Tribuna Ribeirão
Política

Atividade Delegada ou “bico policial” ainda não sai do papel

Aprovada na Câmara de Ri­beirão Preto em 6 de março, por unanimidade (25 votos a zero), a lei que autoriza o município a contratar policiais militares para atuar nas horas de folga por meio da “Atividade Dele­gada” ainda não saiu do papel. Prevista para entrar em vigor um mês após sua aprovação, o município foi autorizado a assinar convênio com a Secre­taria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP) para que PMs passem a traba­lhar junto ao Departamento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal da Fazenda. Poste­riormente, o prazo foi estendido para junho, mas parece que vai ficar para o segundo semestre.

Segundo informações obti­das pelo Tribuna Ribeirão junto a uma pessoa ligada à adminis­tração municipal, a demora para o início das atividades estaria vinculada a fatores financeiros. O custo mensal da parceria para a prefeitura será de R$ 120 mil. Cada policial militar receberá uma Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (Ufesp) por hora trabalhada – neste ano cada uma vale R$ 25,70 – para oficiais, as­pirantes, subtenentes e sargen­tos, e de 90% de uma Ufesp (R$ 23,13) para cabos e soldados.

O convênio também permi­te que os PMs cumpram jorna­da de trabalho de até oito horas (máximo de 80 horas no mês) e de doze horas por dia (máximo de 96 horas mensais). No caso de um soldado, uma jornada de oito horas resultará em uma gratificação de R$ 185,04 por dia trabalhado. Se a jornada di­ária for de doze horas, será de R$ 277,56. A estimativa da admi­nistração é investir R$ 120 mil anuais no programa, no início. Os PMs podem trabalhar para a prefeitura fardados e armados.

O convênio, com validade de um ano, prorrogável por mais quatro (até cinco), prevê a contratação de “até” 30 poli­ciais militares. O projeto apro­vado cita como tarefas a serem executadas o apoio ao Depar­tamento de Fiscalização geral da Secretaria Municipal da Fa­zenda para coibir o comércio ambulante ilegal, invasões de áreas públicas, descarte irregular de lixo (resíduos sólidos), inter­dição de obras clandestinas e fe­chamento de comércio irregular, entre outros casos relacionados a infrações previstas no Código de Posturas Municipais.

Questionada sobre a de­mora na implantação da “Ati­vidade Delegada” e sobre a possível falta de recursos, a prefeitura de Ribeirão Preto não respondeu sobre a possí­vel dificuldade financeira. In­formou apenas que o convênio será assinado nos próximos dias. “O assunto está sendo definido entre os governos es­tadual e municipal. A data será divulgada oportunamente”, frisa a nota. A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), uma das defensoras do convênio, apoia a atividade e co­bra agilidade da prefeitura para a implantação do programa.

Para Luciano José Alves da Silva, diretor substituto da Fis­calização Geral do Município, o auxilio dos policias militares no trabalho de campo é fundamen­tal. Isso porque, diariamente, os fiscais são alvo de agressões. No ano passado, por exemplo, doze foram agredidos. Um deles, in­clusive, foi atingido por uma carriola jogada por um ambu­lante. O departamento possui 21 fiscais e neste ano já realizou mais de 600 fiscalizações.

No total, contando outros setores, a prefeitura tem cerca de 140 fiscais e seria necessário pelo menos o dobro para dar conta do serviço. “Estamos es­perando com muita expectativa o inicio da atividade delegada para que nossos fiscais tenham mais segurança no exercício do seu trabalho. Diariamente a fis­calização enfrenta confrontos e muitas vezes é vitima de agres­sões. Com os policiais acompa­nhando nosso trabalho isso deve acabar”, afirma Silva, que está substituindo o diretor Antônio Carlos Muniz, que está de férias.

Apesar da expectativa da Fis­calização Geral, quando estiver em funcionamento a “Atividade Delegada” deverá sofrer vigilân­cia dos vereadores. Segundo o parlamentar Adauto Honorato, o “Marmita” (PR), presidente da Comissão Especial de Estu­dos (CEE) dos Ambulantes, o trabalho a ser realizado pelos policiais será tema da próxima reunião, ainda sem data, mas que deve ocorrer nos próximos dias. “Temos que analisar como será o trabalho deles junto aos ambulantes para depois tomar­mos uma decisão”, afirma.

Outro vereador que pro­mete fiscalizar o trabalho é Otoniel Lima (PRB). Durante a votação do projeto de lei na sessão do dia 6 de março, ele afirmou que o objetivo prin­cipal não era o combate aos ambulantes e que fiscalizaria para que isso não aconteces­se. Nesta segunda-feira, 25 de junho, ele manteve seu posi­cionamento e garantiu que vai fiscalizar as ações dos policiais.
”Devo ressaltar que a fisca­lização da Polícia Militar junto aos ambulantes é uma realidade em demais localidades, e aqui não será diferente. Porém, quero reiterar que a proposta principal do projeto ‘Atividade Delegada’ era aumento de policiais nas ruas fortalecendo a segurança pública do município, bandeira da qual eu defendo nesta Casa de Leis”, completa.

Postagens relacionadas

Senado aprova PL da desoneração de 17 setores da economia 

Redação 2

De olho em 2022, Cabo Daciolo tenta recriar partido de Enéas

Redação 1

Vereadores autorizam a prefeitura a receber área

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com