Um círculo escuro no meio de um disco resplandecente: a imagem de um buraco negro – a primeira na história da astronomia – foi apresentada nesta quarta-feira, 10, ao mundo. O primeiro “monstro cósmico” a ser registrado foi detectado no centro da galáxia M87, a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra, segundo os responsáveis pelo projeto internacional chamado Event Horizon Telescope (EHT).
Uma distância difícil de imaginar”, admite Frédéric Gueth, astrônomo e vice-diretor do Instituto de Radioastronomia Milimétrica (IRAM), na Europa, que participou da pesquisa.
A imagem foi feita graças à colaboração internacional EHT, que reúne quase uma dúzia de radiotelescópios no mundo, da Europa ao Polo Sul, passando pelo Chile e Havaí. O equipamento permitiu a imagem de um dos os monstros sugadores de luz do universo teorizados por Albert Einstein no século passado. O que a imagem mostra no disco resplandecente é gás aquecido a milhões de graus pela fricção de gravidade cada vez mais forte, disseram os cientistas.
Combinando esses locais, como se fossem pequenos fragmentos de um gigante por meio de uma técnica chamada interferometria, os astrônomos puderam formar um observatório virtual do tamanho da Terra, com o qual “um jornal aberto em Paris poderia ser lido de Nova York”, segundo Gueth.
A imagem, almejada por muitos anos e até agora apenas simulada em computador, é tema de seis artigos publicados nesta quarta-feira na revista científica Astrophysical Journal Letters, assinada por mais de 200 autores de mais de 60 órgãos científicos. A foto foi apresentada em seis entrevistas coletivas simultâneas pelo mundo. (Com agências internacionais).