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As fontes

Na história do Homem há uma simbiose entre ele e a água, que transcende a necessidade da hidratação, como condição de vida. Por isso, aproximou-se dos rios, na construção das primeiras cidades e, para mantê-la por perto, entre outros inventos, criou as fontes. Das mais simples às mais sofisticadas, para decoração, algumas vezes para ostentação, elas fazem parte da vida das urbes, adornando seus monumentos. Desde a Antiguidade, há fontes na vida do homem.

Na cultura japonesa, a água tem lugar de destaque e em seus jardins são construídas canaletas por onde ela escorre. Para fazer o marulhar característico, os japoneses cobrem estas canaletas de pedras, forçando a água a cantar. Em algumas delas, até miniatura de monjolo, feita de bambu grosso e oco, produz um som seco e grave – tum -, ajudan­do a criar um clima de descanso e serenidade, tudo envolto pela magia da criatividade e suavidade nipônicas.

Os europeus são mestres do assunto. Na cidade de Tí­voli, nas bordas de Roma, em 1550, um cardeal construiu a Villa d’Este, e aproveitando o enorme declive do terre­no, mandou erguer mais de 500 fontes, cascatas e jatos de água. Obra prima do engenho humano, é uma das mais belas criações do Homem, tanto que é reconhecida como Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO.

Ca­minhar por suas alamedas, que vão descendo ao som da água que cai é momento de meditação e tranquilidade. Suas inúmeras estátuas vertem água de várias maneiras, encantando o visitante.

A Roma dos Estados Pontifícios foi pródiga em dotar sua capital, a Cidade Eterna, de fontes
magníficas, cujos projetos detalhados estão guardados nos Museus Vati­canos. Dentre elas, duas se destacam: a enorme fonte da Piazza Navona, de autoria de Bernini, ao lado do magnífico palácio que abriga a Embaixada do Brasil e a insuperável Fontana di Trevi, erigida na lateral de um edifício e ponto obrigatório de visita , onde os turistas es­perançosos lançam moedas, na tentativa de assegurar uma nova visita.

Em Paris há também uma infinidade de fontes, ornan­do seus monumentos majestosos, completando os jardins de seus palácios, inclusive as mais de 700 oferecendo água potável à população que caminha por suas ruas e a original Fontaine des Automates, em estilo moderno, ao lado do Centre George Pompidou.

Dubai, monumento da criatividade humana, erigido em meio do deserto, colocou em frente ao edifício mais alto do mundo, com mais de 800 metros de altura, um conjun­to de águas dançantes, iluminadas, que fazem um contras­te gritante ao deserto, transformado em jardim.

No dia 20 de janeiro de 1939, como parte do plano de reforma da Praça XV de Novembro, Ribeirão Preto ganhou sua Fonte Luminosa, com cores azul, vermelho e amarelo. Por muitos anos, é referência do centro: de dia, sua cortina branca se eleva no meio do jardim que a circunda; de noite enche a praça com cores. Recentemente, foi restaurada pela administração municipal e voltou como atração da cidade.

O Senhor, que de vez em quando exagera nas suas Cria­ções, mas gosta de umas fontinhas, não teve dúvida em dar ao Brasil as Cataratas do Iguaçu, a maior fonte da Terra.

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