Tribuna Ribeirão
DestaqueEsportes

Atleta do Ribeirão Preto Handebol é convocado para seleção brasileira master 

Rafael da Silva, o Farofa, tem vida dedicada ao esporte e família envolvida na modalidade 

Após duas décadas de dedicação ao esporte, Farofa foi recompensado com convocação (Renan Bin/Follow Comunicação)

Por Hugo Luque 

Dentro de quadra, Rafael da Silva organiza as jogadas ofensivas e distribui a bola para seus companheiros, que buscam sempre o gol. Em casa, tem um papel semelhante, em uma família formada por uma verdadeira equipe, que também demonstra sua paixão pelo handebol. E ele colhe os frutos da dedicação em todas as frentes. Armador do Ribeirão Preto/Barão de Mauá, o Farofa, como é conhecido, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira da modalidade. 

Aos 37 anos, o atleta defenderá a camisa verde e amarela na disputa da categoria 35+ masculina da IV Copa América de Handball Master. A competição será sediada em Assunção, capital do Paraguai, entre os dias 23 e 28 de setembro deste ano. 

Ainda falta bastante tempo, mais de sete meses, mas Farofa já conta no calendário, com ansiedade, os 233 dias que o separam de uma das maiores conquistas de sua longa carreira. 

“A partir de agora é treinar bastante. Quero me preparar para chegar bem na Copa América. As competições [da temporada] ainda não foram definidas. Mas, sim, permanecerei no Handebol Ribeirão Preto”, afirma o armador. 

Embora já defenda o time de Ribeirão Preto há muitos anos, Farofa não é da cidade. Natural de Pontal (SP), a cerca de 40 quilômetros de Ribeirão, o armador começou no handebol como vários outros jovens por todo o estado de São Paulo: nos Jogos da Primavera. 

O evento, um dos principais jogos escolares do país, reúne há décadas crianças e adolescentes para disputas de futsal, queimada, futebol, vôlei, atletismo e, é claro, handebol – além de outras modalidades. 

“Comecei na Escola Estadual Dolores Belém Novaes, em Pontal, com 14 anos, jogando jogos escolares, o antigo Jogos da Primavera. Depois, comecei a competir em outros eventos, como os Jogos da Juventude e os Jogos Regionais. Por fim, acabei vindo jogar em Ribeirão, em 2006. Desde então, passei pelas equipes de Franca, Descalvado, Catanduva”, conta o mais novo convocado para a seleção que, apesar de já ter dedicado quase dois terços de sua vida ao handebol, recebeu a notícia da realização de seu sonho de infância com surpresa. 

“Não, não esperava. Foi uma surpresa pra mim. Essa é a minha primeira convocação. (…) Jogar na seleção é coroar minha trajetória nesse esporte que tanto amo.” 

Miguel Jabur, diretor e coordenador do Ribeirão Preto Handebol/Barão de Mauá, celebrou a conquista do jogador. “Recebemos essa convocação com enorme felicidade. O Farofa joga conosco desde os 15 anos, sempre se destacou. Ele é uma pessoa dedicada, batalhadora e merecedora de todo esse reconhecimento. É emocionante vê-lo com a camisa amarelinha da seleção.” 

Coisa de família 

Farofa chegou a Ribeirão muito jovem. Porém, o handebol se transformou, ao longo do tempo, em seu principal aliado para fazer amizades e até mesmo ir além. No esporte, o atleta conheceu Fran e com ela se casou. 

“Ela (Fran) também joga. Nos conhecemos em 2007, jogando por Ribeirão, e estamos juntos desde então. O handebol foi onde nos conhecemos e construímos nossa família e, com toda certeza, foi muito importe para o nosso relacionamento começar e se manter até hoje”, detalha Farofa. 

Hoje, o “time” dos Silva ainda conta com o jovem Yuri, de 14 anos, e com a pequena Maria Cecília. O adolescente não perdeu tempo e segue o caminho dos pais na equipe de Ribeirão Preto. Mas, na visão do pai, já era algo previsível pela criação de Yuri. 

“Ele já integra as categorias de base do Ribeirão Preto Handebol/Barão de Mauá e sempre esteve em todas as competições com a gente. Ficava em alojamento quando a gente viajava para jogos desde de pequeno. Não poderia ser diferente, ele literalmente cresceu no handebol.” 

A rotina de Farofa é intensa. Além de cuidar do corpo, treinar e competir em alto nível, ele também trabalha longe do esporte, já que, pelo menos por enquanto, o handebol ainda não paga suas contas. 

“Sou operador de processos numa indústria de alimentos. Infelizmente, a realidade do handebol no Brasil não é das melhores, tem times que conseguem manter seus atletas com um salário razoável. Mas, aqui em Ribeirão, não. Nós recebemos bolsa atleta, mas não é um valor para se sustentar, infelizmente”, lamenta. 

Talentoso e dedicado 

Os grandes nomes do esporte mundial sempre dizem: não adianta só talento. A dedicação diária é imprescindível não apenas para evoluir tecnicamente, mas para manter a forma física. Segundo Miguel Jabur, isso nunca foi problema para Farofa. 

“Na categoria principal, ele foi decisivo e importante no primeiro semestre. Nos Jogos Regionais fez a diferença, especialmente na final. É um atleta muito dedicado, trabalhador e com muita qualidade técnica. Consegue fazer muitas funções dentro da quadra”, disse o treinador do time ribeirão-pretano Júnior Nero. 

“Apesar de estar perto dos 40 anos, ele cuida muito bem do preparo físico e se destaca não só na equipe master, mas também na principal, que disputa o Campeonato Paulista”, completa Jabur. 

Foi justamente o bom desempenho no estadual que chamou a atenção da comissão da seleção brasileira, de acordo com Farofa. Aparecer nos grandes momentos, inclusive, é algo em comum que o atleta de Pontal tem com suas principais inspirações. 

“Meu maior ídolo no esporte é o jogador de basquete LeBron James. Com 40 anos, ainda se mantém em alto nível. No handebol, sempre gostei muito de ver o Bruno Souza jogando.” 

Agora, o “cérebro” do time de Ribeirão Preto sonha em repetir o feito do brasileiro bicampeão pan-americano, em setembro, e garantir mais uma conquista para a pesada camisa amarela. 

“É muita alegria. É uma realização. Jogar na seleção é sonho de todo atleta, além de disputar jogos e defender o seu país. O handebol me deu muitas oportunidades, a mais importante delas foi construir minha família”, completa Farofa. 

 

 

Postagens relacionadas

Bares e restaurantes: 2 mil fechados e 10 mil demitidos

Redação 1

RP tem 205.225 inadimplentes

William Teodoro

Comércio eletrônico movimentou R$ 196,1 bi em 2023

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com