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Amaury Medeiros – ‘Reportagem de uma Vida’

Livro traz histórias, depoimentos e fotos históricas de Amaury Medeiros, jornalista e publicitário que se destacou em São Paulo, Rio de Janeiro e em Ribeirão Preto

FOTOS: REPRODUÇÃO

A trajetória da carreira do jornalista Amaury Medeiros, personagem no rádio esportivo de Ribeirão Preto, foi registrada no livro ‘Reportagem de uma Vida’. São imagens, recortes de jornais e revistas que foram sendo selecionados pelo próprio Amaury desde o início de sua carreira em 1951 até a sua aposentadoria em 2003.

A obra foi escrita pelo filho de Amaury, Maury Cid Sambiase. “A maior parte destas imagens e recortes mostrados no livro é das décadas de 50 e 60, época que o Amaury trabalhou no jornal Última Hora de São Paulo cobrindo o futebol dos grandes clubes da capital e da Seleção Brasileira, como repórter esportivo, e ainda como colunista social. Estas fotos são na sua grande maioria inéditas, e mostram personagens importantes do futebol, da música, da política e da imprensa brasileira em momentos informais, quando o Amaury conseguia conciliar o trabalho com a amizade que teve com estes famosos deste importante período da nossa história. O livro mostra o Amaury profissional, mas também o amigo e pai em perfeita sintonia com estes famosos que fazem parte da cultura de nosso país”, explica Cid.

A obra foi escrita pelo filho de Amaury, Maury Cid Sambiase – CLIQUE PARA AMPLIAR

Cid conta que foi o próprio Amaury quem teve a ideia de escrever o livro. As fotos, correspondências e recortes de jornais foram guardados ao longo dos anos passaram a representar um acervo histórico. “Principalmente dos anos 50 e 60, uma época vitoriosa do futebol brasileiro e de muita agitação na noite de São Paulo e do Rio”, diz Cid.

Amaury com Nélia Paula, que
foi vedete do ‘Teatro de Revista’
e depois atriz de novelas e
programas de humor da Rede
Globo

Este material foi ficando, ao longo dos anos, tão interessante e rico em fatos que o livro foi se formando quase que naturalmente. “Uma pena o Amaury não ter escrito ele mesmo este livro, às vezes, reunia a família e alguns amigos para contar as histórias de sua carreira, dos bastidores do futebol e do show business, ia ilustrando as histórias com este material fantástico. Algumas destas histórias eu consegui me lembrar e outras eu até vivenciei, conseguindo colocar no livro o que eu mesmo presenciei ao lado do Amaury, mas muitas histórias se perderam, pois mesmo ele tendo feito algumas tentativas de escrever o livro nos últimos anos de sua vida, ali pelo final dos anos 90, o Amaury não conseguiu se ajustar à mudança da máquina de escrever para o computador, procurava a alavanca para mudar de linha ao lado do teclado e não achava, se incomodava com a presença do mouse, e sentia falta do papel e da caneta para anotar suas ideias. A tecnologia que trouxe tantas facilidades ao trabalho neste novo milênio, no caso do livro, fez se perder memórias valiosas”, revela.

Cid comenta também o falecimento do pai, em 2006. “Foi uma grande perda, a unidade familiar que ele tanto lutou para criar e preservar ao longo de sua vida acabou se desfazendo. Doze anos depois, em 2018, para minha surpresa, fui recebendo aos poucos as fotos, recortes de jornais e correspondências que meu pai tinha guardado em vida, um tanto enviado pelas minhas irmãs, outro tanto pela minha mãe, foi um verdadeiro presente, achei na época que este acervo tinha se perdido. Em 2018 mesmo, após alguns dissabores na minha vida, decidi iniciar a escrever o livro, fui buscando nas fotos as boas memórias que tinha do meu pai, uma forma de escapar da realidade que vivia naquele momento, e no início de 2022 consegui finalizar o livro e realizar este desejo que o Amaury teve em vida. O Sander (Uzuelle), da Editora e Gráfica São Francisco, teve colaboração importante neste projeto, patrocinou a impressão dos livros, o Sander foi um dos principais amigos e parceiro de negócios que meu pai teve nos mais de 30 anos que passou em Ribeirão, a qualidade da impressão do livro é espetacular”, acrescenta.

