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‘Apóstola do amor’ – Madre beatificada recebe homenagem

JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Até o próximo domingo, 24 de março, Ribeirão Preto sedia a “Semana Missionária Clelia­na”, promovida pelo Instituto das Apóstolas do Sagrado Co­ração de Jesus, fundado pela bem-aventurada Madre Clélia Merloni (1861-1930) – chama­da de “a apóstola do amor” –, beatificada pela Igreja Católica 3 de novembro do ano passa­do, no Vaticano, em Roma, pelo milagre alcançado ao médico doutor Pedro Ângelo de Oliveira Filho, ocorrido na Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto.

Para celebrar sua beatifi­cação, divulgar o seu carisma e agradecer o milagre, um grupo de apóstolas do institu­to está presente em Ribeirão Preto durante esta semana, até domingo (24), com diversas atividades de evangelização nas paróquias da Forania São Sebastião (Catedral Metropo­litana de Ribeirão Preto), com visita aos doentes, idosos, por­tadores de necessidades espe­ciais e entidades carentes.

Na manhã desta quarta-feira, 20 de março, foi realizada uma missa em homenagem a Madre Clélia Merloni, celebrada pelo pároco da Catedral Metropoli­tana de São Sebastião, Francisco Jaber Moussa, popularmente co­nhecido como Padre Chico, no calçadão da rua General Osório, no Centro Histórico de Ribeirão Preto, área comercial da cida­de, reunindo todas as apóstolas em missão. Dezenas de devotos acompanharam a celebração.

O encerramento da “Sema­na Missionária Cleliana” será coroado com a celebração euca­rística de ação de graças pela be­atificação de Madre Clélia Mer­loni e pelo milagre ocorrido na Santa Casa de Ribeirão Preto, no próximo domingo (24), às onze horas da manhã, na Catedral Metropolitana São Sebastião, pelo arcebispo Moacir Silva.

À espera da canonização
O papa Francisco assinou, em 27 de janeiro de 2018, no Vaticano, a aprovação do mi­lagre de Madre Clélia Merloni (1861-1930) – chamada de “a apóstola do amor” –, fundado­ra do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração (Iascj), que intercedeu pela saúde do médico Pedro Ângelo de Oliveira Filho, brasileiro de Ribeirão Preto. A assinatura pelo pontífice ocorreu após longo período de investiga­ção da Congregação para as Causas dos Santos e pela junta médica de especialistas, bispos e cardeais.

Em 3 de novembro, o Va­ticano beatificou a madre ita­liana pelo milagre atribuído a ela na cura do médico ribeirão -pretano, em 1951. A beatifi­cação, etapa anterior à canoni­zação, foi oficializada durante uma missa presidida na Basí­lica de São João de Latrão, em Roma, segundo informações divulgadas pelo Vatican News, órgão oficial de notícias da sede da Igreja Católica. Madre Clélia é fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Co­ração de Jesus, entidade criada em 1894 em Viareggio, Itália, com representações no Brasil e no mundo.

A canonização depende da comprovação de mais um milagre, e então Madre Clélia poderá ser declarada santa e entrará para o rol das santida­des da Igreja Católica. Esta fase do processo de beatificação era esperada pelas irmãs apósto­las, seus admiradores e fiéis. Hoje, a madre é um exemplo de amor pelo mundo através das obras mantidas pelo Iascj, presentes em 15 países, nos continentes europeu, ameri­cano, asiático e africano, com atuação nas áreas da educação, saúde, missões e promoção humana e espiritual. Segundo o Instituto das Apóstolas, ain­da existem graças atribuídas a madre Clélia não reconhecidas como milagres que no futuro podem levar à canonização.

