A Amazon anunciou na tarde desta quinta-feira (28) a compra da rede americana de farmácias online PillPack. O negócio, que não teve valor divulgado, deve representar a expansão da gigante do comércio eletrônico para mais um segmento de negócios. A notícia, claro, gerou comoção no setor de saúde dos Estados Unidos.
No momento em que a compra foi anunciada, houve queda de 8% nas ações de outras gigantes farmacêuticas americanas, como a CVS Health e a Walgreens Boots Alliance. São grandes redes de lojas físicas, a quem o segmento online representado pela PillPack não era exatamente uma ameaça. Mas tudo muda, claro, quando se fala na entrada da Amazon no setor, com o medo da competição extrema representada pela companhia sendo considerado um fator de mudança no movimento do mercado.
Mais do que apenas vender remédios pela internet, o foco da PillPack está em um sistema de comercialização fracionada, voltada para quem está sob tratamentos que envolvem diferentes medicamentos. Em vez de entregues em caixas convencionais, os produtos são enviados em pacotes diários, com informações sobre a dosagem e horários de administração de cada pílula. Além disso, a companhia também trabalha com assinaturas e reposições de drogas de uso constante.
A PillPack foi fundada em 2013 e atua em todo o território americano, com exceção do Havaí. Apesar de ter chamado atenção com o formato diferenciado de negócio, a companhia não se posiciona nem perto das maiores do ramo, apesar de números robustos como os US$ 100 milhões em faturamento esperados para este ano e um recente aporte financeiro para expansão de seus negócios, com investidores colocando US$ 120 milhões na rede.
TJ Parker, cofundador e CEO da empresa, comemorou a aquisição pela Amazon afirmando que o negócio fortalece ainda mais a posição da companhia no varejo online e transforma a PillPack em um nome de destaque não somente no mercado, mas também para a realização de parcerias para que seus negócios funcionem. Já a gigante do e-commerce não falou sobre seus planos com a transação, nem disse nada sobre possíveis junções ou movimentos desse tipo.
A entrada da Amazon no setor de saúde, porém, já era dada como relativamente certa, principalmente depois que a companhia obteve a autorização necessária para vender medicamentos. O movimento aconteceu no final do ano passado, com o pensamento direto levando a parcerias com laboratórios e fornecedores para comercialização de remédios, como a companhia já faz hoje, por exemplo, com alimentos e produtos de beleza. A compra da PillPack, entretanto, enuncia um pouco melhor o caminho que Bezos pode desejar seguir.
Mais do que apenas a venda de medicamentos para o consumidor final, a Amazon também está trabalhando para reduzir os custos de tratamentos e medicações para seus funcionários nos Estados Unidos. Aqui, a companhia também pode se beneficiar da forma com a qual a PillPack trabalha, entregando remédios mais baratos ou até gratuitos para seus colaboradores americanos, agora que tudo “está em casa”.
A expectativa de que o mercado farmacêutico se tornaria o próximo foco de expansão para empresas de tecnologia não é recente. Desde o começo do ano passado, analistas de mercado já falam que o setor, dominado por figurões e companhias tradicionais, com pouca inovação, poderia ser o próximo alvo de disrupturas, um processo que parece, efetivamente, estar acontecendo agora e que deve começar a acelerar a partir de 2019.
A LG, por exemplo, é outra companhia que está investindo nesse segmento. Há anos, a empresa vende produtos de beleza e bem-estar em mercados internacionais, uma iniciativa que chegou recentemente também ao Brasil, com marcas importadas da Coreia do Sul e Canadá chegando ao país a partir do segundo semestre.