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Alvará dos bombeiros – MPE vai vistoriar escolas estaduais

FOTOS: ALFREDO RISK

O Ministério Público Es­tadual (MPE) está definindo quais medidas serão tomadas em relação às escolas estaduais de Ribeirão Preto e de outras 21 cidades da região subordinadas à atuação do Grupo de Atuação Especial em Educação (Geduc). O objetivo é garantir a segu­rança dos estudantes da rede estadual de ensino por causa de problemas estruturais e da falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCBs) na maioria das unidades.

O documento é emitido pela corporação após a verifi­cação das condições de segu­rança contra incêndios e aci­dentes em prédios públicos e particulares e tem validade de dois a cinco anos. A Promo­toria da Educação afirma que tem cobrado das Diretorias Regionais de Ensino (DREs) de Ribeirão Preto e Sertãozinho explicações sobre o assunto antes de tomar medidas mais drásticas como, por exemplo, a instauração de ação civil públi­ca contra o Estado.

Nesta quinta-feira, 1º de agosto, estava agendada uma reunião entre representantes do MPE e da Secretaria Es­tadual da Educação, em são Paulo, mas o encontro foi sus­penso e deverá ser reagendado. “Queremos verificar o que está sendo feito para garantir a se­gurança dos estudantes”, afirma o promotor Naul Felca.

Entre as medidas que po­derão ser adotadas pelo MPE estão a realização de vistoria em todas as escolas estaduais destas cidades em parceria com o Con­selho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) regional. O Geduc quer saber também se os Autos de Vistoria do Corpo de Bombeiros estão sendo regulari­zados. Levantamento recente re­vela que, em Ribeirão Preto, das 83 escolas estaduais – regulares e não regulares, como a Educação para Jovens e Adultos (EJA) e a Fundação Casa –, apenas uma estava com o AVCB em dia.

A cidade tem mais de 55 mil estudantes matriculados na rede estadual, que atende aos ensinos fundamental e médio. Já em todo o Estado, 4.766 ou 91,7% das escolas não têm o auto de vistoria. Isso significa que das 5.197 instituições de ensino – das quais 5.090 são de ensino re­gular –, apenas 431 estão em dia com a documentação que atesta condições de segurança dos prédios, ou 8,3%.

Na área de abrangência da Diretoria Regional de Ensi­no de Ribeirão Preto são 102 escolas regulares do Estado e 63,6 mil alunos matriculados, segundo a assessoria de im­prensa da secretaria. A DRE é composta por 14 municípios: Altinópolis, Batatais, Bro­dowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Luis Antônio, Ribeirão Preto, San­ta Cruz da Esperança, Santa Rosa de Viterbo, Santo An­tônio da Alegria, São Simão, Serra Azul e Serrana.

Na cidade de Ribeirão Pre­to, segundo a assessoria de im­prensa da Secretaria de estado da Educação, são 74 unidades regulares e 44,9 mil estudantes. Na DRE de Jaboticabal são 28 escolas e 13,9 mil estudantes, e a de Sertãozinho tem 29 uni­dades e 17 mil alunos. Estes são estudantes matriculados em cursos regulares. No total, contando os não regulares, a região tem mais de 102 mil alunos em 170 unidades.

Por meio de nota de sua as­sessoria, a Secretaria de Estado da Educação informa que “todas as novas escolas estaduais são construídas de acordo com le­gislação e normas de segurança vigentes, com grandes áreas de circulação, rotas de fuga, e, prin­cipalmente, utilização de mate­riais de baixa combustão. Além disso, as reformas realizadas nas escolas para ampliação e acessi­bilidade já são planejadas com o objetivo de execução do AVCB. É importante ressaltar que as unidades de ensino contam com extintores e outros equipamen­tos de segurança e prevenção.”

Escolas municipais
Nesta semana, o promotor Naul Felca afirmou ao Tribuna que vai se reunir com a prefei­tura de Ribeirão Preto para co­brar fiscalização anual nas 109 escolas municipais – serão visto­riadas as condições estruturais e de manutenção. A decisão da promotoria de formalizar as vis­torias faz parte das medidas que a Promotoria impetrou contra o município após laudo do Con­selho Regional de Engenharia e Arquitetura de Ribeirão Preto (Crea) revelar que maioria apre­sentava problemas. A reunião ainda não tem data definida.

Realizado no começo do ano por determinação do Mi­nistério Público o levantamento vistoriou as unidades escolares e constatou problemas de falta de manutenção, fa¬lhas na rede de energia elétrica e na parte hi­dráulica, extintores com prazo de validade vencido e sistema de tubulação de gás.

Das 109 unidades cinco apresentavam problemas gra­víssimos e outras vinte proble­mas consideradas pelos técnicos como situação grave. Na época, a Promotoria da Educação tam­bém identificou que 98 das 109 escolas municipais (quase 90% do total) não possuíam o Auto de Vistoria do Corpo de Bom­beiros (AVCB).

As duas escolas onde fo­ram encontrados problemas mais graves foram o Centro de Atendimento Integral a Crian­ça (Caic) Antonio Palocci, no bairro José Sampaio e o Centro Municipal de Educação Infan­til (Cemei) Professor Eduardo Romualdo de Souza, na Vila Virgínia, na Zona Oeste. O Caic chegou a ser interditado duran­te quarenta dias pela Justiça por oferecer risco para a segurança dos cerca de oitocentos alunos. Já o Cemei foi palco da morte do estudante Lucas da Costa Souza, de 13 anos, em 30 de novembro do ano passado.

A prefeitura informou em nota que já está realizando as reformas das escolas onde fo­ram detectados problemas mais graves e que estabeleceu junto com o MPE um cronograma para intervenções em toda rede municipal. Serão investidos, se­gundo o governo, cerca de R$ 11 milhões. A rede municipal tem cerca de 47 mil alunos.

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