Tribuna Ribeirão
Geral

Anvisa libera testes da Butanvac em humanos

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quarta-feira, 7 de julho, o início da vacina­ção de voluntários do estudo clínico da Butanvac, imuni­zante desenvolvido pelo Ins­tituto Butantan e candidato à vacina da covid-19 com produção 100% brasileira, se a necessidade de importação de matéria-prima – ingre­diente farmacêutico ativo.

“A decisão foi tomada após reunião entre a equipe técnica da Anvisa com o Instituto Bu­tantan. Durante a reunião foram apresentados os dados penden­tes para o início dos testes”, diz o órgão em nota. O protocolo clínico da Butanvac já havia sido aprovado pela Anvisa em 9 de junho, mas ainda havia in­formações pendentes, especifi­camente sobre dados relativos à inativação do vírus.

A Anvisa explica que a pes­quisa clínica de fase 1 e 2 da Butanvac está dividida em três etapas (A, B e C). Agora, está autorizada a etapa A do estu­do, que envolverá 400 volun­tários no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida­de de São Paulo (HC-FMRP/ USP) – o Butantan diz que se­rão 418 pessoas.

Ao todo, as fases clínicas 1 e 2 devem contar com a parti­cipação de seis mil voluntários com 18 anos ou mais. A vacina será aplicada com duas doses, em um intervalo de 28 dias en­tre a primeira e a segunda dose. A primeira etapa do estudo será a única com administração de placebo, segundo o Butantan. Depois, os testes vão analisar a resposta imunológica do orga­nismo com a apresentada por outros imunizantes, inclusive a Coronavac.

O cadastramento de volun­tários está sendo feito no link https://forms.gle/ieZdajYvTR­cYwDcB6, com acesso tam­bém pelo site do HC de Ribei­rão Preto (https://site.hcrp.usp.br/). O instituto já produziu e estocou cerca de dez milhões de doses do imunizante. A ex­pectativa é que 40 milhões de unidades da vacina estejam prontos até o final de outubro e 60 milhões até o final do ano. Serão feitas 18 milhões até o dia 31 de julho.

O cadastro foi aberto depois de a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), do Mi­nistério da Saúde, ter aprovado o início dos estudos da Butan­vac. O interessado deve ter 18 anos, não pode ter sido infec­tado pelo coronavírus ou ter comorbidades, mulheres não podem estar grávidas e nem ter a intenção de engravidar nos próximos meses.

O limite de idade é de 60 anos, mas como a maio­ria das pessoas acima de 50 e com comorbidades já foram vacinadas no estado, pouca gente desta faixa etária deve participar. Os voluntários se­rão avaliados em um local reservado no Hemocentro.

Ainda poderá haver a ne­cessidade de dose de reforço. Moradores de Ribeirão Preto e de cidades próximas estão mais aptas a receber a vacina. Os pré-cadastrados já recebe­ram um e-mail informando sobre os procedimentos. A fase 1 tem como objetivo avaliar se a vacina é segura e a seleção de dosagem. O estudo está previs­to para durar até 17 semanas.

A tecnologia da Butanvac utiliza o vírus da doença de Newcastle, uma enfermidade de aves, geneticamente modi­ficado. O vetor viral contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O desenvol­vimento complementar da va­cina será todo feito com tecno­logia do Butantan, incluindo a multiplicação do vírus, condi­ções de cultivo, ingredientes, adaptação dos ovos, conser­vação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses e outras etapas.

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