Tribuna Ribeirão
Economia

Alta dos alimentos na mira do Procon

GETTY IMAGES

A Fundação Procon-SP, em conjunto com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abas­tecimento, iniciará, na próxima semana, uma operação especial de monitoramento e combate à precificação excessiva e injustifi­cada de produtos da cesta básica, especialmente do arroz.

O governador João Doria (PSDB) fez o anúncio nesta sex­ta-feira, 11 de setembro, e desta­cou que abusos e especulações não serão tolerados. Ele deixou claro que a medida não tem re­lação com tabelamento, mas visa unicamente garantir os direitos dos consumidores.

Segundo a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Am­plo (IPCA) do Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do arroz subiu 3,08% em agosto e acumula alta de 19,25% no ano.

Segundo dados da Associa­ção Paulista de Supermercados (Apas), o feijão e o arroz estão respectivamente com inflação acumulada em 23,1% e 21,1% em 2020. O arroz, feijão, leite e óleo de soja, por exemplo, es­tão com aumento acumulado médio em 18,85% no ano, nú­mero quase quatro vezes maior que o índice geral de preços dos alimentos (5%).

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Econo­mia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o preço do arroz variou mais de 107% nos últimos doze meses, com o valor da saca de 50 quilos próximo de R$ 100.

Os motivos para a alta são uma combinação da valori­zação do dólar frente ao real, o aumento da exportação e a queda na safra. Em alguns su­permercados, o produto, que custava cerca de R$ 15, no pa­cote de cinco quilos, está sendo vendido por até R$ 40.

“O Procon de São Paulo irá fiscalizar o abuso nos preços do arroz e de outros produtos da cesta básica. Quero esclarecer que não vamos fazer controle ou tabelamento de preços. So­mos um governo liberal e res­peitamos a variação de preços em função das regras de mer­cado”, diz o tucano.

“Os empresários têm di­reito de determinar os preços dos produtos, desde que se­jam respeitadas as normas do Código do Consumidor. Aqui em São Paulo, estaremos aten­tos a eventuais abusos e espe­culações. Regras de mercado não aceitam abusos e especu­ladores”, destaca.

As ações de fiscalização do Procon-SP começam nesta se­gunda-feira (14) e ocorrerão em todo Estado. Aproximadamente 100 fiscais serão envolvidos na força-tarefa para conter os pre­ços abusivos dos alimentos, es­pecialmente do arroz.

Os agentes de fiscalização contarão com apoio de funcio­nários da Secretaria de Agricul­tura. Na prática, o grupo obser­vará custos, oferta, demanda e preços praticados na produção do campo e o valor praticado pelo varejo, de forma que abu­sos possam ser identificados. O Procon-SP atuará para coibir os excessos que sejam eventu­almente flagrados.

“Inicialmente não haverá multa para os estabelecimen­tos. Vai ser feita a constatação de quanto o empresário pagou e por quanto está vendendo o produto. Em seguida, vamos comparar com os valores que ele praticava no primeiro semestre”, diz secretário de Defesa do Con­sumidor, Fernando Capez.

“A multa será aplicada, em último caso, quando o aumen­to da margem de lucro for in­justificado e desproporcional. Estamos em contato com o setor e compreendemos que se trata de uma questão macroe­conômica, mas a livre iniciativa deve ser compatibilizada com o Código de Defesa do Consu­midor” pontua Capez.

O secretário de Defesa do Consumidor informa que, ape­nas neste ano, foram registradas mais de 440 mil queixas sobre práticas abusivas de preços de alimentos. Foram fiscalizados 3.660 estabelecimentos e aplica­das 253 penalizações.

Cesta básica
Nos últimos meses, foram observadas elevações nos pre­ços de alimentos, como arroz, feijão, carne, óleo de soja, leite longa vida e seus derivados. O secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Jun­queira, destaca que, em parte, o cenário é justificado pelos au­mentos de custo de produção e da demanda.

Nesta semana, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) ze­rou a alíquota de importação de uma cota de 400 mil toneladas de arroz até o fim do ano, Se­gundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a medida deve contribuir para a provável perda de sustentação dos preços do produto.

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