Tribuna Ribeirão
Economia

Ano começa com inflação de 0,92%

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calcu­lado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria com a Fundação Insti­tuto de Pesquisas Econômicas (Fipe), registrou inflação de 0,92% em janeiro e de 10,11% no acumulado de doze meses. Porém, a inflação nas gôndolas no primeiro mês do ano desa­celerou em relação a dezem­bro, quando a alta foi de 1,03%.

No ano passado, os preços subiram 10,21% nas gôndolas. A alta nos supermercados em 2021 ficou acima da inflação oficial, de 10,06%, maior pata­mar desde 2015, quando havia ficado em 10,67%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fechou o último mês do ano em 0,73%.

Os cortes bovinos, depois de subida de 13,85% no ano passado, apresentaram itens com redução de preço em ja­neiro, como é o caso do coxão mole, com deflação de 2,29%. A tendência é de estabilidade no valor da proteína bovina neste primeiro trimestre de 2022. A projeção é baseada no equilíbrio dos custos de produção decorrente da aco­modação dos preços da soja e do milho, commodities utili­zadas na produção da ração dos animais.

A cesta dos suínos teve de­flação de 6,63% nos últimos doze meses e quedas impor­tantes no preço de alguns cor­tes em janeiro, como pernil (-6,43%) e lombo (-5,17%). Essa deve continuar a ser uma opção de proteína animal a bom preço para o consumidor durante todo o trimestre.

Além disso, segundo Diego Pereira, economista da Asso­ciação Paulista de Supermerca­dos, os preços podem subir, “já que a Rússia elevou sua cota de importação de carnes suínas e um possível posicionamento de aquisição de carnes brasilei­ras poderá alterar os valores no mercado interno”, explica.

Clima
Dentre os hortifrutigran­jeiros (produtos in natura), o IPS geral registrado em janeiro aumentou 4,03% e 4,63% nos últimos doze meses, princi­palmente por conta da alta dos legumes e verduras, que infla­cionaram 12,21% e 3,05% em janeiro, respectivamente.

O setor agrícola foi for­temente impactado em 2021 pelas alterações climáticas, que comprometeram muitas safras de commodities e de hortifrutigranjeiros. As chu­vas registradas nos meses de janeiro e dezembro preju­dicaram a colheita, o escoa­mento e a oferta dos produ­tos, o que levou à inflação desse grupo de alimentos.

Somam-se aos impactos das variações climáticas: a elevação no preço dos com­bustíveis, o alto custo da energia elétrica e a influência da inflação dos adubos e de­fensivos agrícolas no aumen­to do custo de produção de toda a cadeia agrícola.

Industrializados
A cesta dos industrializa­dos apresentou inflação pu­xada pela alta dos produtos derivados do trigo. Os itens panificados, com inflação de 1,65% em janeiro e de 10,99 % nos últimos 12 meses, pe­saram no índice da categoria. O trigo utilizado na fabrica­ção é importado.

Esse fator afeta a cadeia produtiva com os efeitos da va­riação cambial. Mesmo com as estimativas da Conab (Com­panhia Nacional de Abasteci­mento) de uma produção de trigo 23,20% maior em relação à safra passada e da elevação de 17,00% na área cultivada, a tendência é de alta nos preços para os próximos meses.

Bebidas, produtos de higiene e limpeza
Bebidas não alcoólicas re­gistraram inflação de 0,49% no mês e de 8,30% nos últimos doze meses. Um dos principais itens da cesta que contribuiu para a elevação foi o refrige­rante, que subiu 1,02% no mês passado. Já o preço das bebidas alcoólicas teve queda de 0,11%, influenciado pela deflação de 0,32% da cerveja.

A alta dos artigos de higie­ne e beleza foi de 1,03% em ja­neiro e de 10,66% nos últimos doze meses, principalmente do sabonete: inflação de 5,35 % no mês e 27,77% em doze meses. Os produtos de lim­peza sofreram aumento de 0,13% em janeiro e de 13,47% no acumulado de doze me­ses, com destaque para o sa­bão em pó, o item com a taxa mais elevada: 0,35%.

IPCA
Segundo o Índice Nacio­nal de Preços ao Consumi­dor Amplo (IPCA), o grupo Alimentação e Bebidas saiu de um recuo de 0,04% em novembro para uma eleva­ção de 0,84% em dezembro. O grupo contribuiu com 0,17 ponto percentual para a taxa de inflação oficial de 0,73%.

Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Super­mercados representa o essen­cial setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abas­tecimento com a sociedade. A entidade possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrate­gicamente pelo estado.

Conta hoje com 1.505 su­permercados associados que somam 4.315 lojas. A Regio­nal Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas que trabalham em supermerca­dos nesta região. É composta por 78 cidades e possui 116 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Super­mercado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.

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