Por Matheus Mans
Se há uma característica marcante em As Múmias e o Anel Perdido, é seu multiculturalismo. Afinal, o filme é uma produção espanhola sobre múmias do Egito Ptolomaico, que participam até de corridas com bigas romanas, e que, ao atravessar um portal, vão parar em Londres, a capital da Inglaterra, nos dias de hoje.
Parece – e realmente é – uma salada. O filme, dirigido pelo estreante Juan Jesús García Galocha, não tem preocupação em estabelecer uma história minimamente plausível. Na trama, o jovem Thut (Joe Thomas, na dublagem original) é escolhido, por acidente, como a alma gêmea da princesa Nefer (Eleanor Tomlinson). Não tem saída, é seu destino. Até que, sem muita explicação, ele acaba descobrindo um portal no tempo e vai para a Inglaterra.
JOIA
A partir daí, ao lado da futura amada, do irmão (Santiago Winder) e de um crocodilo mumificado, Thut e seu grupo começam a vagar pelas ruas britânicas não só estranhando os arredores, como também procurando um anel essencial para que o casamento ocorra. A joia, antes dessa viagem de tempo-espaço, foi roubada por um arqueólogo vigarista, que descobriu a passagem mágica e conseguiu levar os bens de Thut.
É uma bagunça sem muita explicação. Galocha parece não estar interessado em criar regras para esse universo – algo essencial nas melhores animações, indo desde a mente de uma criança em Divertidamente até as fábulas de Shrek. É preciso ter boa vontade para embarcar nas soluções, histórias e acontecimentos de As Múmias e o Anel Perdido, que vão se sucedendo aos tropeços. A lógica, pelo visto, ficou perdida nas areias do Egito.
No entanto, a animação da Warner consegue ter algo de simpático e divertido debaixo de suas camadas mais superficiais. A união dos personagens traz uma boa mensagem para as crianças, enquanto o estranhamento ao ambiente dos humanos nos dias de hoje é o ponto alto – que poderia ser mais bem desenvolvido. Nada impede, porém, que as crianças tenham a imaginação de como seria encontrar uma múmia na rua de casa.
Lembra um pouco as histórias de As Aventuras de Tadeo, outra produção espanhola, que também tem múmias vivas e exploração de antiguidades. A criança pode até não ficar tão entretida com a história, mas sem dúvidas vai ter material de sobra para ficar pensando nas possibilidades, nas ideias e nos personagens que o filme cria. E isso, no final das contas, acaba sendo o ponto mais precioso de uma animação: divertir os pequenos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.