Atirador é liberado pela polícia 

O homem que disparou contra três pessoas e acabou atingindo, por engano, o jovem trabalhador Ruan César de Godoi, de 22 anos, na madrugada do último domingo (2), após uma briga com o funcionário  de um estacionamento na avenida Jerônimo Gonçalves, na Baixada, no Centro de Ribeirão Preto, se apresentou na Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), na tarde desta segunda-feira, 3 de junho. 
 
O rapaz levou um tiro na cabeça e está internado em estado gravíssimo. Segundo o advogado de defesa José Ricardo Romão, o suspeito admitiu ter efetuado disparos depois da briga. Mesmo assim, o atirador foi liberado e vai aguardar o desenrolar do inquérito em liberdade. O delegado Rodolfo Latif Sebba vai pedir a prisão do atirador e do amigo dele que pilotava a motocicleta usada no crime.  
 
Ele se apresentou espontaneamente à Polícia Civil e indicou que havia descartado a arma usada no crime em um bueiro no bairro dos Campos Elíseos, na Zona Norte – foi encaminhada para o Instituto de Criminalística, que realizou a perícia no local dos disparos e vai analisar a arma. Diz que a arma é herança de família, uma relíquia com numeração.  
 
O advogado disse ainda que o atirador – ele não teve a identidade revelada – não tinha a intenção de ferir ninguém e pretendia apenas dar um susto nos funcionários do estacionamento por causa das agressões que sofreu. Garante que seu cliente está arrependido. A Polícia Civil trata o caso como tentativa de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) com erro de execução – crime cometido por engano.  
 
Ruan César de Godoi estava no estacionamento quando foi atingido por um dos disparos. Momentos antes, por volta de 03h30, um funcionário do local se desentendeu com dois clientes por causa do pagamento do tíquete. Dois homens entraram em luta corporal.  
 
Um deles, aparentemente o funcionário do estacionamento, estava de boné preto. Depois da briga, os dois que haviam parado o carro no local vão embora. Por volta de 03h50, três homens aparecem na porta do estabelecimento. Um deles é Ruan César de Godoi, de 22 anos, que havia saído do trabalho.  
 
É ajudante de um grupo musical que havia se apresentado em uma casa de shows na região. Ruan Godoi havia quitado a estadia do veículo e aguardava o carro para ir embora. Neste momento, um suspeito desce da garupa de uma moto Honda Biz. Usando capacete e empunhando uma arma, ele se aproxima dos três homens no portão do estabelecimento.  
 
Ruan César de Godoi também usava um boné preto e foi alvejado na cabeça. Os outros dois homens correm sem serem atingidos e o autor dos disparos foge. O trabalhador foi socorrido por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado ao Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE).  
 
Seu estado é considerado gravíssimo. Até a tarde de ontem a equipe médica ainda aguardava a melhor hora para submeter o jovem à cirurgia, considerada muito delicada. Segundo o diretor da Deic, Kleber de Oliveira Granja, trata-se de tentativa de homicídio doloso com erro de execução – crime cometido por engano,  segundo a Polícia Civil.  
 
“A conduta a ser atribuída, em tese, aos dois ocupantes da moto Honda Biz, será a de homicídio doloso qualificado tentado mediante o chamado erro de execução, quando o agente, por erro nos meios de execução do crime, atinge pessoa diversa daquela que queria matar”, explica o delegado.