Por: Adalberto Luque
O juiz Sylvio Ribeiro de Souza Neto condenou a influenciadora digital Ana Paula Ferreira Duarte, a Ana Pink, e seu marido Maiclerson Gomes da Silva, o Maic, por comandarem um esquema de considerado fraudulento pela Justiça e que teria lesado 360 mil pessoas com empréstimos consignados.
A sentença foi publicada nesta sexta-feira (28) e nela Ana Pink e Maiclerson foram condenados, cada um, a cinco anos de prisão em regime fechado e mais quatro anos e oito meses em regime semiaberto. Maic está preso desde o dia 18 de março de 2022. Ana Pink chegou a ser presa, mas seu advogado Vinícius Rodrigues Alves conseguiu reverter a prisão preventiva em domiciliar, alegando que ela tem filhos menores que precisam dos cuidados da mãe.
Além do casal, outras três pessoas foram condenadas a penas entre quatro anos e seis meses a nove anos em regime semiaberto. O juiz também absolveu quatro pessoas que eram suspeitas de integrar o esquema.
A denúncia apresentada pela Agência de Inteligência do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Estado de São Paulo foi feita após minuciosa investigação decorrente de denúncia anônima. O órgão constatou que, pelas redes sociais, o casal ostentava padrão de vida elevada, com veículos esportivos importados, inclusive um Porsche Cayenne e um LR Defender, avaliados juntos em mais de R$ 1,1 milhão.
Maiclerson, até julho de 2016, era vigilante da Prefeitura de Batatais (SP) com salário de R$ 1,2 mil. Hoje inscrito como advogado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), foi preso em flagrante em 2018 supostamente por fazer uso de procuração pública falsa para levantamento de valores. De acordo com a sentença, indicativo de que estaria envolvido com fraudes em crimes processuais.
Uma das vítimas dos supostos golpes praticados pelo casal foi uma idosa de 70 anos, interditada e aposentada por invalidez, incapacitada por doença de Alzheimer. Vários empréstimos fraudulentos teriam sido feitos pelo casal, inclusive um crédito consignado de R$ 3.166,13 que seria descontado em 84 parcelas mensais de R$ 75, direto de sua folha de pagamento. Ela teria que desembolsar R$ 6.300 para pagar o empréstimo que não contraiu, além de tarifas bancárias e impostos.
O juiz relatou que, muitas vezes os beneficiários da previdência, dada a condição socioeconômica, nem sabem que fizeram um empréstimo consignado na sua conta e não têm acesso à informação de qual banco fez o depósito.
Na sentença, o juiz manteve o bloqueio de imóveis de alto padrão, veículos de luxo, ativos em contas correntes e aplicações do casal e de empresas a ele ligadas, totalizando R$ 11,5 de patrimônio.
O caso
Ana Paula e Maic foram presos preventivamente no dia 18 de março de 2022. As suspeitas indicam que eles teriam contraído mais de R$ 10 milhões mensalmente em empréstimos fraudulentos, prejudicando cerca de 360 mil pessoas. Eles teriam comprado planilhas de uma empresa de software que teria invadido a base de dados do INSS, indicando o tipo de benefício e limites, entre outros dados.
Ana Pink conseguiu reverter em prisão domiciliar sua preventiva, após a defesa alegar que seus filhos precisavam da mãe. Contudo o juiz Sylvio Ribeiro de Souza Neto determinou que ela voltasse ao regime fechado, após redes sociais constatarem fotos da influenciadora em locais e eventos fora de sua residência.
Ela não foi encontrada e passou a ser considerada foragida. Chegou a prestar depoimento por videoconferência, depois seu advogado conseguiu mantê-la em prisão domiciliar.
Não foi informado se Ana Pink terá sua prisão novamente decretada ou se vai ser mantida em prisão domiciliar. A reportagem tentou contato com o advogado de defesa, mas não recebeu retorno.