Ao lado do Rei Pelé; Amaury acompanhou o maior jogador de to­dos os tempos no início de carreira e sua consolidação no Santos

Engenheiro de formação, revela ainda dificuldades em escrever. “Escrevo muitos relatórios, livro mesmo este é o primeiro, mas foi muito prazeroso. Foram mais de dois anos de pesquisas para reconhecer quem eram os personagens retratados nas mais de quatrocentas fotos deste acervo do Amaury”.

“A descoberta da relevância do trabalho do Amaury em importantes jornais, emissoras de rádio e TV da capital paulista também me surpreendeu, ele não falava abertamente de seu passado glamosoro e tampouco se apoiava em trabalhos anteriores, ele sempre buscava novos rumos dentro da profissão, tanto que em Ribeirão Preto trabalhou também como professor de jornalismo e publicitário”, salienta.

No livro podem ser vistos personagens inesquecíveis em momentos bem diferentes, como grandes jogadores da história: Pelé, Mauro, Belini, Pedro Rocha e Ademir da Guia. As cantoras Maisa e Ângela Maria, os boêmios Silvio Caldas e Dorival Caymmi; os históricos radialistas Fiori Gigliotti da Rádio Bandeirantes, César de Alencar da Rádio Nacional do Rio e Airton Rodriguez da Tupi de São Paulo, os atores Hélio Souto e Nélia Paula, entre outros.

Dos famosos de Ribeirão Preto aparecem nas fotos os radialistas Pedro Giacomini, Hélton Pimenta e até o Datena ainda bem jovem, mostrando a amplitude e a diversidade do trabalho do Amaury no jornalismo e como cronista de rádios e TV.

Durante viagem do Palmeiras e bate papo com Djalma Santos

O livro pode ser adquirido através de contato por telefone/whatsapp (11-967020007) direto com o escritor, Maury Cid, ou por e-mail [email protected]. O livro custa R$ 130 e o envio será feito por correio para qualquer parte do Brasil por R$25.

Em nossa edição online (www.tribunaribeirao.com.br) conheça a biografia completa de Amaury Medeiros e uma história de como ele ajudou Ignácio de Loyola Brandão a iniciar sua carreira de jornalista.

 

Biografia

O Amaury nasceu em Araraquara em 1933, descente de italianos por parte de pai e mãe. Começou a estagiar com 16 anos em jornais de Araraquara e em 1951, com apenas 18 anos foi para Jaú trabalhar como radialista em uma emissora local e enviava notícias para o jornal A Gazeta Esportiva de São Paulo como repórter free-lancer.

Em 1953 foi chamado pela Gazeta Esportiva para trabalhar em São Paulo cobrindo os clubes da capital, logo após a sua chegada em São Paulo foi contratado para ser um dos reportes efetivos da seção de esportes do Jornal Última Hora de São Paulo onde permaneceu por mais de 16 anos.

Amaury neste período de São Paulo também atuou como colunista social, tinha um lado boêmio e aproveitou bem seu charme para frequentar e fazer boas amizades nas importantes boates da capital, escreveu músicas para cantores famosos e por vezes fazias algumas incursões como comentarista esportivo e social em emissoras de rádio e TV.

Em 1970 se mudou com a sua recém formada família para Ribeirão Preto, onde foi contratado para reformular o Jornal Diário da Manhã, o mesmo ocorreu quando foi trabalhar como Diretor de redação da Rádio Cultura, ajudou bastante a imprensa de Ribeirão neste processo de modernização das reportagens veiculadas na década 70, uma fase muito importante para o crescimento da cidade. Nos anos 80 e 90 se dedicou principalmente à sua agência de publicidade, fazendo parcerias duradouras e importantes com empresas que marcaram época em Ribeirão Preto e região, como a Humus Agrícola, a Free Ribe, a Modelar, a Gráfica São Francisco, Magazine Luiza, Casas Pernambucanas, sendo ainda o organizador da festa agrícola de Ribeirão, a FEAPAM, e de outras festas em cidades vizinhas como a Festa da Laranja em Bebedouro e a Festa do Leite em Batatais.

