A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira, 28 de abril, a aplicação de testes rápidos para a detecção do novo coronavírus (covid-19) em farmácias. Com a decisão, a realização deixará de ser feita apenas em ambiente hospitalar e clínicas das redes públicas e privadas.
“O aumento [dos testes] será uma estratégia útil para diminuir a aglomeração de indivíduos [em hospitais] e também reduzir a procura dos serviços médicos em estabelecimento das redes públicas”, diz o diretor presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres. As farmácias não serão obrigadas a disponibilizar o teste.
O estabelecimento que optar pelo procedimento deverá ter profissional qualificado para realizar do exame. A realização dos exames não servirá para a contagem de casos do coronavírus no país. Em seu voto, Barra Torres, que foi o relator do processo, destacou ainda que o teste não terá efeito de confirmação do diagnóstico para o coronavírus.
Isso porque há a possibilidade de o teste apontar o chamado “falso negativo”, quando o paciente é testado ainda nos primeiros dias de sintomas. “Os testes imunocromatográficos não possuem eficácia confirmatória, são auxiliares. Os testes com resultados negativos não excluem a possibilidade de infecção e os positivos não devem ser usados como evidência absoluta de infecção, devendo ser realizados outros exames laboratoriais confirmatórios”, ressalta Torres.
A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas alerta para problemas e limitações da realização de testes. Segundo Flavio da Silva Emery, presidente da ABCF, esta prática apresenta riscos que a entidade acredita serem impeditivos. Ele cita os resultados falso positivo e falso negativo (falso reagente e falso não-reagente, respectivamente), que podem gerar pânico ou aumento do contágio, por exemplo, em função da limitada eficiência do teste.
“Além disso, a oferta destes procedimentos em farmácias e drogarias poderia levar à formação de aglomeração em ambiente fechado, sem estrutura capaz de receber adequadamente os indivíduos interessados”, ressalta. A liberação dos testes rápidos em farmácias enfrenta resistências, devido a questões sanitárias e ligadas também à eficácia dos exames.
Ao comentar a aprovação da realização dos testes em farmácias, Barra Torres lembrou que esses testes vêm sendo feitos por determinação de alguns governos locais. A liberação desses testes será temporária e deve permanecer no período de emergência de saúde pública nacional decretado pelo Ministério da Saúde em 4 de fevereiro deste ano.