Maria Fumaça será restaurada em Campinas, em trabalho que vai custar R$ 800 mil e durar cerca de 12 meses
A locomotiva alemã Borsig foi retirada da praça Francisco Schimdt, na avenida Jerônimo Gonçalves, na região da Baixada, na divisa do Centro Velho com a Vila Tibério, Zona Oeste, na manhã de sábado, 18 de julho, para ser restaurada. Todo o trabalho foi acompanhado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac), que aprovou o tombamento provisório da maria-fumaça.
Os trabalhos de restauração da locomotiva – batizada de “Amália” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município, o nome está gravado nas laterais do equipamento – foi feito com guinchos e caminhões munck. O trânsito ficou complicado na rua Martinico Prado, na Vila Tibério. A prefeitura de Ribeirão Preto abriu licitação, em maio, no valor de R$ 808,33 mil, mas o serviço será feito por uma empresa de Campinas por cerca de R$ 805 mil
Os recursos para o restauro da locomotiva são oriundos do empréstimo feito pelo município por meio do Programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) da Caixa Econômica Federal. A recuperação da maria-fumaça obedece a várias etapas que incluem desde a retirada da locomotiva do local para ser restaurada em ambiente apropriado até seu retorno à praça Francisco Schimdt.
Todos os componentes da locomotiva serão restaurados. Caso isso não seja possível, serão substituídos. O trabalho também será acompanhado por um profissional especializado em patrimônio cultural e ferroviário. O prazo máximo para a conclusão do serviço de restauração é de doze meses. A locomotiva Phantom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia a Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.
O modelo é uma das três remanescentes do fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna. Abandonada, a ribeirão-pretana serviu durante muito tempo como dormitório de pessoas em situação de rua e também de abrigo para usuários de drogas – a praça chegou a ser uma das “cracolândias” da cidade.
Por causa da presença da Guarda Civil Metropolitana (GCM), o equipamento não estava sendo usado para essas finalidades. Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) o seu tombamento e duas entidades querem usar as duas locomotivas para projetos de “trem turístico”.
Já a Associação dos Moradores da Vila Tibério e Adjacências (Amovita) protocolou no Conppac o pedido de tombamento da “Amália” para que a máquina seja mantida na praça Francisco Schmidt. Alega que a locomotiva e os quatro metros de trilho que a sustentam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto no bairro, que funcionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (plataforma) de embarque e desembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.