As escolas da rede municipal do município de São Paulo já contam com 41% de alimentos orgânicos nas refeições oferecidas aos alunos: são mensalmente compradas 287 toneladas de arroz e legumes, 34.104 unidades de banana e 7,5 litros de suco de uva – todos cultivados de forma orgânica.
O cardápio orgânico conta desde 2017 com banana nanica e prata; arroz orgânico longo fino desde 2013; suco de uva integral a partir de 2018; e hortaliças como alface, escarola, couve, repolho, salsa e cebolinha desde o ano passado. Segundo a prefeitura, todos os alimentos são adquiridos de produtores no município de São Paulo.
A administração municipal prevê aumentar a gama de produtos em 2019. Estão em andamento as compras de doce de banana orgânico, suco de laranja, iogurte com polpa de frutas, farinha de mandioca e molho de tomate. Atualmente, por força de uma lei federal, 30% dos alimentos consumidos nos estabelecimentos de ensino devem ser provenientes de agricultura familiar e orgânica.
Parte dos recursos para a compra dos alimentos são repassados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em 2018, foram repassados a prefeitura de São Paulo R$ 95 milhões pelo governo federal: 41% desses recursos (R$ 39,5 milhões) foram usados na compra de alimentos orgânicos e provenientes da agricultura familiar.
Ligue os Pontos
Desde janeiro de 2019, a prefeitura está cadastrando unidades de produção na zona rural sul do município, nos distritos de Grajaú, Parelheiros e Marsilac. A intenção é identificar e conhecer melhor os agricultores da região.
O estudo é financiado com recursos do Ligue os Pontos, projeto municipal que pretende qualificar os agricultores familiares da zona Sul, fortalecer a rede de distribuição de alimentos orgânicos, e prevenir que áreas cultiváveis da zona Sul não sejam tomadas pela urbanização e coloquem em risco a segurança hídrica da cidade.
O projeto foi o vencedor do concurso “Mayors Challenge2016” – Desafio dos Prefeitos, promovido pela Bloomberg Philantropies para a América Latina e Caribe. Dentre outras funções, os técnicos contratados pelo projeto realizam visitas de assistência técnica às propriedades rurais, executam treinamentos de capacitação, orientam a aplicação das leis e elaboram projetos técnicos para investimento em propriedades agrícolas.
Integrante de uma família tradicional de produtores rurais, um dos participantes do projeto, o agricultor Emerson Xavier de Souza, decidiu se aventurar no mundo orgânico. A situação, no entanto, era bem diferente em maio de 2018, data da primeira visita dos agrônomos do projeto ao seu sítio, situado no distrito de Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
Emerson não estava produzindo verduras e legumes, apenas plantas ornamentais, aquelas destinadas a fins decorativos. Hoje, além de vender orgânicos localmente, como milho, abóbora, limão-cravo e maxixe, ele fornece alimentos para merenda escolar, principalmente alface, repolho, salsa, cebolinha e couve.
“Passei a cuidar mais da terra, usar adubo verde no solo e preservar as minhas nascentes. Mas precisamos de mais investimentos, porque sem agricultor, a população não come no dia seguinte”, destaca o agricultor.