. Os crimes estão previstos nos artigos 286 e 288 do Código Penal, com penas máximas que, somadas, podem chegar a três anos e 3 meses de detenção.

Até o momento, não foi denunciado nenhum finan­ciador ou mentor dos ataques. Conforme levantamento do gabinete do ministro Alexan­dre de Moraes, do STF, das 1,4 mil pessoas detidas no dia dos ataques, 294 suspeitos – 86 mulheres e 208 homens – per­manecem presos no sistema penitenciário do Distrito Fede­ral. Os demais foram soltos por não representarem mais riscos à sociedade e às investigações.

Região
Nove moradores da macror­região de Ribeirão Preto já foram beneficiados com decisões de Moraes, entre eles sete de Franca e um de Nuporanga, o suplente de vereador Henrique Fernandes de Oliveira, o Sargento Fernan­des (MDB), de 51 anos.

Marcos Joel Augusto, o Marcão Bola de Fogo, de 53 anos, morador de Pitanguei­ras, que em 2020 concorreu ao cargo de vereador pelo Cidadania e não foi eleito, foi liberado e está com tornoze­leira eletrônica, segundo a lis­ta da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF).

Outros quatro ainda estão detidos no Distrito Federal, segundo lista da Secretaria de Estado de Administração Pe­nitenciária atualizada na sex­ta-feira, 31 de março. Dois são de Ribeirão Preto, o corretor de imóveis Barquet Miguel Júnior e a advogada Nara Faustino de Menezes (43).

Um morador de Franca, o empresário Douglas Ramos de Souza (42), segue detido. Shara Silvano Silva (24) já foi libertada com uso de tornozeleira eletrô­nica. Também segue detida a médica veterinária e social me­dia de Guariba, Ana Carolina Isique Guardiéri Brendolan.

AGU
Já a Advocacia-Geral da União (AGU) pede a condena­ção definitiva de mais 42 pessoas presas em flagrante por partici­pação nos atos. O órgão defende que os envolvidos sejam obriga­dos a ressarcir os cofres públicos em R$ 20,7 milhões. Eles já se en­contram com bens bloqueados por meio de medida cautelar.

Com isso, o total de proces­sados pela AGU chega a 178 pessoas físicas, três empresas e um sindicato. O valor consi­dera prejuízos calculados pelo Palácio do Planalto (R$ 7,9 mi­lhões), STF (R$ 5,9 milhões), Câmara dos Deputados (R$ 3,3 milhões) e Senado (R$ 3,5 mi­lhões). A quantia pode aumen­tar, frisou a AGU.

Ribeirão Preto
Em outra frente, a Advoca­cia-Geral da União cobra R$ 100 milhões em danos morais coletivos de 54 pessoas físicas, três empresas, uma associação e um sindicato acusados de fi­nanciar os atos. Dois moradores de Ribeirão Preto estão na lista de 59 pessoas físicas e jurídicas que tiveram os bens bloqueados pela Justiça Federal no início da apuração, por participarem ou financiarem a ofensiva violenta.

O publicitário Genival José da Silva, de 69 anos, e a desem­pregada Márcia Regina Rodri­gues, de 48 anos, também mora­dora de Ribeirão Preto. Ele disse à imprensa que não foi notifi­cado. Também garante não ter financiado nenhuma viagem de bolsonaristas a Brasília.

A família de Márcia Regina Rodrigues diz que atualmente ela está fora do mercado de tra­balho – já fez parte da equipe de assessoria da ex-prefeita Dárcy Vera. Há uma terceira pessoa da macrorregião de Ribeirão Preto, Selma Borges Pereira Fioreze, de Monte Azul Paulista.

Reforma
A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, anunciou nesta quarta­-feira, 12 de abril, que a reforma do edifício-sede da Corte será finalizada na próxima terça-feira (18). O local foi alvo de depreda­ção durante os atos golpistas de 8 de janeiro.

O anúncio foi feito pela mi­nistra durante a abertura da ses­são desta tarde. A data foi escolhi­da para relembrar os 100 dias da invasão e coincide com o início do julgamento das 100 primeiras denúncias da Procuradoria-Ge­ral da República (PGR) contra os acusados de participar dos atos.

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