O decepcionante empate do Botafogo diante do Figueirense, dentro do estádio Santa Cruz, deixou o torcedor botafoguense bastante irritado. A comum inconstância e o contraste com a grande exibição do jogo anterior, diante da Ponte Preta, evidenciam como o Pantera tem dificuldade para propor o jogo.
Sempre que é necessário que o time de Hemerson Maria tome as rédeas do jogo e comande as ações da partida, o Tricolor entra em colapso. A evidente falta de um meio-campista cerebral, que organiza o jogo e quebra linhas com passes decisivos é clara.
Outra maneira de quebrar linhas é com o drible, entretanto, o Pantera não conta com grandes jogadores neste fundamento. Segundo o site Footstats, os principais dribladores do elenco do Botafogo são Pará, 11º do campeonato, e Nadson, 27º. Um é lateral-esquerdo e o outro é o meio-campista reserva.
Os números comprovam que nenhum dos pontas do plantel botafoguense têm tido êxito no quesito drible. Felipe Saraiva é o 34º, Erick Luís o 56º, Júlio César o 115º, Diego Gonçalves o 140º e Bruno José o 225º. Sem o passe preciso e o drible, fica praticamente impossível furar uma defesa bastante recuada, como a do Figueirense, que em diversos momentos contou com seus onze jogadores atrás da linha do meio-campo.
A dificuldade em avançar faz com que as finalizações em condições ruins comecem a surgir. Contra o Figueirense, o time de Hemerson Maria finalizou mais do que contra a Ponte Preta. Entretanto, as situações de finalização foram bem diferentes.
No total, diante do Figueira, o Botafogo finalizou 14 vezes, apenas duas no gol. De todos os chutes, seis foram efetuados de dentro da área. Já contra a Ponte, foram 7 finalizações, quatro acertaram o gol e quatro foram feitas de dentro da área.
Embora em porcentagem os números estejam bem próximos, as condições em que as finalizações foram efetuadas precisam ser levadas em conta. Diante da Ponte, duelo onde o Botafogo teve menos posse de bola e mais espaço para contra-atacar, os atacantes do Tricolor tiveram mais chances de finalizar de forma livre, sem pressão da marcação.
Os espaços no campo foram criados porque a Ponte Preta é uma equipe que gosta de ter a posse de bola. O fato de ter saído atrás do placar logo aos dois minutos também colaborou para a busca ofensiva da Macaca. Contra o Figueirense, a proposta dos catarinenses esteve evidente desde os primeiros minutos, se defender e buscar o contra-ataque.
Com mais posse de bola e menos espaço, o Pantera não teve a paciência necessária para criar boas chances de gol. Sempre que conseguiu chutar, os jogadores estavam em condições ruins ou sob pressão da marcação. Essa tem sido a tônica quando o Botafogo enfrenta equipes mais fechadas, normalmente quando atua dentro do estádio Santa Cruz.
A raiz do problema botafoguense é a falta de criatividade por não ter jogadores que possuem o chamado “último passe” e que quebrem linhas com o drible. Vale lembrar, que o Bota é o segundo time que menos finaliza em toda a competição.