As trilhas do Mirante, dos Jequitibás e do Trilho do Trem, no Parque Estadual Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, uma das 34 cidades da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), estão fechadas, por tempo indeterminado, pela Fundação Florestal (FF). O motivo é o registro de javaporcos na área, incluindo locais de uso público. A medida tem por finalidade garantir a segurança de visitantes e funcionários, em vista da presença do animal.
Após avistamentos recorrentes de grupos de javaporcos no parque, a Fundação Florestal, juntamente com técnicos do Departamento de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente (DeFau/SMA) e pesquisadores convidados, percorreram as trilhas e instalaram câmaras fotográficas para confirmar o registro da espécie e também os locais frequentados pelos animais. No momento, as equipes trabalham no planejamento de ações emergenciais de manejo que deverão ser implementadas em breve.
Os javaporcos colocam em risco a biodiversidade e os recursos naturais por onde passam. Em Vassununga já foram constatados danos a nascentes e riachos e à regeneração da vegetação nativa. Além disso, a presença destes animais tem potencial de afugentamento, competição e predação da fauna nativa.
De acordo com o gestor do Parque Estadual Vassununga, Fabrício Pinheiro da Cunha, o fechamento é uma medida de precaução temporária, porém necessária. O Centro de Visitantes e a administração do parque continuarão em funcionamento podendo receber grupos organizados e agendados, de segunda a sexta-feira, das oito às 17 horas.
Aos interessados por trilhas na região, a Fundação Florestal sugere como alternativa a utilização do Parque Estadual de Porto Ferreira, que possui bonitas trilhas, com a presença de expressiva população de jequitibás-Rosa (Trilhas das Árvores Gigantes) e estrutura de visitação semelhante à de Vassununga. O telefone do PEPF é (19) 3581-2319.
O Parque Estadual Vassununga preserva porções significativas de cerrado e floresta estacional semidecidual, incluindo a maior população de jequitibá-rosa do estado de São Paulo. Recebe aproximadamente 12 mil turistas por ano, incluindo grupos de escolares em visitas monitoradas. Tem área total de 2.071 hectares. Os decretos estaduais 52.546, de 26 de outubro de 1970, e 52.720, de 12 de março de 1971 criaram o parque.
No Parque Estadual Vassununga encontram-se alguns dos maiores exemplares de jequitibá conhecidos. O jequitibá-rosa de três mil anos, chamado por alguns de “Patriarca da Floresta”, mede 49 metros de altura e tem uma circunferência de 16 metros, ou seja, são necessárias dez pessoas de mãos dadas para dar a volta em seu tronco.
Javaporcos e jequitibás
Animal exótico
Javaporco é o nome que se dá ao animal resultado do cruzamento do javali europeu (“Sus scrofa”) com o porco (“Sus scrofa domesticus”). Soltos na mata e com uma alta taxa de fertilidade (cada fêmea pode gerar até dez filhotes por gestação), os javaporcos não encontraram predadores naturais, o que provocou sua multiplicação descontrolada.
Os primeiros sinais de que havia problemas foram os registros de ataques a outros animais nativos e domésticos e destruição de plantações de pequenos produtores. A partir desse momento, os animais passaram a ser considerados ameaça ao homem. Em 2013, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) declarou os javaporcos como “nocivos” e estabeleceu os parâmetros para controle, liberando a caça monitorada em diversas regiões.
Jequitibá-rosa
Jequitibá-rosa, nome científico “Cariniana estrellensis”, é da família “Lecythidaceae”. É uma madeira moderadamente pesada, pouco durável em condições naturais. Suas sementes são muito apreciados pelos macacos. A árvore possui qualidades ornamentais, mas por ser de grande porte é recomendada apenas para o paisagismo de parques e grandes jardins.
É indispensável nos reflorestamentos heterogêneos com fins ecológicos. Na floresta, árvore adulta do jequitibá-rosa é emergente, isto é, pode ser vista bem acima das demais. Registros atuais anotam jequitibás com 60 metros de altura.