Tribuna Ribeirão
Justiça

Atos antidemocráticos – Moraes julgará casos graves em seis meses

TÂNIA RÊGO/AG.BR.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça­-feira, 13 de junho, que, em seis meses, devem ser concluídas as ações penais nos casos mais graves relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro, quan­do apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo o ministro, 250 casos mais graves – alguns dos quais envolvendo pessoas ain­da presas preventivamente ou ligadas diretamente aos atos de vandalismo – devem estar con­cluídos no prazo de seis meses. “Pelo menos aproximadamen­te 250, que são os crimes mais graves, dos que estão presos, estes em seis meses o Supremo vai concluir.”

Moraes é relator de mais de 1.390 denúncias ligadas ao 8 de janeiro. Todos os casos trami­tam no Supremo Tribunal Fede­ral sob a justificativa de que par­te dos crimes ocorreu dentro do próprio tribunal, além de haver parlamentares sob investigação, o que atrai a competência da Corte, conforme entendimento da maioria dos ministros.

Ele informou que inte­grantes de seu gabinete têm se reunido diversas vezes com a equipe da Procuradoria-Geral da República (PGR), que de­fende o julgamento das ações penais em blocos de 30, levan­do em consideração o fato de serem as mesmas as testemu­nhas para vários processos. “Então vamos fazer blocos de 30”, acrescentou Moraes.

No dia 9, o Supremo Tri­bunal Federal aceitou mais 70 de 215 denúncias restantes que envolvem os atos antidemocrá­ticos. Foi o sétimo lote de acu­sações ligadas ao 8 de janeiro. Já são 1.245 réus, totalizando 89,6% das 1.390 denúncias apre­sentadas pela Procuradoria-Ge­ral da República (PGR). Os jul­gamentos ocorrem no plenário virtual, modalidade na qual os ministros têm um período para votar pelo modo eletrônico, sem deliberação presencial.

Nesta leva, seis denúncias são relativas a investigados acu­sados de participação direta nos atos. Neste caso, os crimes im­putados são mais graves, entre os quais associação criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, deterioração de patri­mônio tombado e dano quali­ficado ao patrimônio da União.

As outras 64 denúncias em julgamento são relativas a in­citadores dos atos golpistas, sobretudo aqueles que acampa­ram por semanas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, local em que se pe­dia abertamente a intervenção militar sobre o resultado da eleição. Foram enquadrados em ilícitos como incitação à animosidade das Forças Arma­das contra os Poderes da Repú­blica e associação criminosa.

Uma vez aceita a denúncia, a pessoa passa à condição de ré, respondendo pelos crimes em uma ação penal. Nessa fase do processo, abrem-se oportu­nidades para manifestações de acusação e defesa, na qual po­dem ser arroladas testemunhas e pedidas outras diligências. A legislação penal não prevê pra­zo definido para a conclusão dos trabalhos.

Em 29 de maio, o Supremo Tribunal Federal tornou réus mais 131 envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Depois deste sétimo julgamento, ainda faltarão mais 145 denúncias. Até agora, são 100 da primeira roda­da (18 a 24 de abril) e 200 da se­gunda (25 de abril a 2 de maio).

No terceiro julgamento (3 a 8 de maio), mais 250 denún­cias foram recebidas. Na quarta rodada (9 a 15 de maio) foram mais 245. Na quinta fase (16 a 22 de maio) foram recebidas mais 249 denúncias, e na sexta (23 a 29 de maio) mais 131. Agora, nesta sétima etapa (2 a 9 de ju­nho), são mais 70.

Os prejuízos somam R$ 26,2 milhões. Este valor envolve R$ 11,4 milhões referentes ao pré­dio do Supremo Tribunal Fede­ral. Ainda considera prejuízos calculados pelo Palácio do Pla­nalto (R$ 7,9 milhões), Câmara dos Deputados (R$ 3,3 milhões) e Senado (R$ 3,5 milhões). O STF autorizou o bloqueio de bens e valores dos supostos fi­nanciadores até o limite de R$ 40 milhões.

Dez moradores da região de Ribeirão Preto já viraram réus. São seis de Franca, dois de Ribei­rão Preto, um de Guariba e outro de Nuporanga. Eles responde­rão pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de estado, dano qualificado e incitação ao crime. Dos 1.406 que seguiram presos após as audiências de custódia, permanecem na prisão 152 ho­mens e 64 mulheres.

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