Em recente boletim médico divulgado pela Organização Mundial da Saúde, a respeito de como está a saúde das pessoas em todo o mundo, chamou a atenção um fato bastante preocupante sobre a saúde dos brasileiros: a ansiedade. O Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo em portadores dessa doença. Isso mesmo: O Brasil está na frente dos Estados Unidos, Reino Unido, Europa Ocidental, China e Japão em número de portadores dessa importante doença.
No Brasil, quase 10% de sua população já é portadora de ansiedade. Mas, afinal, o que é a ansiedade? Ela pode ser conceituada como um transtorno mental caracterizado por agitação, insônia, inconformismo e medo. Mas pode ser conceituada também como uma condição de nervosismo exagerado impedindo a pessoa de realizar suas tarefas do dia a dia atrapalhando os seus compromissos e prejudicando a sua autonomia.
Devido ao fato de a ansiedade atingir pessoas de todas as idades, o seu crescimento tem sido constante de modo que ela já pode ser considerada o mal do século. Considerando que os brasileiros já são os campeões da ansiedade uma pergunta que surge é: por que os brasileiros são tão ansiosos? a resposta sugere que a ansiedade é também uma doença social e está relacionada intimamente com as características da sociedade brasileira que é injusta, desigual e perversa devido aos baixos investimentos em saúde, educação, habitação e segurança fazendo com que as pessoas se sintam vulneráveis à instalação da doença ansiedade.
As causas sociais da ansiedade se relacionam com o desemprego, economia em baixa, crise financeira que leva à falta de dinheiro, de segurança pública bem como à preocupação com a saúde, com relações conjugais e familiares deterioradas e catastróficas e o uso exagerado das redes sociais distanciando as pessoas umas das outras. Desse modo as pessoas se sentem desamparadas e sem rumo.
Essas variáveis são, sem dúvida, causas importantes de angústia e medo para as pessoas. E a permanência dessas contingências favorecem a instalação do quadro de ansiedade. Um fato importante observado nessa doença é que as mulheres são acometidas duas vezes mais do que os homens e a população de menos de 35 anos também é mais acometida do que acima dessa idade. Nessa população os portadores de doenças crônicas como o diabetes, as doenças cardíacas e o câncer são também mais acometidos pela ansiedade do que os não portadores.
A ansiedade piora muito a qualidade de vida das pessoas, pois os sintomas que ela sente são devastadores para a pessoa. Palpitações, isto é, batimentos do coração exagerados, às vezes acima de 100 por minuto (para uma média de 72 a 80 tidos como normais), sensação de nó na garganta, suor frio nas mãos, falta de ar, sensação de desmaio, enjôo, desconforto abdominal, diarreia, formigamento, dor no peito, medo de ficar louca, medo de morrer entre outros sintomas perturbadores.
Porém, o mais importante de tudo isso é que a ansiedade tem tratamento e esse tratamento funciona e a evolução é favorável. O médico recomendado para fazer o diagnóstico, instituir o tratamento e acompanhar o paciente ansioso é o médico psiquiatra. Os medicamentos são eficientes e medidas gerais de suporte e apoio são parte integrante do tratamento.
A prática de atividades físicas, um aporte alimentar balanceado, o estímulo às atividades sociais e o bom relacionamento familiar constituem um valoroso componente para uma evolução favorável da doença. O afastamento de situações estressantes tanto no nível conjugal, familiar e profissional são fatores decisivos para a melhora do paciente e sua inserção novamente às suas atividades rotineiras fazendo com que a pessoa possa progredir e voltar a ter perspectiva de uma vida longa e feliz.