Tribuna Ribeirão
Cultura

Almir Sater traz novo show a RP

FOTO: NAMOUR ART PHOTPGRAPHY DIVULGAÇÃO

Almir Sater já é freguês do Theatro Pedro II – fez um sem-número de apresentações no local. Neste sábado, 31 de agosto, ele vai voltar ao palco do maior patrimônio cultural de Ribeirão Preto com nova turnê e muitos sucessos. Estará acom­panhado por sua viola de dez cordas, mais conhecida como viola caipira, para mostrar ao público alguns clássicos de sua carreira. O músico possui um carisma inexplicável e sua per­sonalidade simples faz com que seja ovacionado pela plateia, seja interagindo com o público, contando “causos”, ou cantando grandes canções.

Tanto que nesta sexta-feira (30) já não havia mais ingressos para três setores do teatro. Isso tudo sem deixar de lado a técni­ca ímpar e o magistral toque de viola, indispensáveis nas suas apresentações. Ele vai apresen­tar sucessos como “Tocando em frente”, “Um violeiro toca”, “Rei do Gado”, “Peão”, “Boia­da”, “A saudade é uma estrada longa”, “Comitiva Esperança”, “Chalana”, “Trem do Pantanal”, “No rastro da lua cheia”, “Cabe­cinha no ombro”, “Mochileira”, “Vida bela vida” e “O vento e o tempo”, entre outros, além dos projetos mais atuais, como o “AR” (Grammy Latino 2016) e “+AR” (2018) em parceria com Renato Teixeira. Também estão no programa “D de Destino”, “Bicho feio”, “Assim os dias pas­sarão” e “Venha me ver”.

Com mais de 30 anos de carreira sólida e dez discos solo gravados – fora as coletâneas e os dois álbuns gravados com o parceiro Renato Teixeira (“AR” e “+AR”) –, Almir Sater tor­nou-se um dos responsáveis pela preservação da viola de 10 cordas. Reinventada, o músico acrescentou um toque mais so­fisticado ao instrumento, tem­perado com estilos estrangeiros como o blues, o rock e o folk, uma mistura de música folcló­rica, erudita e popular, conside­rada atemporal.

Suas composições refletem o popular e o erudito de ma­neira ímpar, como jamais se ouviu na MPB. O interesse pela viola surgiu quando foi estudar Direito na Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, ao passar pelo Largo do Machado, reduto nordestino da cidade, onde ouviu duplas regionalistas que se apresentavam no local.

Na solidão da cidade gran­de, descobriu no instrumento sua grande amiga e companhei­ra, foi quando percebeu que não seria mais advogado, então retornou para Campo Grande, e dedicou-se completamente ao estudo do novo instrumento. O contato com a gente da terra favoreceu a pesquisa de novos ritmos, novos sons, a compor melodias que retratam a alma caipira de forma poética e as manifestações folclóricas in­cutidas na cultura pantaneira, música raiz, das paisagens bu­cólicas e vida cotidiana.

Em 1981 gravou seu pri­meiro disco, “Estradeiro”, e não parou mais, sendo um dos ar­tistas mais respeitados em seu meio. Em 1988, o músico par­ticipou do Free Jazz Festival ao lado de nomes sagrados da mú­sica mundial. No ano seguinte, abriu o evento no Rio de Janei­ro. Daí para Nashville (Estados Unidos), a Meca da música country mundial, foi um passo. A liberdade de ação junto aos músicos americanos foi rapida­mente absorvida, o que resul­tou no LP “Rasta Bonito”.

Em 2006 lançou o CD “7 Si­nais”, que traz um repertório eclético e inovador e conta com participações especiais dos sanfoneiros Domingui­nhos e Luiz Carlos Borges. Nos anos 1990 ganhou três prêmios Sharp com as canções “Moura” (como melhor música instru­mental e solista) e como co­autor de “Tocando em frente”, (considerada um “hino” moti­vacional da música brasileira) como melhor canção na voz de Maria Bethânia, em parceria com Renato Teixeira.

Na mesma década es­treou como ator na telenove­la “Pantanal” (de Benedito Ruy Barbosa) pela Rede Manche­te, em 1990. Em 1991 protago­nizou, ao lado de Ingra Libera­to a novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, de Marcos Caruso, pela mesma emisso­ra. Paralelamente na mesma época, Almir Sater estabeleceu ricas parcerias com Renato Teixeira e Paulo Simões, que criou verdadeiras pérolas do cancioneiro regional-popular. Com Sérgio Reis o artista fez parcerias somente em novelas.

Os personagens vividos pelo ator possuíam essas carac­terísticas similares como em O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, pela Rede Globo, entre 1996 e 1997, onde seu persona­gem fazia dupla com o persona­gem de Sérgio Reis, “Pirilampo & Saracura”, tendo gravado, inclusive, músicas na trilha so­nora da novela. Sua última apa­rição como ator foi em 2006 na telenovela “Bicho do Mato”, de Bosco Brasil e Cristianne Frid­man (remake da telenovela ho­mônima, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro exibida pela Rede Globo em 1972), pela Rede Record, em que interpre­tava o personagem Mariano.

Em 2012 foi apontado pela Revista Rolling Stone Bra­sil entre os 30 maiores instru­mentistas da guitarra e violão da música brasileira. Em de­zembro de 2015, Almir Sater e Renato Teixeira lançaram o álbum “AR” nas plataformas digitais, com dez músicas iné­ditas compostas pela dupla, em que navegam pelas vertentes do country ao folk, sem perder sua essência, agregando ao purismo da música caipira e seus ritmos genuínos.

Por este álbum, ganharam em 2016 os prêmios de melhor dupla regional na 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira e de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raizes Brasi­leiras no 17º Grammy Latino. Felizes com o reconhecimento do trabalho, Almir e Renato logo emendaram outro projeto, “+AR”, lançado em março do ano passado.

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