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Aposentadoria – Bolsonaro pode receber R$ 33,7 mil

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

Em meio à discussões so­bre a reforma da Previdência, um grupo de 142 deputados e ex-deputados, entre eles Jair Bolsonaro (PSL-RJ), poderá pedir aposentadoria, já a par­tir do mês que vem, com di­reito a um benefício de até R$ 33.763 – seis vezes mais que o teto do Instituto Nacional do Seguro Social(INSS). No caso específico de Bolsonaro, ele poderá acumular a aposenta­doria com o salário de presi­dente da República, que é de R$ 30.934,70.

Responsáveis por aprova­rem as mudanças na Previdên­cia, os parlamentares podem se aposentar por meio de dois planos, com regras mais ge­nerosas do que as aplicadas aos trabalhadores da iniciati­va privada. Nenhum dos dois regimes está limitado ao teto do INSS, que é de R$ 5,6 mil mensais. Se tivessem aprova­do a reforma da Previdência proposta por Michel Temer (MDB), esses parlamentares já teriam de cumprir agora regras mais duras para se aposentar.

Pelo texto que está pronto para ser votado na Câmara, os políticos teriam de cumprir de imediato as idades mínimas de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens) e trabalhar por um período adicional de 30% sobre o tempo que faltaria para a apo­sentadoria. A reforma que será proposta pelo ministro da Eco­nomia Paulo Guedes também deve incluir mudanças na Previ­dência de políticos.

Hoje, um dos planos de apo­sentadoria parlamentar, o IPC, vale para parlamentares que ingressaram até 1997 – caso de Bolsonaro. O IPC dá direito a aposentadoria com 50 anos de idade, com benefício propor­cional ao tempo de mandato. Oito anos de contribuição são suficientes para se obter 26% do salário de parlamentar. O bene­fício integral é concedido àque­les com 30 anos de contribuição.

A outra modalidade para aposentadoria parlamentar, que reúne a maior parte dos habilitados, é o PSSC, com re­gras um pouco mais duras que o IPC e cujo benefício é sujeito ao teto do funcionalismo (R$ 39,2 mil). São necessários 60 anos de idade e 35 de contri­buição. O benefício é propor­cional aos anos de contribui­ção: a cada ano, é acrescido 1/35 do salário de parlamentar, equivalente a R$ 964.

O nome do presidente da República consta na lista de “aposentáveis” pelos planos dos congressistas, obtida por meio da Lei de Acesso à Informação. A Câmara diz que é possível in­formar o valor estimado do be­nefício a que o presidente teria direito porque existem “incer­tezas” quanto ao montante exa­to de cada provento dos parla­mentares que estão habilitados a pedir a aposentadoria.

Bolsonaro tem 63 anos e assumiu a cadeira de deputa­do federal pela primeira vez em 1991. Foram quase 28 anos de mandato antes de assumir a Presidência. Caso tenha contri­buído sem interrupções, isso lhe dará direito a um benefício mui­to próximo do integral (mais de 90% da remuneração de parla­mentar). Ele tem 12 meses para solicitar o benefício com direi­to à retroatividade Depois, ele pode pedir, mas só recebe dali em diante. O Palácio do Planal­to não respondeu aos questio­namentos da reportagem. Dos 142 deputados e ex-deputados que têm direito ao benefício, 58 não foram reeleitos ou nem se candidataram. No Senado, 26 dos não reeleitos estão aptos a requerer o benefício.

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