Estamos encerrando o mês de julho marcado pela perda de grandes ícones da cultura, notadamente da música nacional e internacional. Destaquemos alguns: no dia 17 perdemos João Donato de Oliveira Neto. Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor, João Donato nasceu em Rio Branco, no Acre, no dia 17 de agosto de 1934. Além da importante participação na consolidação da bossa nova, foi um músico de tamanha criatividade que promovia fusões musicais, de jazz e música latina, entre tantos outros. Como arranjador participou de discos de grandes nomes da MPB como Gal Costa e Gilberto Gil. João Donato ganhou diversos prêmios, inclusive o Grammy Latino de excelência musical em 2010.
Entre suas grandes parceiras na música estava a cantora Leny Andrade. Leny de Andrade Lima, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 25 de janeiro de 1943 e sempre será uma das grandes estrelas da música. Iniciou a carreira participando de programas de calouros em rádios, mas estreou profissionalmente como crooner da orquestra de Permínio Gonçalves passando mais tarde a cantar em boates. Era um dos destaques do famoso Beco das garrafas, reduto de boêmios e músicos da bossa nova. Morou no México, Estados Unidos e Europa onde se aperfeiçoou. Leny Andrade é considerada por muitos como a maior cantora brasileira de jazz e faleceu no Rio de Janeiro em 24 de julho de 2023.
A data também será lembrada pela morte de outra grande cantora: Adelina Doris Monteiro, que nasceu no Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro de 1934 e adotou o nome artístico Doris Monteiro. Considerada uma das mais expressivas cantoras da transição do samba-canção para a bossa nova. Doris Monteiro também começou a despontar para o público cantando em programas de calouros no rádio, em francês. Destacou-se pela voz suave que emprestava charme e frescor às canções, privilegiando também letras mais alegres. Doris Monteiro também atuou no cinema, participando de oito filmes. Em 1953 obteve o prêmio de Melhor Atriz no Primeiro Festival de Cinema por sua interpretação em Agulha no Palheiro. Em 1952, se tornou Rainha dos Cadetes, já em 1956 foi eleita Rainha do Rádio. Gravou mais de 40 discos.
Voltando a Leny Andrade, uma informação importante é que ela também era admirada por Tony Bennett, falecido no dia 21 de julho de 2023. Anthony Dominick Benedetto nasceu em Nova Iorque aos 3 de agosto de 1926 e foi um dos artistas estadunidenses mais consagrados. Entre os vários prêmios, ganhou 18 Grammy Awards e dois Emmy Awards. Ele já vendeu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo. Ídolo desde os anos 1950, em 2010 fez parte do grupo que regravou a música We are the World, sucesso de Michael Jackson, criado em 1986 para combater a fome na África. Uma das marcas do artista era as parcerias em duetos inesquecíveis com artistas como Frank Sinatra, Paul McCartney e Aretha Franklin. Também ficou conhecido pelas novas gerações ao gravar duetos com Amy Winehouse, Lady Gagga, Norah Jones, Diana Krall, Thalía e até a brasileira Ana Carolina.
Dentro da liberdade poética permitida aos escritores, cuja data comemoramos em 25 de julho, fico imaginando um show celestial, onde no palco estariam reunidos Tony Bennett, Doris Monteiro e Leny Andrade tendo João Donato ao piano. A apresentação ganharia destaque sendo apresentados pela voz elegante e marcante do Antonio Carlos Coelho, falecido no dia 23. Coelho foi jornalista, radialista, locutor e mestre de cerimônias com passagens pela EPTV e emissoras de rádio AM e FM. Também durante anos foi o locutor da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto.
Fica aqui nossa reverência, respeito, reconhecimento e saudade dos astros e estrelas que partiram em julho de 2023, mas por suas vozes e talentos ficarão marcados em nossa memória e na história da música.