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Alsácia

Estou na França ou na Alemanha? Esta é a dúvida que enfrenta quem pela primeira vez visita a Alsácia, este pedaço de terra entre as margens do Reno e o Maciço de Vosges, lindeira à nação germânica e a Suíça, território há séculos disputado pelas duas nações. Desde a época do Reino dos Francos, que se tornaria a França de hoje, havia disputa com a tribo germânica dos Alamanos (Alemanha, Alemaña, Allemagne e seus substantivos e adjetivos provêm de Alamanos) e a Alsácia trocou de mão várias vezes.

Parte do Sacro Império Romano Germânico, foi entregue à França em 1648, mas retornou à Alemanha depois da Guerra Franco-Prus­siana de 1870. No final da I Guerra Mundial, em 1918, retornou à França, mas com a ascensão do nazismo voltou à tutela germânica, até que, em 1945, retornou à soberania francesa, “– por enquanto”, brin­cam os seus moradores. Falam-se francês e alemão na região, além de um dialeto local, ensinado nas escolas, mas a arquitetura, o nome das cidades, a culinária indicam a forte origem germânica da região, sem perder entretanto a finesse e o charme franceses.

Com pouco mais de 120 km de extensão, a rota turística da Alsácia merece ser conhecida de carro, pois suas pequenas cidades se sucedem, com seus encantos, sua arquitetura, seus vinhedos. Da última vez que ali estivemos, começamos nosso roteiro por Colmar,­cheia de canais e pontes formando o bairro de La PetiteVenice.

Hospedamo-nos no Romantik Hotel (os Romantik Hotels são uma cadeia de hotéis independentes, localizados em edifícios histó­ricos, com a família hoteleira morando nas instalações e oferecendo a culinária e os vinhos de cada cidade), localizado num conjunto de casas erguidas em 1565 em estilo enxaimel, ou seja, estrutura de madeira aparente preenchidas com tijolos, que dão uma aparência única às construções. Por dentro, oferecem os confortos do século XXI, além de uma decoração fina, restaurantes e bares sofisticados.A cidade em si é linda, com casas medievais, ruas calcetadas e sua catedral erguida no século XIII.

De Colmar, iniciamos nossa peregrinação pela Rota do Vinho, um caminho que vai passando por belíssimas vilas, onde se produ­zem os tradicionais vinhos brancos da região. A maior parte dos vinhedos cultiva as uvas Riesling e Gewurstraminer, mas há espaço para as Pinot Gris (Pinot Grigio dos italianos), Pinot Blanc e até mesmo pequenas porções de Pinot Noir, um dos poucos vinhos tintos ali produzidos. A qualidade destes vinhos é notável e visitar pequenas vinícolas, conversar com os produtores e degustar seus vinhos é experiência inesquecível.

Todas as pequenas cidades são muito interessantes de se ver, porém duas delas me chamaram muito a atenção: Kaysersberg, e Riquewihr. A primeira foi eleita em 2019 a vila mais charmosa da França. É pequena, cheia de casas antigas e sua praça acolhe o visitante com suas flores.
Riquewihr para mim é a joia da coroa. Também pequena e toda cercada por muralhas do século XIII, por onde se pode passear, vale pelo conjunto, pelas flores e sobretudo pelas vinícolas que ali tem suas sedes,onde se podem fazer degusta­ções, além de badalados restaurantes.

A Rota do Vinho termina em Estrasburgo, capital da região e sede do Parlamento Europeu, uma cidade cosmopolita, moderna, dinâmica sem perder o charme de seu centro histórico, Patrimônio da Humanidade, com suas casinhas estilo enxaimel. Sua catedral de Nossa Senhora de Estrasburgo, com mais de 1.000 anos, conta com um relógio astronômico, com seus mostradores e seus autômatos, a atração mais visitada da cidade. Perder-se neste centro histórico, ca­minhando sem rumo e destino, mas penetrando o coração da cidade é chave de ouro para terminar a visita da região.

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