O revés do Comercial diante do Noroeste no último sábado está fazendo um estrago inesperado dentro do clube. Após a partida, que terminou com o placar de 2 a 0 para os visitantes, representantes de torcidas organizadas do clube invadiram o Palma Travassos para cobrar jogadores e diretoria.
Vale lembrar que a presença de público nos estádios está proibida desde o ano passado por conta das medidas sanitárias contra a pandemia da Covid-19.
O protesto dos torcedores causou revolta nos diretores do clube, que, na figura do presidente Ademir Chiari, estão cogitando renunciar e entregar a gestão do Leão do Norte para os torcedores.
“Lamentável que isso aconteceu. Estamos fazendo sacrifício para tocar o Comercial, com muita dificuldade financeira, colocando dinheiro do bolso para fazer o time ir para frente e [temos de] aguentar desaforo de vândalos, porque aquilo para mim não é torcedor, é vândalo.
Inclusive, todos os três chefes de torcidas estavam presentes. Achei injusta a cobrança e no momento errado. Jogamos três partidas, com uma vitória, um empate e uma derrota. É normal perder para o Noroeste, que também é um time excelente. Infelizmente a nossa bola não entrou e a deles sim, então isso que aconteceu é lamentável. O Zé Lourenço (diretor de futebol do Bafo), que ajuda muito o Comercial, foi xingado por um chefe de torcida. Nós da diretoria estamos muito espantados com essa situação e a gente ainda está com essa ideia de renúncia para deixar a torcida tocar, porque parece que eles sabem tudo. Quem sabe eles são melhores do que a gente”, afirmou Chiari em entrevista ao site globoesporte.com.
Ademir Chiari está no comando do Comercial desde 2017. De lá para cá, o Leão do Norte conquistou o acesso para a Série A3 em 2018 e vem de boas campanhas nas duas últimas edições da competição, com o acesso batendo na trave em ambos os anos.
“A mensagem que eu deixo é a seguinte: se o pessoal tivesse um pouco mais de compreensão, porque o momento é difícil financeiramente e não se tem público nos estádios, que viesse nos ajudar e não ficar criticando. Que fizesse algo para as coisas acontecerem, e não vir cobrar da maneira que vieram. No lugar de fazer o que fizeram, que nos ajudem”, completou.
Em nota oficial, as torcidas Mancha Alvinegra, Batalhão Alvinegro e Torcida Bafo Chopp reivindicaram a autoria do ato e ressaltaram que tudo feito de forma pacifica, sem agressões e invasão.
“Entramos pacificamente no Estádio. Não invadimos, não arrombamos e não empurramos. Não houve violência na entrada e nem durante a tentativa de conversa com os jogadores, em momento algum pedimos a saída do Presidente, nem dos diretores, nem do questionável Fahel Junior. Não criticamos individualmente os jogadores. Tudo o que fomos pedir é: “honrem a camisa do Comercial Futebol Clube”. “Joguem com raça”. “Tenham paixão em vestir nosso manto sagrado”. Futebol é resultado”, dizia trecho da nota.
De acordo com o posicionamento da torcida, os ânimos ficaram mais exaltados após o técnico Fahel Júnior e o lateral-esquerdo Cortez recusarem o diálogo com o grupo de torcedores.
Por fim, os líderes das torcidas afirmaram que os comercialinos tem tido papel importante na sobrevivência do clube e que ajudam na busca por recursos financeiros.
Com quatro pontos ganhos, o Comercial é o 7º colocado na Série A3. A campanha do Leão do Norte até aqui tem uma vitória, um empate e uma derrota. Com a paralisação das competições por conta do aumento vertiginoso de casos de Covid no estado, o Bafo terá ao menos 15 dias para tentar arrumar a casa.