A vida cotidiana da extinta União Soviética, retratada por seis fotógrafos de renome internacional, alguns deles lidando com os limites impostos pela censura do regime comunista, pode ser vista até 25 de fevereiro em uma exposição no Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro (praça XV de Novembro nº 48), de terça-feira a domingo, das 12 às 18 horas, com entrada franca.
Realizada em parceria com o Museu Oscar Niemeyer (MON), de Curitiba (PR), a mostra “A União Soviética através da câmera” reúne cerca de 200 imagens em preto e branco que documentam o período que vai de 1956, ano em que Nikita Khruschev denunciou os crimes cometidos por Josef Stalin, a 1991, quando o Estado soviético se dissolveu e as 15 repúblicas que o formavam se tornaram independentes.
Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, a seleção de fotos enfatiza a estética do período, abordando temas de grande importância histórica para o entendimento do regime soviético, como educação, saúde, esporte, moda, juventude comunista, cultura, ciência e indústria. Os seis fotógrafos são Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev, Vladimir Bogdanov, Yuri Krivonossov, Victor Akhlomov e Antanas Sutkus.
“Lagrange e Lazarev continuam na ativa, são nomes de referência na fotografia contemporânea russa. Krivonossov e Bogdanov são mais conhecidos pelo que fizeram na era soviética, trabalhando para publicações oficiais”, explica a curadora Maria Vragova, produtora cultural russa radicada no Brasil. Falecido no ano pasado, Victor Akhlomov foi um dos mais famosos fotojornalistas da antiga União Soviética e da Rússia atual, premiado quatro vezes pelo World Press Photo e detentor do maior prêmio fotográfico de seu país, o Olho Dourado.
Já o lituano Antanas Sutkus é considerado um dos mais expressivos fotógrafos da atualidade, além de fundador de uma escola de fotografia que deu grande impulso a essa arte nos países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia). Antanas Sutkus foi o fundador da escola de fotografia na Lituânia, dando assim um grande impulso à fotografia em todos os países bálticos. Durante o período soviético, a maior parte da produção fotográfica de Sutkus foi logo para os arquivos, sem nem mesmo ser mostrada ao público.
“Sutkus guarda um acervo de mais de um milhão de negativos, produzidos entre os anos de 1950 e 1990. São fotos que ele não revelava porque sabia que seriam censuradas. Na exposição, temos algumas dessas imagens que não foram exibidas”, conta Maria Vragova. Hoje, exposições por todo o mundo são consagradas à obra do fotógrafo lituano, que integra o acervo de museus prestigiados, como o Victoria e Albert Museum, de Londres, o Nicephore, de Nice (França), o Museu de Fotografia, de Helsinki, e o Instituto de Arte de Chicago, Estados Unidos.