A Polícia Militar apreendeu, na madrugada desta terça-feira, 30 de outubro, em Hortolândia, na região de Campinas, um arsenal que pode ter sido usado pela quadrilha que atacou a sede da Brink’s, no bairro da Lagoinha, na Zona Leste de Ribeirão Preto, na madrugada de segunda-feira (29). O diretor do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior (Deinter-3), delegado João Osinski Júnior, disse na manhã de ontem que as armas de uso restrito das Forças Armadas apreendidas em um terreno podem ter sido usadas no ataque à empresa de transporte de valores.
Uma metralhadora ponto 50 foi apreendida. A arma tem poder de fogo para perfurar e atravessar carros blindados e pode até derrubar aeronaves como helicópteros. No entanto, o delegado diz que a pericia da Polícia Civil fará “um confronto balístico” para confirmar se o arsenal pertence à quadrilha de aproximadamente 50 homens que atacou a Brink’s, trocou tiros com a PM e levou pânico e terror aos ribeirão-pretanos. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), de São Paulo, colabora com o Deinter-3.
Osinski também revelou que os peritos vieram de São Paulo e coletaram impressões digitais e DNA encontrados nos carros que foram abandonados pela quadrilha em Serra Azul. O material será confrontado com o banco de dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) na tentativa de identificar os criminosos – vão analisar principalmente as fichas dos indiciados por ataques a empresas de valores e carros-fortes.
Um dos supostos líderes da quadrilha, Fábio Donner Silva Martins, de 32 anos, foi baleado e morreu no confronto com a PM em Ribeirão Preto. Osinski diz que ele já havia sido preso em 2012, em Minas Gerais, e em 2015, no Estado de Goiás, pelo mesmo crime. O delegado acredita que a quadrilha mineira se fundiu com a paulista que atua na região de Campinas e Hortolândia.
Para o diretor do Deinter-3, o bando é responsável pela maioria dos ataques a empresa transportadoras de valores e carros-fortes no Brasil e até no exterior, principalmente no Paraguai, onde pode estar um dos supostos líderes, o foragido da Justiça Diego Capistrano. A quadrilha seria responsável por outros ataques no litoral paulista e em outras regiões do país. Além do armamento de uso restrito das Forças Armadas, um carro blindado importado e sem placas foi encontrado abandonado em Campinas. A suspeita é que tenha sido usado pelo bando na fuga.
Além da metralhadora ponto 50 (fuzil “Barret” calibre .50, arma de guerra), a Força Tática do 48º Batalhão de Polícia Militar do Interior (48º BPM/I) apreendeu em Hortolândia, após denúncia anônima, em um terreno no Jardim Novo Ângulo, um tambor com quatro fuzis calibre .556, um calibre .12, mais 25 carregadores, três coletes á prova de balas, capacetes, camuflado urbano e mais de mil munições.
O ataque à Brink’s aconteceu na madrugada de segunda-feira (29), no bairro Lagoinha. A quadrilha fez um frentista refém e detonou o muro entre o posto de combustível e a empresa, para invadir o local. A Polícia Militar realizou um cerco e houve tiroteio por duas horas. Três homens foram detidos, sendo um deles ferido. O trio acabou sendo liberado por falta de provas. De acordo com a PM, o dinheiro não foi levado.
Dois fuzis, um AK-47, de fabricação russa, e um Colt M4, norte-americano, foram apreendidos. Munição de fuzil calibre nove milímetro, metralhadora ponto 50, capacete balístico, touca ninja, “miguelitos” para furar pneus das viaturas também foram apreendidos. Em nota, a assessoria da Brink’s informou que “está à disposição das autoridades para eventuais esclarecimentos dos fatos” e que os funcionários que estavam no local “já receberam a devida assistência e passam bem”.