Pesquisa realizada pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sobre mobilidade social, revela que o Brasil se encontra na 2ª pior posição do ranking, sendo necessários nove gerações para a ascensão. Este índice é substancialmente alto, uma vez que representa um valor duas vezes maior que média mundial, de 4,5 gerações. O levantamento analisou dados de 30 países e o Brasil só fica atrás da Colômbia, que necessita de incríveis 11 gerações para sair da classe baixa para classe média.
Mobilidade social se refere à mudança do indivíduo na hierarquia social ao longo do tempo, que atualmente é dividida em três grupos: classe baixa, classe média e classe alta. Um importante indicador para se medir a mobilidade social, é a quantidade de gerações necessárias para uma família sair da classe baixa, até alcançar a classe média.
O indicador da OCDE foi construído levando em consideração a “elasticidade intergeracional de renda”. Ou seja, como o nível de rendimento dos filhos é determinado pelo dos pais. A instituição ressalta no estudo que a simulação tem como finalidade dar a dimensão da dificuldade de ascensão social – e que não deve ser interpretada como o tempo exato para que a família de um determinado domicílio de baixa renda atinja a renda média.
Na média entre os países analisados, a chamada “persistência” da renda intergeracional é de 40%. Isso significa que, se uma família tem rendimento duas vezes maior o que de outra, o filho terá, em média, renda 40% mais alta que a da criança da família de menor renda.
Apenas 2,8% da população brasileira estão na classe alta (classe A), enquanto as classes B e C representam respectivamente 13,2% e 33,3%. Surpreendentemente, mais da metade de toda população brasileira (50,7%) est na classe baixa (classes D e E).
A dificuldade em alcançar a mobilidade social é uma realidade em todas as classes sociais, mas é particularmente agravada na classe baixa. Os filhos provenientes de famílias de baixa renda, têm maior probabilidade de frequentar escolas com baixa qualidade de ensino.
A falta de uma educação adequada, limita severamente as oportunidades desses jovens no mercado de trabalho, resultando em empregos mal remunerados, com poucas possibilidades de crescimento salarial, o que, por sua vez, contribui para a perpetuação do ciclo de pobreza.
Isso significa que a chance de uma criança de baixa renda de ter um futuro melhor do que a realidade em que nasceu está, em maior ou menor grau, relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais. Nos países ricos, o “elevador social” anda mais rápido. Nos emergentes, mais devagar. E no Brasil, ainda mais lentamente.
Mais de um terço daqueles que nascem entre os 20% mais pobres no Brasil permanece na base da pirâmide, enquanto apenas 7% conseguem chegar aos 20% mais ricos. Na média do levantamento, 31% dos filhos que crescem entre 20% mais pobres permanecem nesse grupo e 11% ascendem um pouco na pirâmide.
Nesse sentido, segundo o levantamento, a desigualdade social e de renda é definidora do acesso às oportunidades que podem fazer com que alguém consiga ascender socialmente. “Além do chão pegajoso, países como o Brasil têm também tetos pegajosos”, acrescenta Stefano Scarpetta, diretor de emprego, trabalho e assuntos sociais da OCDE, referindo-se às famílias de alta renda.
O nível elevado de desigualdade também se manifesta na mobilidade no topo da pirâmide. Isso significa que a probabilidade de crianças mais abastadas se tornarem adultos de classes sociais mais baixas do que a dos seus pais é rara.
Scarpetta pondera que, ao contrário da tendência global de aumento da desigualdade, o Brasil conseguiu reduzir suas disparidades na última década, até o início da recessão. “O Brasil fez um bom trabalho tirando milhões de famílias da extrema pobreza, com o Bolsa Família, por exemplo. Falta agora fazer a ‘segunda geração’ de políticas”, afirma.
Quando se analisa a mobilidade apenas do indivíduo, e não de uma geração para outra, o estudo da OCDE verifica que, de forma geral, a classe média é a com maior flexibilidade, tanto para cima como para baixo. No Brasil, a mobilidade da base da pirâmide para a classe média também é maior do que em vários países emergentes.
A estrutura do mercado de trabalho, com uma participação elevada do emprego informal, intensifica os efeitos negativos das crises sobre a população mais vulnerável. Como aconteceu com parte da “nova classe média” durante a última recessão, o desemprego pode ser um caminho de retorno à pobreza.
Mobilidade social e crescimento econômico
O nível baixo de mobilidade social tem implicações negativas sobre o crescimento da economia como um todo, diz o estudo da OCDE. Talentos em potencial podem ser perdidos ou subaproveitados, com menos iniciativas na área de negócios e menos investimentos.
No Brasil, a hierarquia social pode ser dívida em 5 subgrupos de acordo com a renda mensal domiciliar: Classe A: Superior a R$ 22 mil, Classe B: Entre R$ 7,1 mil e R$ 22 mil, Classe C: Entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil e Classes D/E: Até R$ 2,9 mil.
Levantamento da Central Única das Favelas (CUFA) revela que Ribeirão Preto possui mais de 100 favelas registradas. Porém, a entidade acredita que esse número pode ser bem maior levando em conta a crise econômica que o município – a exemplo do país e do mundo -, viveu nos últimos anos por causa da pandemia do coronavírus. A estimativa é que cerca de 45 mil pessoas vivam nas favelas da cidade.