Bueno *
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Mais um Dia dos Pais se aproxima e, como em todas as datas significativas, esta é muito difícil pra mim. Procuro nem ver TV, pois as criativas propagandas me emocionam demais. Vêm à minha mente saudosas lembranças que me fazem voltar aos tempos em que Deus me permitiu curtir esse domingo ao lado de meus dois filhos que tiveram que partir.
Meu filho Lucas Bueno, em várias mensagens psicografadas que me enviou, escreveu: “Pai, tinha que ser assim, agradeço a você e a mamãe por me aceitarem como filho, mesmo sabendo que isso iria acontecer, deu-me a oportunidade de resgatar dividas de vidas anteriores. Agora, meu pai, estou livre, tirei de meus ombros um peso terrível, embora tudo isso tenha causado a você e mamãe dores inimagináveis.”
Suas mensagens me dão colo, me confortam sobremaneira, pois me colocam a par do que faz por lá. Como sua paixão aqui na terra era a música, estudou piano clássico por 15 anos, continua, onde está, estudando música com mestres famosos que, segundo ele, jamais lhe passou pela cabeça que iria conhecer. Eu daqui viajo no imaginário, como deve ser o lugar onde ele está e quem são seus mestres musicais. Penso em inúmeros nomes que povoam meus pensamentos.
Escrevendo esta crônica, veio do nada lembranças de Rosemiro Bueno, meu pai. Parece até que ele estava me dando um toque: “Pô, meu filho, você não vai escrever nada sobre mim?” Meu pai – que pai eu tive e tenho! –, meu velho pai se foi faz mais de 30 anos e até hoje eu ainda o sinto por perto. Foi um pai bem durão, não dava mole, não, mas hoje reconheço sua postura e seu jeito de ser. Tinha seis filhos para educar e alimentar, meu velho foi meu grande herói, criou seis filhos honestos.
Madrugada destas, assistindo a TV, vi o documentário sobre o “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, e me derreti todo quando mostrou o encontro dele com o pai, Seu Januário, que lhe falou, do mesmo jeito que meu pai falava, quando eu ou meu irmão chegávamos de madrugada.
Gonzagão, quando deixou sua terra natal, prometeu ao pai que só voltaria quando se tornasse famoso. Colocou sua matula e sanfona num caminhão pau-de-arara e foi para o Rio de Janeiro. Comeu o pão que o diabo amassou e quando sua música estourou no Brasil todo, Luiz Gonzaga achou que era hora de cumprir sua promessa.
A chegada dele na casa do pai ocorreu de madrugada, foi uma cena linda. A casa simples continuava do mesmo jeito. Gonzagão bateu palmas, e lá de dentro Seu Januário perguntou quem era. “É o Luiz, pai”, respondeu Gonzagão. Seu Januário abre a porta e lhe diz como dizia meu pai: “Isso é hora de chegar, menino?” Nem parecia que naquele momento havia 15 anos de separação, deu a impressão que o filho tinha ido até a cidade e voltado horas depois. Foi lindo.
Voltando ao meu filho Lucas, em março de 2013 ele escreveu que espiritualmente conseguiu inspirar um músico e lhe passar uma homenagem pra mim, música e letra e diz que ele foi fiel, pois entendeu tudo.
Fiquei esperando um músico aqui de Ribeirão Preto me procurar, o tempo passou e nada, até que Valter Fabris e sua esposa Marli, amigos espíritas, foram a Franca, no Centro Espírita do Dr. Alonso, e encontraram o músico Valdir Gonzaga, que lhes disse ter recebido uma música e letra que tinha certeza ser de meu filho Lucas. Quando ouvi me emocionei e não tive dúvidas de que era dele.
Faz um mês, procurei meus amigos músicos Eduardo Tarlá e Antonio Alexandre para gravá-la e contei-lhes a história. Eles abraçaram a parada, Tarlá fez um arranjo lindo, a bonita voz de Antonio Alexandre somada à sua emocionante interpretação deram vida à música que meu filho Lucas Bueno enviou-me lá do céu.
“Feliz Dia dos Pais” é o nome dela…
* Cantor