Mesmo com todo este portfólio de atividades o Amaury não deixou de lado seu vínculo com a imprensa, trabalhou, em paralelo, como comentarista esportivo em diversas emissoras de rádio de Ribeirão, como colunista de vários jornais e foi ainda professor de jornalismo da UNAERP.

No final dos anos 90 soube que estava com Mal de Parkinson, ainda assim continuou trabalhando, por volta de 2003 se afastou definitivamente de qualquer atividade profissional.

 

Como ajudou Ignácio de Loyola Brandão a iniciar sua carreira de jornalista

Cid conta no livro várias boas histórias de Amaury, algumas inacreditáveis como a forma que ajudou o Ignácio de Loyola Brandão a iniciar sua carreira de jornalista na Última Hora. “Esta história está no livro e foi contada pelo próprio Ignácio, ou quando utilizou sua influência na noite de São Paulo para organizar uma inesquecível reunião na boate Oasis, promovendo um concurso com as melhores bandas das boates de São Paulo, uma noite inesquecível para os boêmios daquela época”.

“Mas, vou contar uma que presenciei. Em 1974, o Santos já tinha anunciado a venda do Pelé aos Cosmos de Nova York, em todo lugar que o Rei jogava lotavam os estádios, era um ano em de despedidas do maior jogador de todos os tempos, pois dificilmente o Pelé voltaria a jogar em estádios brasileiros, ele já tinha decidido também não jogar mais pela seleção brasileira. No Campeonato Paulista daquele ano, em 18 de setembro, o Santos foi fazer uma partida contra a forte equipe do Comercial em Ribeirão Preto, era uma quarta-feira, o Amaury decidiu então também se despedir do Rei Pelé, seu amigo de tantas coberturas e viagens pelo Brasil e pelo exterior, o Amaury cobria o Santos quando o Pelé chegou na Vila em 1955, sabia que dificilmente iria poder ver o Pelé no futuro, o Rei alçava a partir daquele ano voos internacionais. Acontece que o Amaury decidiu me levar com ele, eu tinha somente 9 anos de idade, não tinha a dimensão do que representava o Pelé para o mundo, sabia quem era, pois o meu pai já havia conversado sobre o grande Pelé em casa com os filhos, mas uma criança parece não ter a exata dimensão de algumas coisas, vive em um mundo muito próprio, mas lembro de algumas passagens deste momento que com o tempo passou a ser único. Quando chegamos ao Hotel Umuarama, onde o Santos estava hospedado em Ribeirão, o saguão estava lotado de jornalistas e torcedores, todos obviamente querendo ver e falar com o Pelé, meu pai fez uma primeira tentativa de contato com o Pelé indo até a recepção do Hotel, mas teve a informação que o Pelé não queria ser incomodado. Ele não desistiu, queria rever o amigo Pelé que não via desde que saiu de São Paulo em 1969 e dar a oportunidade de seu filho Cid conhecer o Rei do futebol. Encontrou no saguão alguns conhecidos da comissão técnica do Santos e conseguiu descobrir qual o quarto que o Pelé estava hospedado, lembro que subimos pela escada para não sermos parados por seguranças, ao chegar em frente ao quarto 105 o meu pai bateu na porta várias vezes e parecia que não haveria resposta, quando depois de uma certa insistência a voz aborrecida do Pelé lá de dentro do quarto perguntou em tom áspero: _“Quem é?”. Meu pai disse: -“É o Amaury, Pelé”. Um momento de silêncio e nada de abrir a porta, meu pai insistiu, “Pelé, Pelé, é o Amaury, da Última Hora”, ai o Pelé respondeu, “Quem?”, em um momento de lucidez meu pai respondeu, “O Chulé, pô, não se lembra?”. Como em um passe de mágica a porta se abriu, lá estava o Édson, com um sorriso no rosto, por rever um amigo das antigas, deu um grande abraço no meu pai e disse, “por que não falou antes?”, e assim tive a oportunidade de conhecer o Édson Arantes do Nascimento, um sujeito calmo e gentil, de conversa fácil, fiquei escutando os mais velhos conversarem sobre não sei o quê, às vezes o Pelé tentava puxar conversa comigo, falou sobre estudo, perguntou se eu era bom aluno e que ele também estava estudando, mas eu ficava só escutando. No final da conversa o Pelé escreveu atrás de um cartão do hotel uma dedicatória e me aconselhou a continuar estudando, logo depois o Pelé nos convidou para descermos junto com ele até o saguão do hotel, que momento fantástico, no saguão vi abraçado pelo Rei e com meu pai ao lado o que é ser uma celebridade e a importância de uma boa amizade”.

