Estudantes do ensino médio integrado ao técnico em edificações da Escola Técnica Estadual (Etec) José Martimiano da Silva, o popular Colégio Industrial de Ribeirão Preto, estão desenvolvendo um projeto inovador para demonstrar os efeitos da urbanização na recarga do Aquífero Guarani.
A Maquete Viva do Aquífero Guarani consiste na construção de dois grandes terrários que simulam diferentes tipos de pavimentação e seu impacto na infiltração da água da chuva no solo. É conduzida na disciplina de planejamento técnico da construção civil.
A iniciativa permitirá aos estudantes acompanhar, ao longo de três anos, como a impermeabilização afeta a absorção da água e, consequentemente, a recarga do aquífero. Além da observação prática, os alunos utilizarão amostras da rocha porosa que compõe a formação geológica para demonstrar como a água se infiltra no subsolo.
A proposta integra conceitos de hidráulica, planejamento urbano, efeito estufa e mudanças climáticas, incentivando a interdisciplinaridade. Alunos do curso de automação industrial também participam da iniciativa, com a possibilidade de desenvolver experimentos futuros, como a simulação de precipitação artificial dentro do terrário.
Além de estimular o aprendizado prático e visual, a Maquete Viva reforça a conscientização ambiental ao evidenciar os desafios da impermeabilização urbana em Ribeirão Preto, cidade que enfrenta problemas recorrentes de alagamento e depende diretamente do Aquífero Guarani para seu abastecimento.
A iniciativa também está alinhada às reflexões propostas pelo Dia Mundial da Água, celebrado neste sábado, 22 de março. “Nosso objetivo é plantar uma semente de consciência nos alunos, para que levem esse aprendizado para a vida”, diz Denise Cristina Rosário Vieira, professora responsável pelo projeto.
“A conscientização não pode ser imposta, precisa ser despertada. Nosso papel é provocar curiosidade e reflexão para que os jovens percebam seu impacto no mundo”, reforça. O projeto se estenderá ao longo dos próximos meses, integrando novas turmas e ampliando a discussão sobre a importância da gestão sustentável dos recursos hídricos.
Segundo o Estudo de Resiliência, projeto inédito para assegurar a preservação e o uso sustentável do Aquífero Guarani, realizado entre a Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp) e a empresa Tritium Geologia e Meio Ambiente Ltda., a água consumida na cidade tem aproximadamente três mil anos.
Isso demonstra a qualidade da água e ao mesmo tempo a preocupação com o tempo de recarga do aqüífero. Foram implantados transdutores em 30 dos 120 poços que abastecem Ribeirão Preto. Os equipamentos vão fornecer mais de um milhão de dados sobre a água do Aquífero Guarani.
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o aqüífero – todo o abastecimento da população de 728.400 habitantes é feito via 120 poços artesianos da Secretaria de Água e Esgoto (Saerp) –, o nível caiu 120 metros em 71 anos. Para minimizar essa situação, a prefeitura pretende captar água do Rio Pardo. Seria uma fonte alternativa ao manancial subterrâneo.
O Consórcio Geasa – Nippon Koei lac, composto pelas empresas Geasa Engenharia, Nippon Koei Lac do Brasil e Techne Engenheiros Consultores, venceu a licitação aberta pela prefeitura de Ribeirão Preto para captação de água do Rio Pardo pela Secretaria Municipal de Água e Esgoto.
Receberá R$ 2.599.756,55. O projeto do Pardo prevê a captação, tratamento e distribuição da água complementação do abastecimento para toda a cidade. Está dividido em etapas, sendo que a primeira, referente ao estudo, tem previsão de conclusão de nove meses após a contratação da empresa.
A secretaria já tem a outorga liberada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que autoriza a utilização de três metros cúbicos por segundo da água do rio. Atualmente, o abastecimento de água em Ribeirão Preto é totalmente feito a partir do Aquífero Guarani, mas estudos geológicos apontam queda nos níveis do manancial.
Em 2013, no segundo mandato da ex-prefeita Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto elaborado pela prefeitura, o extinto Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.