Vencer o Confiança dentro do estádio Santa Cruz, de fato, era obrigação do Botafogo. Para um time que busca alçar voos maiores na Série B é necessário ser impecável dentro de casa. Mas, o triunfo do Pantera no retorno aos seus domínios depois de cinco meses longe, tem alguns pontos mais importantes do que simplesmente ter feito a lição de casa.
Diante da equipe sergipana, o Tricolor mostrou seu diferencial em relação aos demais, o equilíbrio tático. É nítido como os jogadores abraçaram a ideia de jogo do técnico Claudinei Oliveira. A evolução tática, as linhas próximas e a ótima compactação do time, mostram um Botafogo difícil de ser batido.
A compactação entre as linhas do time explica a facilidade nas transições. Com várias opções de passe, os volantes do Pantera não ficam muito tempo procurando um companheiro livre. Ter um cara como Victor Bolt no meio também está ajudando. O dono do meio-campo botafoguense acha passes curtos quando necessário e longos quando precisa acelerar o jogo com a mesma facilidade.
Contra o Confiança, o goleiro Darley sequer foi testado. O time visitante não conseguiu chutar uma única vez no gol botafoguense. A solidez defensiva proporcionada pelo bom nível de desempenho de Jordan e Robson impressiona.
A “confiança” com que ambos jogam é fruto do trabalho de Claudinei. O resgate do espirito aguerrido no time do Botafogo é mérito do treinador. Se falta qualidade técnica em alguns momentos, o que tem sobrado é vontade e entrega dos jogadores.
Ronald também é reflexo disso. Os dois gols e a atuação mágica na última terça mostram como um jogador confiante consegue render bem. Muito criticado pela torcida e a imprensa desde que chegou ao clube, o jogador sempre se manteve calado e trabalhando para dar uma resposta dentro de campo.
Demorou, mas a resposta veio. Ronald não é craque, está longe de ser. Porém, dentro do Botafogo, o esforçado atacante pode ser importante em diversos momentos da competição. Além dos gols que pode fazer, é um atleta muito voluntarioso e que ajuda bastante no momento defensivo.
Aos botafoguenses pessimistas, o Tricolor não é um grande time. É até limitado em termos técnicos. Mas, tem um diferencial muito importante. Um treinador com um sistema de jogo bem definido e jogadores que compraram a ideia do comandante. O Pantera tem tudo para fazer uma Série B tranquila. Brigar pelo acesso? Depende de quem vai chegar e de como o campeonato vai se desenhar ao longo das rodadas.
Notas:
Darley: Foi mero expectador na partida. Não fez nenhuma defesa no jogo. Trabalhou apenas nas bolas aéreas. Nota 6
Val: Vai bem no momento ofensivo, mas tem algumas dificuldades na tomada de decisão. Teve boa atuação diante do Confiança. Deve perder espaço para Jeferson, mas pode ser muito útil durante a Série B. Nota 6,5
Robson: Novamente teve atuação sólida e venceu todas as disputas pelo alto. É um jogador diferenciado em sua posição. Além de jogar bem, orienta o tempo todo seu parceiro de zaga. Nota 7
Jordan: Tem escutado as orientações de Robson e cresce de rendimento a cada jogo. Seguro e preciso nos desarmes, pode ir longe com a camisa botafoguense. Nota: 6,5
Guilherme Romão: Aproveitou a oportunidade. Mais ofensivo, se tornou uma boa opção por aquele lado, já que Rafinha segue sem reagir. Pode seguir como titular se Claudinei quiser um time mais forte pelo lado esquerdo. Nota: 7
Ferreira: Teve atuação discreta. Não comprometeu e substituiu bem o lesionado Naldo. Tem boa qualidade no passe e mostrou novamente que pode ser um bom reserva e contar com a confiança do treinador: Nota: 6
Victor Bolt: É o grande nome do time. Frio e calculista, Bolt se tornou fundamental no meio-campo botafoguense. Outra vez foi peça imprescindível na transição das jogadas do Bota. Sabe quando dosar e quando acelerar o jogo. Nota 8
Matheus Anjos: Tentou mais do que contra o Cruzeiro. Não fez partida ruim, mas não foi o articulador que pode ser. Tem qualidade para criar mais situações de perigo durante 90 minutos. Nota: 7
Ronald: Foi o craque do jogo, mas não somente pelos dois gols marcados. Ronald teve atuação impecável também no momento defensivo. Fez diversos desarmes e incomodou o time do Confiança enquanto esteve em campo. Nota: 9
Rafinha: Outra vez destoou dos demais. Falta “confiança” ao atacante. Errou muitas jogadas e perdeu boas oportunidades. Precisa melhorar. Com o retorno das opções ofensivas que estão no DM, deve perder a titularidade. Nota: 4
Wellington Tanque: Não marcou, mas participou dos dois gols de Ronald. Brigou muito na frente e dificultou a saída de bola do Confiança. Está vivendo bom momento com a camisa do Pantera. Nota: 7
Elicarlos: Fez sua estreia com a camisa do Botafogo e mostrou que será útil ao longo da competição. Ainda está fora de ritmo por conta do longo tempo parado, mas é bom jogador e mostrou isso nos minutos que esteve em campo. Nota: 6
Jeferson: Outro estreante do dia, Jeferson mostrou que tem muito vigor físico e disposição para ajudar a equipe. Entrou como meio-campista e sua versatilidade vai ajudar Claudinei. Nota: 6
Luketa: Ainda foi discreto, mas a sequência de jogos pode trazer mais confiança para o garoto que sempre foi muito ousado na categoria de base. Não fez grande partida, mas tem velocidade e incomodou a defesa da equipe sergipana. Nota: 5,5
Gabriel Calabres: Jogou poucos minutos e ainda sim conseguiu errar tudo o que tentou. Parece desinteressado em atuar pelo Botafogo. Como destoa dos demais e com a chegada de reforços, deve deixar de receber tantas oportunidades. Nota: 3