A decisão da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, de dar ao prédio anexo o nome do jornalista José Wilson Toni (1953-2005), não foi por unanimidade. A homenagem foi noticiada na edição do Tribuna desta quinta-feira, 12 de setembro, e, segundo informações obtidas junto ao Legislativo, contou com consenso dos 27 parlamentares da Casa de Leis. Mas não foi bem assim.
Em mensagem de texto enviada nesta quinta-feira pelo aplicativo WhatsApp para o grupo formado por vereadores, Rodrigo Simões (PDT) diz que foi consultado apenas de forma coletiva via app, mas que não concorda com o batismo. Diz o texto enviado também ao Tribuna:
“Em momento algum foi conversado da forma democrática, que deve ser, em relação à definição do nome. Justo seria a participação dos 27 vereadores na decisão, independentemente da escolha do nome. Sendo assim, não é verdadeira a informação de que os 27 vereadores estão de acordo.
Não participei de forma direta dessa decisão e não fui consultado pela Mesa Diretora. Respeito a decisão da Mesa. Mas a verdade deve ser estabelecida. Todos os vereadores devem ser consultados de forma democrática, e cada um dar sua sugestão. O nome que tiver mais indicações leva”, conclui a mensagem.
Rodrigo Simões afirmou ainda que não concorda de forma alguma com o nome sugerido. Mas, se esse for colocado em votação pelo colegiado e for aprovado pela maioria, terá “o seu devido respeito e apoio”. O artigo 22 da Lei Orgânica do Município (LOM), em conjunto com o artigo 13 do Regimento Interno da Câmara, permite que a homenagem seja feita por meio de ato da Mesa Diretora.
Em fevereiro de 1998, a Sala de Imprensa da Câmara recebeu o nome de jornalista Wladimir Herzog por ato do então presidente Leopoldo Paulino, na época no PSB – depois ele migrou para o então PMDB, hoje apenas MDB. Os parlamentares também decidiram homenagear outras personalidades da cidade já falecidas dando aos três corredores do novo prédio seus respectivos nomes. Os homenageados ainda não foram escolhidos.
A iniciativa é semelhante ao que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e, segundo os vereadores, é uma forma de a Câmara perpetuar para a história pessoas que marcaram a vida da cidade. Conhecido como um dos principais profissionais de comunicação de Ribeirão Preto, Wilson Toni conquistou por três vezes o Prêmio Wladimir Herzog de Jornalismo, considerado o mais importante da América Latina. A primeira delas em 1982, a segunda em 1984 e a terceira em 1989.
Com estilo, combativo ganhou notoriedade e em 1982, quando se tornou, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o vereador mais votado da cidade na época. Ao término do mandato foi eleito deputado estadual, ratificando a fama de bom de voto. Com destacada atuação na esfera política, foi nomeado secretário estadual de Promoção Social e Trabalho, no governo de Orestes Quércia (1938-2010), cargo que ocupou de 1988 a 1990.
Toni também foi proprietário do jornal diário impresso “Verdade” e apresentou, durante muitos anos, o programa líder de audiência “Clube Verdade”, nas manhãs na Rádio Clube AM e na hora do almoço na TV Clube. Em 2005 foi diagnosticado com câncer e em novembro daquele ano foi internado para o tratamento de tumores no cérebro. Em 1º de dezembro teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. O jornalista faleceu um dia depois, em 2 de dezembro de 2005, aos 52 anos.