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Alexandre de Gusmão

O meu querido amigo e colega de turma na Faculdade de Di­reito do Largo de São Francisco, Embaixador Synésio Sampaio Góes Filho, acaba de lançar excelente livro com o título “Alexandre de Gusmão (1695-1753 ) o estadista que desenhou o mapa do Brasil”.

Synésio tem uma longa lista de bons serviços prestados à diplomacia brasileira. Em nosso país, foi Chefe de Cerimonial do Presidente João Baptista Figueiredo e Chefe de Gabinete dos Ministros das Relações Exteriores Fernando Henrique Cardoso e Celso Lafer, também de nossa turma. Foi professor de História Diplomática do Instituto Rio Branco, Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão e, depois de vitoriosa carreira em Paris, Lima, Londres e Milão, foi nomeado nosso embaixador em Bo­gotá, Lisboa e Bruxelas.

Sempre escreveu em revistas especializadas em política exter­na. Seu livro “Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas”, derivado de sua tese de doutorado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco tornou-se um clássico de nossa história diplomática. Publicou ainda “As Fronteiras do Brasil” e “A Bela Viagem”. Em 2017, foi eleito para a Academia Paulista de Letras. Hoje, apo­sentado, divide seu tempo entre São Paulo e sua fazenda, em Itu, onde recebe com fidalguia seus inúmeros amigos.

Alexandre de Lourenço é paulista de Santos. Logo cedo foi enviado para os cuidados de famoso educador da Bahia, o Pe. Alexandre de Gusmão, que não só lhe deu ensino, mas também o sobrenome. Aos 13 anos, em companhia do irmão, o Pe. Bartolo­meu de Gusmão, inventor do aeróstato, foi para Coimbra, onde cursou Cânones. Aos 19 anos, foi trabalhar na Embaixada Por­tuguesa de Paris, onde por cinco anos foi secretário do embaixa­dor, vivenciando ali as grandes ideias iluministas da época.

Retornando a Lisboa, já consagrado intelectual, foi designado como secretário da embaixada em Roma, onde por sete anos se embrenhou nos meandros da política religiosa do Vaticano. Com 35 anos foi feito Secretário Particular de D. João V, o mais abso­lutista dos reis portugueses e o homem mais rico de seu tempo. Sua riqueza vinha do ouro e do açúcar brasileiros.

Desde o início da colonização brasileira, o grande objetivo de Portugal foi a descoberta de minas de ouro, prata e pedras pre­ciosas. Seu vizinho, a Espanha, havia chegado à fabulosa região de Potosi, na atual Bolívia, onde a prata abundante engordava os seus cofres. Esta busca norteou os bandeirantes paulistas, que, intrepidamente, foram dilatando as fronteiras do Tratado de Tordesilhas, chegando às minas gerais e depois às minas de Cuiabá, 800 quilômetros a oeste do limite de Tordesilhas e às do Guaporé, mais longe ainda.

Como a cartografia era precária, Portugal defende que sua fron­teira natural ao sul seria o rio da Prata, o que motiva a criação da colônia de Sacramento, na margem oriental daquele rio, em frente de Buenos Aires. Os espanhóis mostram-se mais interessados nos domí­nios do sul do que nos amplos sertões do centro oeste brasileiro.

Há uma grande incerteza nos limites e cabe a Alexandre de Gus­mão, o especialista do Brasil na corte portuguesa, dar solução para o problema. Vendo que a colônia de Sacramento tinha manutenção inviável, reconhece a soberania espanhola sobre ela e, em contra­partida recebe o reconhecimento da soberania portuguesa sobre o território conquistado pelos bandeirantes. E mais, consegue para a colônia portuguesa a região dos Sete Povos das Missões que compõe a área do atual Estado do Rio Grande do Sul, tudo definido pelo Tratado de Madri de 13 de janeiro de 1750.

A parte central do livro debruça-se nas negociações do tra­tado, suas dificuldades e a maestria como Alexandre de Gusmão desenhou o mapa atual de nossa nação. Vale a leitura, pois o livro, além de esmiuçar o tema, é muito agradável de se ler.

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