 

Uma história sobre Amaury Medeiros

Por Luiz Carlos Briza

Tudo que aconteceu na minha carreira a partir de 1971 devo a Amaury Medeiros. Foi ele quem me trouxe para Ribeirão Preto em março daquele ano. Amaury era gerente da Rádio Cultura e me contratou como redator e locutor.

Além de abrir as portas e dar o pontapé inicial para minha trajetória em Ribeirão Preto, foi meu colega nas transmissões esportivas durante anos em várias emissoras.

Sempre deu dicas e ensinou os colegas, mas esse seu jeito professoral lhe gerou atritos com os invejosos ou com os “xícaras cheias” (pessoas que acham que já sabem tudo).

Quem teve humildade e absorveu o aprendizado, evoluiu. Quem recusou, patinou e estacionou. Eu aprendi muito.

Inclusive foi Amaury quem sugeriu para eu criar “Carimbado e assinado”, nas minhas narrações, na hora de identificar o autor do gol. O que mostra que ele estava muito à frente porque décadas depois a Rede Globo passou a colocar na tela um carimbo com a assinatura do autor do gol, na Copa do Mundo.

A amizade de Amaury Medeiros com os grandes astros do futebol proporcionou à Rádio Renascença (hoje CMN) um dos maiores furos jornalísticos da história.

Em 1977 o Botafogo contratou o técnico Aymoré Moreira que cinco anos antes havia sido campeão na Copa do Mundo do Chile antes de assumir o cargo ele foi observar o time em Campinas, no jogo contra a Ponte Preta, numa noite de quarta-feira. Antes de se sentar no meio da torcida à esquerda das cabines de rádio no Estádio Moisés Lucarelli, junto com diretores do Botafogo, Aymoré de passagem pela cabine conversou com Amaury e ambos celebraram este reencontro com grande festa.

A equipe da Renascença era Luiz Carlos Briza (narrador), Amaury Medeiros (analista) e Celso Franco (repórter). Aproveitei e pedi ao Amaury para usar o seu prestígio e solicitar de Aymoré Moreira autorização para o repórter Celso Franco se sentar ao lado dele com o microfone para captar suas observações.

Durante todo o jogo Aymoré Moreira explicava em nossa transmissão suas análises. Os outros repórteres (Márcio Moraes, Luiz Eduardo, Márcio Bernardes e Glauco Dexter) estranharam o sumiço de Celso Franco do gramado. E diante dos rumores da presença do novo técnico no estádio, tentaram sem sucesso descobri-lo. Luiz Eduardo chegou a subir no alambrado, em vão.

Eram cinco emissoras de Ribeirão Preto que transmitiam futebol: PRA-7 (Clube), 79 (Rádio Ribeirão Preto), Renascença, Cultura e Colorado. Só a Renascença, grças ao prestígio de Amaury Medeiros, ouviu Aymoré Moreira. As outras só conseguiram entrevistá-lo dias depois, quando ele chegou a Ribeirão Preto.

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