A beatificação
Em 1988 abriu-se a causa de beatificação de Madre Clé­lia Merloni. Em dezembro de 2016, o papa Francisco assinou o decreto de venerabilidade. Na sessão ordinária dos cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos Santos, ocorrida em 9 de janeiro, o milagre atribuído à intercessão de Madre Clélia foi reconhecido com voto positivo e unânime. O pontífice aprovou e promulgou o milagre em 27 de janeiro. Com este ato foi aberto o caminho para a beatificação da madre. O último passo, por par­te do Santo Padre, é o estabeleci­mento da data para a celebração.

O milagre de Madre Clélia
O milagre de Madre Clélia Merloni (1861-1930) – chamada de “a apóstola do amor” –, fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração (Iascj), passou por minuciosa análise, é brasileiro e teve início em 14 de março de 1951. A história come­çou quando o médico ribeirão-pretano Pedro Ângelo de Oliveira Filho foi, repentina­mente, atingido por uma progressiva paralisia dos quatro membros e foi hospitaliza­do, com urgência, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto.

O diagnóstico foi de paralisia ascendente progressiva, chamada síndrome de Landry ou Guillain Barré. Em dias, a doença piorou para insuficiência respiratória aguda e atingindo a glote, causando grande dificuldade em engolir. O prognóstico era ruim, dada a gravidade da doença e os remédios da época insuficientes para a cura. Tanto que os médicos suspenderam os tratamentos e, em 20 de março, informaram à família que seria a última noite do paciente.

Dada a situação, Angelina Oliva, a esposa, se encontrou com a irmã Adelina Alves Barbosa para pedir orações. A religiosa deu-lhe uma novena de Madre Clélia, com uma foto contendo um pedaço do tecido do véu que ela usava. Irmã Adelina, juntamente com Angelina, seus filhos e outros parentes começaram a rezar.

A freira aproximou-se do paciente e deu-lhe água, onde colocou a pequena relíquia. O paciente estava muito doente, mas conseguiu engolir um pouco do líquido. Depois de alguns minutos perceberam que ele conseguia engolir e não perdia mais a saliva. Irmã Adelina tentou dar-lhe uma colher de água e ele bebeu, depois colocou dois dedos de água num copo e fez com que ele bebesse.

Por último, colocou leite no copo e ele bebeu sem problemas. Todos ficaram ma­ravilhados com a rápida melhora, tanto que a religiosa foi à cozinha para preparar um creme e Pedro Ângelo engoliu com facilidade. O médico chegou de manhã e, ao ver o paciente curado, exclamou que era um milagre. A melhora foi progressi­va e, depois de 20 dias, Pedro Ângelo caminhava normalmente.

No dia 6 de maio de 1951, recebeu alta do hospital porque a cura foi completa, permanente e sem sinais dos sintomas. Pedro Ângelo morreu em 25 de setembro de 1976 devido a uma parada cardíaca, portanto, por uma causa completamente diferente de sua doença anterior e após 25 anos da sua recuperação milagrosa. Clélia Cleópatra Merloni nasceu em Forli, na Itália, em 10 de março de 1861

Curta produzido em RP traz depoimentos
O milagre ocorrido em 1951, na Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto e atribuído a Ma­dre Clélia Merloni, levou o papa Francisco a beatificá-la, em 3 de novembro de 2018. Como acon­teceu este milagre, a sua história e como, através dele, a igreja beatificou a bem-aventurada está em uma curta-metragem produzido pelo ribeirão-pretano Rafael Viana, de 22 anos – é fotógrafo formado no campus local pelo curso da Universidade de São Paulo (USP) .

No último sábado, 16 de março, foi lançado – na internet – o documentário “Madre Clélia Merloni – O milagre, a beatifi­cação, a história”. Produzido e Dirigido por Rafael Viana, o curta traz depoimentos de quem trabalhava na Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto no início dos anos 1950. Além de padres, capelão e arcebispo, o longa apresenta imagens de relíquia de Madre Clélia Merloni da época do milagre, além de outras cenas históricas. Quem quiser conferir pode acessar www.tv.imprensa.ws.

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